Folha de S. Paulo
Por ora, a tendência é o Congresso se
associar, mas sem dar de bandeja a taxação dos milionários
A decisão do
Supremo Tribunal Federal de tornar réus Jair
Bolsonaro (PL)
e outros sete acusados de integrarem o núcleo da trama
golpista acirra a polarização, reforça a busca de união dos partidos
de direita em torno de uma candidatura do governador Tarcísio
de Freitas (Republicanos SP) ao Planalto e joga mais pressão do
presidente Lula na
agenda de medidas para aumentar a sua popularidade.
Lula queria fechar o apoio neste ano, mas o julgamento de Bolsonaro deixa ainda mais distante essa movimentação política. Terá de limitar o apoio à governabilidade no Congresso em 2025, o que já será uma vitória.
A seu favor, está a construção de uma pauta
econômica que não deverá encontrar resistências, como a desoneração
do Imposto de Renda e o novo
consignado privado para trabalhadores com carteira assinada, que, a
despeito das críticas e dificuldades de operação, nos primeiros dias já
demandou mais de R$ 50 bilhões em pedidos.
Por ora, a tendência é o Congresso se
associar às conquistas das medidas populares, mas sem dar de bandeja a taxação
dos milionários do jeito que o governo enviou o projeto. Também não há nada na
agenda econômica com urgência para aprovar nem algo que seja encrenca para a
direita.
Se as medidas pavimentarem um ambiente
favorável, as chances do presidente crescem, apesar do cenário em que o mercado
financeiro não quer Lula nem Bolsonaro e aposta alto em Tarcísio para 2026.
Os anúncios recentes consolidaram a
estratégia de sustentação do PIB via crédito. Vêm mais por aí com foco nos
pequenos empreendedores, público que pesquisas do Planalto indicaram ter
resistência ao governo, além do agro, militares e evangélicos.
O ministro Márcio França (Empreendedorismo)
já antecipou que vai
caçar os MEIs (microempreendedores individuais) usando canal direto pelo
WhatsApp.
Faz parte da política buscar medidas para se
tornar viável nas eleições, mas é preciso cuidar para não entrar na rota da
irresponsabilidade como ocorreu em 2022 com Bolsonaro.
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