terça-feira, 8 de julho de 2025

Tarcísio vai se Lula estiver mal – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Decisão do governador de disputar o Planalto depende de como o presidente chegará a 2026

Tarcísio de Freitas (Republicanos) não desmente nem confirma candidatura à Presidência da República quando a conversa entre aliados envereda por aí. Deixa a hipótese no ar. Não estimula nem desestimula, enquanto em público nacionaliza o discurso.

Deu um tempo nas cortesias administrativas, passou a criticar o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e incorporou o desafio ao Sul Global em suas falas.

O governador ultrapassa as fronteiras de São Paulo quando fala de segurança pública referindo-se à necessidade de reestruturação das Forças Armadas, na economia diz que conhece a solução para o equilíbrio fiscal do país e na política anuncia frente de direita para 2026.

Interlocutor privilegiado de Tarcísio, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirma que o tempo do governador não é agora. Não diz quando seria, mas cala como quem consente ao ouvir a possibilidade de ser o fim deste ano.

Na opinião dele, o cenário desfavorável ao governo mudou um pouco a partir da derrubada do decreto do IOF e da tática do presidente de se apresentar como protetor dos pobres em contraponto a um Congresso —mais especificamente o centrão— tido como defensor dos ricos.

"Lula saiu das cordas, foi provocado e entrou no ringue", atesta, lembrando que o petista ganhou cinco eleições (considerando as duas de Dilma Rousseff) e "sabe fazer campanha como ninguém".

Nessa avaliação de que a precipitação da briga pode ser prejudicial à oposição é que Tarcísio de Freitas estaria, no momento, pessoalmente aferrado à ideia de concorrer a uma reeleição vista como certa.

Seria também uma maneira de, diante do maior eleitorado do país, se diferenciar dos outros três governadores que saíram do Bandeirantes para tentar o Palácio do Planalto e se deram mal.

O plano nacional segue no radar, mas na dependência da situação de Lula. Recuperando-se, Tarcísio fica onde está. Se o presidente se inviabilizar e o governador sentir a faixa presidencial próxima do peito, ele vai.

 

Nenhum comentário: