- Folha de S. Paulo
Candidatos vermelhos, na gíria de campanha, são aqueles cuja votação cresce à medida que a renda do eleitor cai. Com os azuis é o contrário.
Pela primeira vez neste século, um candidato do PT deixa o campo vermelho na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Fernando Haddad tornou-se um competidor azul, deduz-se do Datafolha.
Só 7% optam pelo prefeito no terço inferior da pirâmide da renda familiar (até dois salários mínimos, ou R$ 1.760 mensais). A intenção de votar em Haddad dobra no quarto superior do poder de compra.
A cicloagenda do prefeito-intelectual -iniciativas anticarro que afagam um nicho progressista mais escolarizado e rico- há de ter pesado um pouco no resultado. O desgaste do PT, em especial no epicentro do levante "Fora, Dilma", foi provavelmente o fator preponderante.
O vermelho nesta eleição tem dois tons, ou dois candidatos. O mais rubro é Celso Russomanno, que marca 31% no terço mais baixo da renda, mas cai para 10% no quarto mais elevado. A queda da preferência por Marta na mesma passagem é menos abrupta, de 23% para 10%.
A única boa notícia para Russomanno na pesquisa mais recente foi ter estancado a sangria na base mais importante de seu eleitorado, o terço mais pobre. Se não segurar a debandada no estrato seguinte (renda familiar de R$ 1.760 a R$ 4.400 mensais), em que estão quatro em cada dez eleitores, vai naufragar de novo.
O raciocínio para Marta é o inverso. As críticas de adversários parecem ter reduzido a confiança na ex-petista entre os mais pobres, fatia em que perdeu quatro pontos. Entre os 40% de remediados logo acima, sustentou sua posição.
O tucano João Doria, o candidato mais azul, praticamente assegurou vaga no segundo turno. Resta saber quem, entre Russomanno e Marta, vestirá o colete vermelho no certame decisivo.
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