O Globo
Dívida bruta pode chegar a 2027 em 81% do
PIB, no melhor cenário, ou disparar para 100%, no pior, dizem economistas do
Itaú
Os economistas Pedro Schneider, Luiz
Cherman e Fabio Diniz, da equipe de análise do Itaú Unibanco, mapearam cinco
incertezas fiscais que dão direções completamente diferentes para a dívida
pública. Por aí, percebe-se o tamanho da insegurança dos investidores em
relação ao futuro econômico do país.
Dependendo do que for decidido pelo próximo
governo sobre esses cinco temas, a dívida bruta pode chegar em 2027 em 81% do
PIB, no melhor cenário, ou disparar para 100% do PIB, no pior deles.
“A trajetória futura da dívida pública dependerá de várias decisões de política fiscal que serão tomadas nos próximos 6 a 12 meses. Elas vão desde decisões que afetam as receitas e os gastos de curto prazo, até a discussão mais estrutural sobre a regra fiscal que irá ancorar as expectativas de longo prazo”, explicam os economistas.
A primeira dúvida acontece nos cortes
federais de impostos sobre os combustíveis. Em tese, essa redução acaba em
dezembro, mas há o risco de que sejam mantidos em 2023. Nesse caso, haveria um
aumento de despesas de R$ 62 bilhões por ano, ou 0,6% do PIB. A segunda
incerteza recai sobre o Auxílio Brasil, aumentado para R$ 600. Tanto Bolsonaro
quanto Lula já prometeram manter o valor no ano que vem. Isso significa que o
programa alcançará R$ 150 bilhões por ano, ou 1,5% do PIB.
“Esses gastos terão alguma medida
compensatória, como aumento de impostos, redução de gastos ou cortes de
subsídios?”, questionam.
Outro risco é sobre novas despesas que
podem burlar o teto de gastos. Como o governo atual contornou a regra de várias
formas, com os precatórios e o próprio Auxílio Brasil, por exemplo, não se sabe
se isso pode acontecer novamente em 2023. De forma mais ampla, outra dúvida é
sobre a âncora fiscal que vai vigorar no país no próximo governo. O teto de
gastos será restaurado, em sua forma original, ou haverá algum tipo formal de
flexibilização, com aumentos reais, acima da inflação?
Tudo isso são questões em aberto, e uma
outra incerteza vem na área tributária. O próximo governo vai aumentar impostos
para ajudar a financiar algum tipo de ampliação de despesas? Não se sabe.
É dentro desta contexto fiscal que o país
se aproxima das eleições presidenciais. E o pior é o que tema sequer está sendo
discutido pelas principais candidaturas.
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