Correio Braziliense
O início e o final do filme mostram reuniões familiares que evidenciam as marcas do tempo em que se sustenta a narrativa do filme
Ainda estou aqui é um grande filme. Muito já
se escreveu e se falou sobre ele por diversos ângulos e razões. E se vai
continuar falando e escrevendo sobre ele por algum tempo. Seu lugar na cultura
brasileira vai além da filmografia, da arte. Trata-se de um filme político, de
ensinamentos e aberto à reflexão política. Pela amplitude de espectadores, ele
é também um fenômeno político. Cativa por expressar o desejo de compreender o
que se passou no Brasil nas últimas décadas do século 20 e o que esse período nos
legou.
O filme, dirigido por Walter Salles, diz muito sobre o Brasil desse período, mas também sobre o Brasil dos dias que correm, por meio dos acontecimentos que marcaram a vida da família do ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado e assassinado pela ditadura no início da década de 1970, especialmente pela resistência da mulher, Eunice Paiva, a principal protagonista do filme, representada de maneira extraordinária por Fernanda Torres.
O início e o final do filme mostram reuniões
familiares que evidenciam as marcas do tempo em que se sustenta a narrativa do
filme. No início, a reunião familiar é repleta de alegrias de uma típica
família de classe média alta do Rio de Janeiro no início da década de 1970. O
ambiente é vivo e cheio de cores, num magnífico sobrado em frente à praia. No
final do filme, a reunião familiar é de uma alegria contida, densa e preocupada
com a saúde da matriarca da família.
*Alberto Aggio é professor universitário e
historiador
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