Folha de S. Paulo
Religião, polícia e até Wilson Witzel
embaralham eleição no Rio
Em dois pontos as eleições no Rio de
Janeiro reproduzem o cenário nacional. O primeiro é a preocupação com
abordagens e temas religiosos, a quase guerra santa que hoje se confunde com a
conquista do eleitor. Os três principais candidatos ao governo do estado
—Cláudio Castro, Marcelo Freixo e Rodrigo Neves— iniciaram a campanha de
joelhos, visitando igrejas, pedindo bênçãos e fazendo orações.
O segundo demonstra o crescimento do número
de candidatos policiais militares e de outras forças de segurança, que costumam
agregar a patente ou função ao nome que aparece no santinho: Delegado Fulano,
Coronel Sicrano, Capitão Beltrano.
Há um terceiro aspecto semelhante, mas nem tanto, envolvendo o voto para presidente. As últimas rodadas de pesquisa apontam a lógica da campanha que se iniciou cedo demais: grande parte dos eleitores está convicta de sua escolha, resistindo a mudar de opinião. Como se sabe, Lula lidera. Em comparação aos dois maiores colégios do país, Minas Gerais e São Paulo, a disputa no Rio está mais apertada —o que também não é bom sinal para Bolsonaro, que em 2018 ganhou de lavada na preferência de cariocas e fluminenses.
O pleito para governador continua sem
definição. O não voto (19% de nulos e brancos) ocupa o terceiro lugar. Cláudio
Castro (26%) está mergulhado num esquema de clientelismo e
corrupção irrigado com os milhões do leilão da Cedae. Para diminuir sua
rejeição, Marcelo Freixo (23%) disse ser contra a legalização das drogas e a
favor do "braço efetivo" da polícia no combate à criminalidade.
Na terra da milícia e dos pastores que agem
como cabos-eleitorais, tudo é possível. Até o aparecimento de assombrações.
Dizendo-se evangélico e filiado ao Partido da Mulher Brasileira, o impichado
Wilson Witzel soma 4%, apesar dos direitos políticos cassados por cinco anos.
Não satisfeito, lançou as candidaturas da mulher
e da sogra.
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