segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Na reta final, Lula pede votos a Haddad em SP e Jandira no Rio

- Valor Econômico

SÃO PAULO - Na última semana de campanha eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ontem ao extremo leste de São Paulo para pedir votos ao candidato à reeleição em São Paulo, Fernando Haddad (PT), onde atacou "a publicidade contra o PT" e mirou os adversários que apoiam o presidente Michel Temer (PMDB). Hoje, Lula irá ao Rio para comício de apoio a Jandira Feghali (PCdoB).

"Por causa da publicidade contra o PT, vão colocar uma raposa no galinheiro. Tucano que é menor do que raposa já come filhote de passarinho. Imagine uma raposa. Então, dia 2, vamos eleger Haddad e Chalita para prefeito e vice em São Paulo", discursou Lula na região de São Mateus.

Lula começou o ato sem o candidato, que se atrasou em mais de uma hora por causa de sua participação numa plenária de campanha na região central.

O líder máximo do PT disse estranhar que, em São Paulo, embora ouça as pessoas pedirem a saída do presidente Temer, escolhem candidatos ligados a ele. "O povo de São Paulo não está diferente do resto do Brasil inteiro, gritando 'Fora, Temer'. O que eu acho estranho é que nesse momento da história política de São Paulo, o povo que grita 'Fora, Temer' está nas pesquisas votando em três candidatos que apoiam o Temer", afirmou.

Ele disse acreditar que, nas periferias, eleitores acham que candidatos ex-petistas ainda são do PT. "A Marta não é mais do PT", disse, em discurso a cerca de 400 pessoas.

Durante o corpo a corpo, Haddad agradeceu a vinda de Lula à região onde o PT sempre contou com alto índice de votação, realidade que não se repete neste ano.

Chamado de "Caminhada da Virada", o ato é considerado a última tentativa do prefeito de reverter o cenário eleitoral, no qual amarga um quarto lugar nas pesquisas, com 10% das intenções de voto.

Enquanto estava sem Haddad Lula ficou incomodado com a demora e acabou virando o centro das atenções a ponto de o ex-deputado Adriano Diogo (PT) dizer: "É Haddad, gente. O Lula não é o nosso candidato no dia 2".

"Estou preocupado com o horário. Já é meio-dia, a galinha está no forno, o feijão está esquentando, a caipirosca está sendo feita e o Corinthians pega o Cruzeiro. Vamos começar e a hora que o companheiro Haddad chegar ele sobe no carro", disse Lula.

Com uma camisa polo com a estrela do PT no peito, Lula andou em cima de um carro de som ao lado de Haddad pela travessa Somos Todos Iguais. Junto com eles, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Um Lula rouco e que há duas semanas foi denunciado por suspeita de corrupção na Operação Lava Jato foi defendido por correligionários, que ao microfone diziam que o ex-presidente era alvo de "perseguição de golpistas". O cenário era bem diferente de 2012, quando Haddad representava o novo em meio a uma gestão Dilma Rousseff ainda bem avaliada.

Em cerca de um mês e meio, Lula apareceu três vezes em eventos de Haddad. O primeiro deles, em Guaianases, também na zona leste, o ex-presidente surgiu três dias antes do início oficial da campanha eleitoral, 16 de agosto. Antes disso, esteve no lançamento da candidatura. De lá para cá, não apareceu em novos eventos até então, embora tenha dito que iria priorizar a reeleição na principal cidade do país.

Se no lançamento da candidatura, Lula pediu que Marta não fosse atacada, na reta final a tônica foi outra. Durante toda a caminhada, a ex-petista foi acusada de apoiar o presidente Michel Temer (PMDB). Lula subiu o tom e atacou os principais adversários de Haddad: "O [João] Doria vocês sabem o que ele é. Vocês sabem o que ele representa. Ele fala do PT, mas o partido dele não vale 1% do que vale o PT. Já o amigo [Celso] Russomanno, é melhor ele esperar acabar a eleição e voltar para aquele programinha dele de televisão em que ele defende coisa alguma".

No Rio, Lula trava hoje um duelo de comícios entre os principais candidatos da esquerda. Enquanto fará ato com Jandira Feghali, em Bangu, o adversário Marcelo Freixo (Psol) reunirá nomes como Chico Buarque e Wagner Moura, na Lapa.

Nenhum comentário: