sábado, 20 de agosto de 2022

Carlos Alberto Sardenberg - A opção Lula

O Globo

Falta ainda um teste importante para o petista: a campanha no rádio e TV, quando os adversários vão se fartar com as denúncias de corrupção

Do economista John K. Galbraith: “Os economistas gostam de ficar brigando entre si para não correr o risco de estar todos errados ao mesmo tempo”.

Outra hipótese: e se todas as análises, embora divergentes, estiverem igualmente erradas? Parece estar acontecendo isso no panorama mundial. Por exemplo: haverá ou não recessão nos Estados Unidos? A resposta não depende da orientação deste ou daquele economista. Depende da semana em que é apresentada a opinião. Ou do dia. O que nos leva a uma primeira conclusão unânime — a situação de fato é bastante complexa —, que não serve para nada.

Aqui no Brasil, a situação também é complexa, mas por causa dos políticos, não dos economistas. Os que estão no governo, Bolsonaro e o Centrão, promovem uma farra fiscal. Sim, a expressão é antiga, mas fazer o quê? O hábito permanece.

No lado da oposição, Lula, o favorito, denuncia os “gastos eleitoreiros” para logo em seguida prometer um governo de mais ... gastos. Diz que não se pode colocar teto na despesa pública — o teto que Bolsonaro e sua turma já detonaram há muito tempo.

Vai daí que nenhum lado mostra como pretende lidar com o Orçamento, já furado, do ano que vem e dos próximos. Pode-se tentar adivinhar, porque estamos tratando com um governante de plantão e um ex-governante.

De um segundo governo Bolsonaro, o que se pode esperar senão uma versão piorada? Mais confiante depois de uma reeleição, o presidente não precisará mais fingir que é liberal e contra a corrupção. Vai achar também que ganhou o direito de detonar a democracia. Em resumo: pior no primeiro mandato, depois piorando.

Do outro lado, quando questionado sobre planos econômicos, Lula deu dois tipos de resposta. Primeiro, disse que só falaria disso após a eleição. Depois, a quem insistisse na questão, sugeria: vejam meus dois governos. Excluiu o mandato e meio de Dilma, por razões óbvias. Não há como justificar a combinação de inflação e recessão, a maior proeza da ex-presidente.

Ainda assim, há mais de dois governos Lula. O do primeiro mandato foi o máximo de ortodoxia econômica. O segundo começou ortodoxo e, pouco a pouco, mudou para o “desenvolvimentismo”, no caso, a ideia de que todo crescimento econômico deve ser comandado pelo Estado. Incluindo aí os episódios de corrupção, a questão fica mais complicada: qual Lula estará de volta?

Nas pesquisas, o favoritismo do ex-presidente mostra-se resiliente. A lembrança dos dois primeiros governos, com momentos de clara prosperidade, continua dominante. Falta ainda um teste importante para Lula: a campanha no rádio e TV, quando os adversários se fartarão com as denúncias de corrupção.

Digamos que isso levante uma dúvida entre os eleitores que neste momento manifestam preferência pelo ex-presidente. Estamos falando aqui dos eleitores que não são petistas ou lulistas de raiz. Esses já perdoaram qualquer eventual pecado, a maioria aqui nem acha que houve pecado. Mas os outros, que estão escolhendo Lula como a mais adequada opção do momento, podem ficar em dúvida. Aí, olham para o outro lado e o que encontram? Bolsonaro? Se a dúvida tiver origem em casos de corrupção, é evidente que o atual presidente e sua turma não passam no teste. Muito menos no respeito à democracia.

Sobra a terceira via, Ciro e Simone. Ocorre que a maior parte do eleitorado sempre considera como variável determinante a chance de vitória do candidato. Como se diz, o eleitor não gosta de perder o voto. A terceira via não decolando, voltam todos para Lula.

Mário Covas dizia que um candidato amplamente favorito só perde a eleição se fizer alguma coisa muito errada na frente de muita gente. Lula, um animal político do primeiro time, sabe disso por instinto. Daí sua preocupação em não criar caso e em tentar agregar apoios em todos os lados do quadro partidário. Já fez isso outras vezes.

E assim entramos na fase final da campanha.

Nossa economia? Um problemaço, isso sem nenhuma dúvida.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Carlos caro Carlos Alberto Sardenberg você já se debruçou na delação do Marcos Valério que associa o PT e Lula ao ao primeiro Comando da capital PCC, é bom dar uma olhada pra você ver com quem você está lidando l
O Lula é um bandido preso e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro não é a toa em três instâncias por nove juízes há mais de 20 anos isso é apenas a ponta do ice Berg mesmo assim foi solto numa manobra jurídica limpado a ficha e hoje está concorrendo como se fosse um homem probo e ilibado, sem dizer na delação do general da inteligência venezuelana da época de Hugo chávez que falou ,após ser preso, claramente que enviava malas diplomáticas com dólar para as campanhas de Lula fruto do narcotráfico, pois sabemos que hoje venezuela é um Narco estado
Como eu te conheço bem eu não acredito que você esteja na turma do cinismo então considere essas minhas observações

Anônimo disse...

Hoje o grande problema da esquerda latino-americana não são suas pautas operárias, sindicais, de defesa de minorias e a questão de política de gênero, o problema é que a esquerda brasileira e latino-americana está intrinsecamente ligada ao narcotráfico e financiada por esse dinheiro sujo
Quando olhamos a mesa no encontro do foro de São Paulo vamos observar Lula e os líderes das FARC lado a lado

Fernando Carvalho disse...

Creio que não está em causa planos de governo (ortodoxia ou heterodoxia), papel do estado, responsabilidade fiscal. E nem corrupção, quem é mais corrupto Lula e os filhos dele ou Bolsonaro e família. Estamos diante da possibilidade de uma volta a uma ditadura militar. Não de generais como Castelo Branco ou Geisel, que já são execráveis, mas do lixo de 64, de um capitãozeco que foi expulso do Exército, é um baba-ovo de torturador, lambe-botas de general de republiqueta, puxa saco de latifundiário e macaca de auditório de Donald Trump. Lula e Alckmin estão com a bandeira da democracia. Ciro e Simone são bons, mas não assumiram a frente democrática.

Anônimo disse...

Cada bolsonarista é uma vaquinha de presépio! Ficam ruminando as mentiras que o genocida inventa ou divulga, e se sentem felizes em serem enganados... Lula governou por 8 anos e não acabou com o mercado e nem implantou ou tentou implantar socialismo ou comunismo, nem fechou igrejas ou perseguiu religiões. Apenas aumentou o salário mínimo e tirou milhões da fome e miséria, enquanto o deputado do baixo clero Bolsonaro criticava os auxílios sociais que Lula implantava e enriquecia com as rachadinhas no seu gabinete, onde empregou dezenas de funcionários fantasmas.