Correio Braziliense
As eleições do Parlamento Europeu atestaram a
tendência de crescimento da extrema direita e expuseram o completo descrédito
no establishment
Forças ultraconservadoras brasileiras estão em polvorosa com o avanço de seus homólogos na Europa. As eleições do Parlamento Europeu atestaram a tendência de crescimento da extrema direita e expuseram o completo descrédito no establishment, na política mainstream, mas também a falsa noção de que ideologias radicais e divisivas são o remédio para crises econômicas. Na França, a Reunião Nacional — a antiga Frente Nacional —, partido de Marine Le Pen, obteve quase um terço dos assentos do Parlamento Europeu e forçou o presidente Emmanuel Macron a dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas, mesmo ante o risco de uma surra nas urnas e de solidificar a ascensão da extrema direita.
Na Itália, a premiê Giorgia Meloni saiu como
vencedora em um dos países que mais se ressentem da onda migratória a partir do
Mediterrâneo. Na Áustria, o Partido da Liberdade (FPÖ) tornou-se a principal
força política, um ano depois de divulgar vídeos com teorias da conspiração que
insinuam uma dominância dos migrantes sobre a população branca europeia. Mas a
grande surpresa veio da Alemanha, que se envergonha do passado nazista. A
Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de viés neonazista, islamofóbico
e anti-imigração, tornou-se a segunda força política do país. Com apenas 11
anos de existência, se radicalizou ao longo do tempo e manteve reuniões
secretas com admiradores de Adolf Hitler.
A extrema direita brasileira tenta surfar na
onda que sopra da Europa e promete retornar ao poder. Governos
ultraconservadores costumam priorizar grandes grupos econômicos, enquanto
solapam qualquer possibilidade de ascensão social das camadas menos favorecidas
da população. Desde o primeiro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos,
passaram a usar as fake news como instrumento para prejudicar adversários
políticos e galvanizar suporte popular, apoiados na disseminação em massa de
mentiras e na demonização da imprensa. Sem contar a ideologia nefasta que
abraça a misoginia e a homofobia. Nos últimos dias, viralizou nas redes sociais
um vídeo em que um deputado bolsonarista de Goiás compara nordestinos a
galinhas depenadas em busca de migalhas. É a própria expressão do que se espera
de políticos adeptos dessa tendência.
O crescimento da extrema direita na Europa é
preocupante pelo fato de fomentar a retórica do ódio. Também é trágico,
absurdo, criminoso e irracional que alguns partidos e grupos mais radicais se
inspirem no pensamento e nas ações nefastas de Hitler, quase 80 anos depois de
sua morte. Que a sensatez volte a dominar os rumos da política. Antes que a
virulência do ódio coloque uma faca no pescoço da democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário