DEU EM O GLOBO
Lula a Sarney: "O apoio do PT eu garanto"
BRASÍLIA. Na conversa de quase duas horas, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente Lula trocaram compromissos: Sarney disse que sua disposição é a de enfrentar a crise e não de renunciar ao cargo, mas precisaria, para isso, do apoio do PMDB e do PT; Lula, por sua vez, assegurou a Sarney que terá seu apoio incondicional e que garantiria também o apoio do PT.
Na noite anterior, Lula tentara enquadrar os senadores petistas, argumentando que a permanência de Sarney no cargo era fundamental para a governabilidade de seu mandato e para o projeto do PT de eleger a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República em 2010. A expectativa agora é que, na próxima terça-feira, quando a bancada do PT voltará a se reunir, as resistências à permanência de Sarney no cargo tenham sido superadas.
- Vou resistir a esse momento, vou enfrentar tudo. Mas preciso do senhor e do seu partido - disse Sarney, segundo fontes ligados aos dois presidentes.
- Pode contar comigo. O apoio é incondicional. Não tenha dúvida que o apoio do PT eu garanto, fique tranquilo - respondeu Lula, segundo esses relatos.
Sarney disse que contava com o apoio integral do PMDB e que, agora, era preciso a mesma conduta dos senadores do PT, que ainda ontem insistiam na licença temporária do presidente do Senado. Tanto Sarney como Lula consideraram a licença um grande risco, pois poderia não ter volta, além de deixar o comando do Senado, no período do afastamento, nas mãos do PSDB, já que o vice-presidente é o tucano goiano Marconi Perillo. Lula admitiu que o PT enfrentava um dilema, mas que não colocaria em risco a governabilidade. E que isso teria ficado muito claro no jantar que tivera com a bancada na véspera.
O presidente do Senado fez longo relato das providências tomadas em relação às denúncias que surgiram desde que assumiu o comando da Casa, e os dois concordaram que este era um problema político. Foi quando Lula disse que era preciso barrar o movimento da oposição, que, segundo ele, tenta se aproveitar da crise para desestabilizar o governo. A interlocutores, Sarney disse que o resultado da conversa foi "excelente".
Em entrevista à Rádio do Moreno, no site do GLOBO, Sarney disse que o presidente é sempre solidário e agradável, mas que não poderia revelar o conteúdo porque "conversa com presidente pertence ao presidente". Perguntado se classificaria como "muito boa", respondeu:
- O presidente (Lula) é sempre muito agradável e solidário comigo.
Satisfeito com o resultado do encontro, Sarney seguiu direto para a casa da filha e governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Ela confirmou a disposição do pai de ficar no comando do Senado, mas ressalvou:
- Meu pai está muito tranquilo. O presidente disse que está ao lado dele. Mas ele não tem apego ao cargo e nem vai pagar uma conta que deve ser dividida com todos os senadores. Ele vai esperar o resultado das próximas reuniões e analisar com calma se vale a pena ficar.
O clima de tensão na família Sarney parece ter diminuído. Tanto que Roseana pretendia embarcar hoje de volta para o Maranhão, para reassumir o governo do estado.
O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), foi outro que respirou aliviado ontem.
Sua avaliação é que o apoio firme de Lula e da ministra Dilma Rousseff respalda a permanência de Sarney no cargo.
- Está cada vez mais claro o apoio consistente que Sarney tem para permanecer no cargo, que hoje se reflete na postura de pelo menos 54 senadores - ressaltou Renan.
(Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos)
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