O Estado de S. Paulo
Ou o PSDB fecha com Doria e a terceira via ou vai virar história em 2022
A sucessão presidencial vai ganhando forma
e nomes e a definição do governador João Doria como candidato do PSDB é um novo
fator relevante, pela tradição do partido e a determinação do candidato, mas há
uma forte divisão e uma corrida de obstáculos.
Começou com o fiasco das prévias, que
jogaram luzes não no PSDB e em Doria, mas na incompetência da votação, na
guerra interna, que não é novidade, e nas fragilidades dos candidatos, que
ficaram mais em evidência do que as qualidades.
Doria bateu o também governador Eduardo Leite por 54% a 45%, ou seja, sai das prévias com um partido dividido exatamente ao meio e com um histórico de ciúmes e guerras internas entre os paulistas e, por fim, entre paulistas e o mineiro Aécio Neves. Como unir os cacos agora?
Todos tinham profunda ligação com o PSDB, o
que não é o caso de Doria, neófito no partido e na política e com rejeição
alta, o que torna sua missão de unir a tucanada ainda mais desafiadora. Alckmin
já está fora, Aécio detesta Doria, Tasso Jereissati não vai com Doria. E não
está sozinho.
Por outro lado, Doria teve vitórias
surpreendentes: para a Prefeitura de São Paulo num inédito primeiro turno e
para o Palácio dos Bandeirantes, embalado, diga-se, pelo “Bolsodoria”.
E tem a alavanca de São Paulo e o trunfo de
ter saído na frente na vacinação contra Covid. Isso, ninguém tira dele.
O obstáculo seguinte é a disputa pela raia
da terceira via, para lá de congestionada e com o ex-juiz e ex-ministro Sérgio
Moro largando bem. Doria, Moro e Luiz Henrique Mandetta ensaiaram um acordo:
quem tiver mais chance arrasta os outros.
Se fosse hoje, o acordo favoreceria Moro,
mas isso é coisa para meados de 2022 e, sabem como é, acordo em política tem
validade curta, como a memória do eleitor. Mais: é coisa de Doria, não do PSDB.
E, se Doria passou raspando pelas prévias e
enfrenta uma pedreira para ultrapassar Moro e Ciro Gomes para ser o “candidato
de centro”, o pior vem depois: a eleição. Treino é treino, jogo é jogo.
Há uma muralha até o segundo turno, com o
ex-presidente Lula favorito nas pesquisas e o presidente Jair Bolsonaro com a
caneta. Nenhum presidente perdeu a reeleição desde 1998. Nem Dilma Rousseff,
alvo de impeachment logo depois.
Para o PSDB, está em jogo não só uma eleição, mas o seu futuro. Nocauteado em 2018, perde seus líderes, sua cara e sua alma e tem duas opções: ou cerrar fileiras para o que der e vier com Doria e depois com Moro e os demais na terceira via, ou dispersar, fechar o livro e virar história.
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