quarta-feira, 21 de agosto de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: falta de respeito

É inacreditável até onde é capaz de ir o desrespeito do PT e da presidente Dilma com Minas e os mineiros. A presidente voltou a Minas, e sem ter o que apresentar, lançou como se novo fosse, o mesmo programa lançado diversas vezes pelo presidente Lula e por ela mesma, e que, até hoje, não se transformou em realidade. O dia de hoje deve ficar marcado na nossa consciência como mais um dia em que o PT teve a coragem de zombar da memória e da inteligência dos mineiros. Como a presidente e o PT podem ter tido a coragem de pisar o chão da história de Minas e, ao invés de se desculpar por não terem cumprido o que anunciaram há quatro anos, mentir aos mineiros como se estivessem anunciando um novo benefício ao Estado?"

Aécio Neves, nota sobre o novo anúncio de um velho programa do PAC, por parte do governo federal, em 20 de agosto de 2013.

PMDB e PT travam batalha por cargos na Anvisa

Oito meses após o escândalo envolvendo Rosemary Noronha e o tráfico de influência nas agências reguladoras, PMDB e PT travaram batalha no Senado por cargos na Anvisa, informam as repórteres Andreza Matais e Débora Bergamasco. O PT esperou quatro meses pela aprovação do nome do militante Ivo Bucaresky para a agência, o que só ocorreu quando Renato Porto também foi confirmado

PMDB e PT retomam guerra política para lotear cargos nas agências reguladoras

Nomeação de petista para a Anvisa ficou 4 meses no ‘limbo’ até afilhado de peemedebista também ter o nome aprovado por comissão

Oito meses após o escândalo envolvendo a ex-funcionária da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha e as suspeitas de tráfico de influência nas agências reguladoras, recomeçou a guerra política pelo controle de cargos de diretoria nessas instituições. PT e PMDB acabaram de travar uma disputa nas Agências Nacionais de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de Saúde Suplementar (ANS) em que interesses partidários ditaram os rumos desses órgãos.

O PT teve de esperar quatro meses para que o nome de Ivo Bucaresky, militante do partido que já havia sido aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), fosse enviado ao plenário e, assim, pudesse assumir o posto na Anvisa. Isso só ocorreu após o PMDB também indicar um nome para outra diretoria da Anvisa.

Bucaresky foi confirmado na mesma sessão em que a comissão indicou o funcionário Renato Porto. Ele teve como padrinho de casamento o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), amigo da família. Em seis dias, o nome do Porto foi à votação em plenário, 20 vezes mais rápido que Bucaresky. Embora seja suplente na comissão, Eunício fez questão de participar da aprovação do afilhado.

Um senador da CAS, sob anonimato, explicou o ocorrido. “Estava faltando a indicação (no PMDB). O pessoal (parlamentares) ficou esperando”, disse. A disputa partidária fez com que a Anvisa, que geralmente atua com cinco diretores na função de liberar o uso de medicamentos no País e fiscalizar alimentos em âmbito nacional, ficasse mais um terço do ano sem o quadro de dirigentes completo.

" A sessão de 11 de junho, em que Porto foi sabatina-do, é esclarecedora. “Peço que, se for possível, nós votemos, no dia de hoje, não somente os dois candidatos, mas também o Dr. Ivo, que está aqui no limbo há um bocado de tempo”, apelou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Naquele dia, também foi aprovado o nome de Elano Figueiredo para a ANS a indicação é fruto de consórcio entre PT e PMDB. Ele é investigado pelo Conselho de Ética da Presidência da República por ter omitido do currículo vínculo empregatício com a operadora de saúde Ha-pvida, como revelou o Estado.

Na sessão, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também fez um apelo. “(Quero) pedir a urgência para que possamos votar, hoje, em plenário, o Dr. Ivo, o Dr. Renato e o Dr. Elano (...) Esperamos fazer uma votação maciça 11a tarde de hoje. Portanto, aprovar os dois nomes para a Anvisa eoDr. Elano para a ANS ainda nesta tarde.”

Jucá teve apoio da senadora Ana Amélia (PP-RS). “Eu só queria também endossar a inclusão do nome do Dr. Ivo Bucaresky 110 pedido de urgência (...) porque eu havia citado apenas os nomes do Dr. Renato e do Dr. Elano para a Anvisa e para ANS, respectivamente, mas incluo, com muito bom grado, o nome do Dr. Ivo Bucaresky para a Anvisa na votação de hoje”, disse. Acordo cumprido.

Eunício Oliveira detende a escolha de Porto, que já era funcionário da Anvisa. “Indiquei o menino como técnico. O pai dele teve problema de câncer e morreu, a mãe está doente. É um rapaz muito sofrido, mas que tem muito valor, é dedicado, batalhador, fichinha limpa”, afirmou. O senador nega boatos de que Porto seja seu parente. “E se fosse, qual seria o problema?”

Para o líder do PMDB, “tem gente tentando £plantari informações falsas”. “Deve ser porque eu desagradei a alguém com minha indicação, ou alguém que queria emplacar um nome ; não teve êxito”, disse. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou indicar Femando Garcia Mendes, barrado na triagem inicial para a vaga.

Ajuda» Bucaresky foi indicado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelo vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT). Petista desde 1987, ele admite que a filiação partidária o ajudou e que não saberia dizer se teria sucesso caso não fosse ligado à sigla.

O salário de um diretor comissionado de agência reguladora entre R$ 11,7 mil e R$ 12,3 mil - não costuma ser o principal atrativo do cargo, mas sim o poder das decisões. As agências reguiam e fiscalizam atividades privadas na execução de serviços de caráter público.

As doações de campanha da área de saúde cresceram 746,5% de 2002 a 2010, segundo estudo da USP/UFRJ. Em 2010, o setor distribuiu R$ 11,8 bilhões a candidatos e partidos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PT assume com PMDB apoio a filho de Jader Barbalho no Pará

Em troca de palanque para Dilma, partido também estará com Renan Calheiros na disputa em Alagoas

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Em jantar marcado por críticas à ausência de uma coordenação política efetiva do Palácio do Planalto, as cúpulas do PT e do PMDB discutiram, na noite de anteontem, as divergências entre os dois partidos nas eleições estaduais do ano que vem. Um dos poucos resultados concretos do encontro foi o compromisso do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de enquadrar seu partido no Pará e apoiar a candidatura de Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), ao governo do estado. Falcão também afirmou que o PT apoiará a candidatura do presidente do Senado, Renan Calheiros, para governador de Alagoas.

A prioridade da direção nacional do PT é a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Por isso, o compromisso com dois importantes líderes regionais do PMDB. Em segundo lugar, a cúpula petista quer aumentar suas bancadas na Câmara e no Senado para não ficar tão refém dos aliados, como do próprio PMDB. Assim, o comando do PT exigirá sacrifícios de sua base nas disputas para governador e dará a palavra final sobre as candidaturas. O jantar de anteontem ocorreu no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer.

Apesar da garantia dada por Rui Falcão, a relação com o PMDB continua ruim no Pará. Isso porque a ala do PT ligada à ex-governadora Ana Júlia Carepa insiste no lançamento de candidatura própria. No jantar, Jader Barbalho foi o mais contundente nas críticas à articulação política e à comunicação do governo Dilma.

Esse, aliás, foi um dos pontos de convergência entre PMDB e PT na reunião. Até o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reclamou da falta de divulgação das obras e programas da administração Dilma, que acabam sendo apropriados pela oposição.

No encontro, os peemedebistas cobraram apoio do PT para seus candidatos e ameaçaram não apoiar a reeleição de Dilma em estados como o Rio de Janeiro e o Ceará. O Rio é o estado que tem o maior peso (maior número de delegados) na convenção nacional do PMDB, que decidirá o rumo da sigla na eleição presidencial do ano que vem. O Ceará é o terceiro em número de votos na convenção.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), cobrou dos petistas apoio à candidatura do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão. Lembrou que o Rio tem cerca de 20% dos votos na convenção nacional do partido e exibiu uma tabela com a diferença de votos entre Dilma e José Serra (PSDB), por estado, nas eleições de 2010, para mostrar que o apoio do PMDB pode ser decisivo para a reeleição da petista - Dilma teve no Rio a maior votação do centro-sul do país.

Após ouvir Eduardo Cunha, o presidente do PT disse que o Rio é o principal problema a ser resolvido, mas afirmou que, na conjuntura atual, de alta rejeição ao governo Sérgio Cabral, a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) é uma alternativa, e que o partido trabalha com esse cenário.

Outro momento de tensão foi a avaliação do quadro no Ceará. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), pré-candidato a governador, afirmou, segundo relatos, que não aceita dois palanques de Dilma no estado - o outro seria do PSB. E que, se isso acontecer, ele vai para a oposição. Eunício tem negociado com o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB).

O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e seu irmão, Ciro, têm mantido conversas com o PT para ceder o palanque no Ceará a Dilma. Ontem, ao ser questionado, Eunício negou o ultimato:

- O Ceará, a gente combinou de discutir mais para a frente. Não tenho angústia e espero que os aliados estejam todos juntos. Eu, sozinho, tenho seis minutos de propaganda na televisão - afirmou Eunício.

Fonte: O Globo

Dirceu tenta se beneficiar de tese levantada por Lewandowski

Julgamento de recursos dos condenados do mensalão será retomado hoje

Carolina Brígido

BRASÍLIA -O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a mais de dez anos de prisão no processo do mensalão, entregou ontem um memorial ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a tese apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski para tentar diminuir a pena do ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ) seja usada também em seu benefício. Segundo a defesa de Dirceu, a pena do réu por corrupção ativa deve ser calculada a partir da lei em vigor em 2002, com punições mais brandas, sem considerar a mudança da lei ocorrida em 2003, que a tornou mais rígida. Isso porque, para os advogados, o crime teria sido praticado em 2002, e não no ano seguinte, como decidiu o STF no julgamento do ano passado.

O pedido já tinha sido feito nos embargos de declaração apresentados por Dirceu em 1º de maio. Ontem, a defesa refez o pedido, "considerando o debate estabelecido na sessão" de quinta-feira passada, quando Lewandowski defendeu a tese para diminuir a pena de Rodrigues por corrupção passiva. A proposta não conseguiu adeptos durante a sessão e ainda provocou a ira do presidente da Corte e relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, que acusou o colega de fazer "chicana". Para Barbosa, o voto de Lewandowski é apenas uma tentativa de atrasar o julgamento dos recursos dos condenados.

No novo texto apresentado ao STF, os advogados de Dirceu afirmam que, no ano passado, o ministro Gilmar Mendes ponderou, em seu voto, que Bispo Rodrigues participou de reunião em 2002 para acertar recebimento de vantagem indevida. Na sessão de quinta-feira, Mendes sustentou que o crime foi consumado em 2003 e discordou de Lewandowski.

A pena por corrupção ativa aplicada a Dirceu foi calculada a partir da regra da continuidade delitiva, quando um mesmo crime é praticado ao longo de muito tempo. Isso significa que o tribunal considerou a última prática do crime, aplicou a pena, e considerou regras previstas em lei para aumentar essa pena. Por essa lógica, não seria considerada a data da primeira prática do crime, o que levaria o tribunal a continuar adotando a lei mais rígida.

Os advogados argumentam que não houve continuidade delitiva, pois Dirceu teria cometido uma única corrupção ativa: o oferecimento de vantagem indevida na reunião de 2002.

O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, divulgou ontem à noite a ordem do julgamento dos embargos de declaração na sessão de hoje. Primeiro, os ministros vão continuar a análise do recurso do Bispo Rodrigues, que gerou grande discussão entre os ministros na última sessão. Em seguida, será a vez da cúpula do Banco Rural: Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane. Por último, e se der tempo, o plenário vai julgar os embargos do operador do mensalão, Marcos Valério, e do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Dirceu se reuniu com petistas

O ex-ministro José Dirceu reuniu outros dois petistas condenados no julgamento do mensalão, o deputado federal João Paulo Cunha (SP) e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, em um almoço na sua casa em Vinhedo, na tarde do último sábado. O objetivo era dar apoio aos dois colegas, que ficaram muito abalados com as condenações do ano passado, e não discutir o que correrá na apreciação dos recursos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas o assunto acabou entrando em discussão. De acordo com um dos participantes, Dirceu mantém a mesma expectativa pessimista em relação às decisões do Supremo sobre o mensalão.

Fonte: O Globo

Defesa de Dirceu apoia recurso de outro réu

Argumento também pode beneficiar ex-ministro

Severino Motta

BRASÍLIA - Um documento entregue aos ministros do STF pela defesa do ex-ministro José Dirceu tenta reforçar argumentos usados por outro réu: o ex-deputado Carlos Rodrigues, que terá seu recurso analisado hoje.

O documento de Dirceu defende que Rodrigues deve ter sua pena pelo crime de corrupção abrandada, algo que também foi pedido pelo ex-ministro em seu recurso.

Na prática, a defesa de Dirceu acredita que, caso Rodrigues tenha sucesso, pode aumentar as chances de ver o recurso do ex-ministro, que ainda não tem data para ser julgado, ganhar mais força.

Como a lei que trata dos crimes de corrupção foi endurecida em novembro de 2003, a defesa diz que tanto Dirceu quanto Rodrigues devem ser punidos com base na sua versão mais branda e antiga.

Para sustentar seu ponto de vista, a defesa usa trechos do acórdão (documento que resume a decisão do STF) em que o ministro Gilmar Mendes cita que a aproximação do PT ao PP, PL, PTB e PMDB deu-se no fim de 2002 e início de 2003, entre outros itens.

O texto é concluído com citação de voto do ministro Marco Aurélio Mello afirmando que o crime de corrupção deve ser considerado como consumado no momento em que a vantagem indevida é oferecida, não quando o pagamento é feito.

Fonte: Folha de S. Paulo

PMDB estabelece contrapartidas a apoio

Por Caio Junqueira e Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - A cúpula do PMDB cobrou na noite de anteontem da cúpula do PT que os petistas definam se os pemedebistas serão de fato o aliado estratégico e preferencial para as eleições de 2014.

O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu e reuniu o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer; e o presidente do PT, Rui Falcão; o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL); os líderes na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE); os senadores Jader Barbalho (PA), Valdir Raupp (RO) e Romero Jucá (RR) e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Do lado petista, estavam, além de Falcão, os líderes na Câmara, José Guimarães (CE), e no Senado Wellington Dias (PI). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estava confirmado mas não pôde ir.

Os petistas consideraram a conversa "muito dura". Saíram de lá com o recado anotado: o PMDB quer saber até quanto o PT cederá nos palanques estaduais como retorno pelo apoio em nível nacional à reeleição da presidente Dilma Rousseff, sob pena de não se coligarem oficialmente.

Os pemedebistas disseram que o cenário de 2014 nos Estados é muito diferente do de 2010 e, nesse sentido, o apoio do PMDB a Dilma tem um papel muito maior. Foi apresentado o quadro: em muitos colégios eleitorais importantes em que se obteve larga vantagem na disputa presidencial a configuração de forças mudou.

Caso de Minas Gerais, que terá a candidatura do mineiro Aécio Neves (PSDB), de Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos (PSB) também deve se lançar, e da Bahia, onde Geddel Vieira Lima (PMDB) deve disputar o governo do Estado contra a candidatura patrocinada pelo governador Jaques Wagner (PT).

Os pemedebistas mostraram que a diferença de votos obtida em 2010 nesses colégios eleitorais não deve ser repetida em 2014. E que ao não atender o PMDB nesses Estados pode haver uma influência na convenção nacional do partido que definirá o apoio ou não à reeleição de Dilma.

Rui Falcão disse que o PT fará todo esforço possível pela aliança. Uma nova reunião ficou de ser marcada para verificar se houve avanço nos Estados mais problemáticos. A ideia é definir uma estratégia conjunta das duas legendas que, depois, será levada a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que eles atuem, onde for necessário.

Foi feito um mapeamento Estado por Estado. Há casos que não são considerados problema, ou porque as duas legendas estão juntas ou porque cada um terá um candidato, mas sem confronto, ou seja, de forma orquestrada. É o caso de São Paulo, onde o fato de PT e PMDB apresentarem candidatos é considerado uma estratégia positiva para os aliados vencerem a hegemonia política do PSDB.

Em uma segunda categoria, estão os Estados onde há sinalização de entendimento entre PT e PMDB, como Pará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. Em Alagoas, Falcão afirmou que o PT vai apoiar Renan, pré-candidato ao governo. Na Paraíba, o petista acena com a possibilidade de aderir à candidatura pemedebista do senador Vital do Rêgo, que participou do jantar, ou de seu irmão, Veneziano do Rêgo.

O maior problema - e o mais emblemático para a parceria nacional - continua sendo o Rio de Janeiro. Eduardo Cunha cobrou a adesão dos petistas à candidatura do vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Pregou a importância do Estado no apoio ao governo federal e pelo fato de ser o candidato do PMDB, que governa o Estado com Sérgio Cabral, já reeleito, e a prefeitura da capital, com Eduardo Paes. Falcão, no entanto, não assumiu o compromisso. Disse que o PT tem um pré-candidato bem avaliado, o senador Lindbergh Farias, e a situação no Estado tem que ser melhor discutida.

O senador Jader Barbalho (PA), também presente, cobrou definição do PT com relação à candidatura do seu filho, Helder Barbalho, pré-candidato ao governo do Pará. O pemedebista afirmou que o tempo está passando e está mais do que na hora de o PT tomar posição. Segundo Falcão, a tendência é de apoio a Helder.

Outra categoria de Estados é a daqueles onde o cenário eleitoral está indefinido, como o Ceará, onde o senador Eunício Oliveira (PMDB), pré-candidato, não sabe, ainda, se contará com o PT em sua campanha. Mas, nesse caso, os dirigentes do PMDB e do PT avaliaram que a solução depende mais do governador Cid Gomes (PSB).

Outro Estado colocado entre os indefinidos é o Mato Grosso do Sul, onde os dois partidos poderão ou não estar juntos. Por enquanto, as duas legendas têm pré-candidatos, com possibilidade de dois palanques para a campanha de Dilma. Mas não está afastada a possibilidade de entendimento. Pernambuco também foi colocado nesse bloco. Problemas pontuais também foram apontados no Pará, Paraíba e Alagoas.

Até o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), fez críticas ao governo federal, por permitir que a oposição - no caso do seu Estado, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB) - tire mais proveito político de obras realizadas no Estado com recursos federais. Citou obras da Suframa, nas quais o governo federal teria investido cerca de R$ 100 milhões, nas quais não há qualquer placa indicando a participação de recursos federais. Arthur Virgílio é que estaria capitalizando politicamente.

Fonte: Valor Econômico

Aécio ironiza viagem de Dilma

Para o tucano, presidente fez em Minas o quinto anúncio do mesmo programa e desrespeitou os mineiros

Paulo de Tarso Lyra

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), considerou desrespeitosa a visita feita ontem pela presidente Dilma Rousseff à cidade mineira de São João del-Rei para anunciar a liberação de R$ 1,6 bilhão para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. Para Aécio, provável candidato do partido ao Planalto em 2014, Dilma se esqueceu das várias lacunas nos serviços federais nos estados e concentrou-se em anunciar, pela quinta vez, o mesmo programa (leia abaixo). “Eu esperava que ela tivesse com os mineiros a mesma consideração que demonstrou ter com o ET de Varginha”, ironizou o presidenciável do PSDB.

A provocação de Aécio refere-se a uma declaração da presidente feita no início do mês. Em visita a Varginha, no sul do estado, ela disse a rádios locais que tinha muito respeito pelo suposto extraterrestre que teria sido visto na cidade mineira na década de 1990. “Eu sei que aqui quem não viu conhece alguém que viu. De qualquer jeito, eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido”, brincou.

Aécio lembrou que a primeira vez que Dilma anunciou recursos do PAC para cidades históricas foi em 2009, em Ouro Preto. A presidente era ministra-chefe da Casa Civil, Lula era o presidente da República e Aécio, governador de Minas. De lá para cá, segundo o tucano, foram mais três anúncios dos mesmos recursos com as mesmas finalidades, culminando com a solenidade de ontem. “Dilma deveria lembrar de outras questões mineiras ao invés de ficar repetindo anúncios”, disse Aécio.

Agenda eleitoral
Aécio Neves prepara uma série de viagens pelo país para consolidar-se como alternativa concreta ao PT nas eleições do ano que vem. Um dos focos será São Paulo, onde conseguiu avanços ao incorporar tucanos paulistas na direção partidária, como o ex-vice-governador do estado Alberto Goldmann e o deputado Mendes Thame. O primeiro é um dos vice-presidentes da legenda, e o segundo, secretário-geral.

O presidenciável do PSDB estará neste fim de semana em Ribeirão Preto e Barretos — aproveitando os últimos dias da Festa do Peão. “Vamos conversar com nossos deputados e prefeitos para saber as demandas da região”, disse Aécio.

A partir de setembro, o PSDB organizará quatro grandes seminários regionais para consolidar o senador mineiro como um nome nacional. Todos serão promovidos em cidades ou estados administrados pelo PSDB e reunirá todas as lideranças do partido nas respetivas regiões.

O primeiro seminário está marcado para 15 de setembro, em Curitiba, com a participação de tucanos da Região Sul. Depois, a caravana tucana pousa em Maceió, cidade governada pelo correligionário Rui Palmeira. O estado de Alagoas também está sob o comando do PSDB há dois mandatos, com Teotônio Vilela Filho.

A terceira escala será em Manaus, do prefeito Arthur Virgílio, que impôs, no ano passado, uma das maiores derrotas ao PT e a Lula, que empenhou-se pessoalmente para eleger a comunista Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) prefeita da cidade. O ciclo de seminários termina em meados de outubro, em Goiânia.

Aécio assegurou que, cada vez mais, o PSDB vai firmar-se como uma oposição sem adjetivos. “Está cada vez mais claro o mal que o PT está fazendo ao país. É contra esse intervencionismo na economia, esse projeto social que apenas administra a pobreza e não acaba com ela, que nós precisamos nos posicionar”, completou.

“Eu esperava que ela (Dilma) tivesse com os mineiros a mesma consideração que demonstrou ter com o ET de Varginha”

“Dilma deveria lembrar de outras questões mineiras ao invés de ficar repetindo anúncios”
Aécio Neves, presidente nacional do PSDB

Fonte: Correio Braziliense

Arthur Virgílio descarta prévias e diz que a vez é de Aécio

Paulo Peixoto

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), disse nesta terça-feira (20) que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o "pole-position" tucano na corrida pela Presidência em 2014 e que, por isso, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB-SP) deveria apoiá-lo.

Em São João Del Rei (MG) para anúncio de um programa federal de conservação do patrimônio histórico, Virgílio disse que as prévias são um bom instrumento de escolha de candidatos, mas que não há mais tempo para realizá-las, como quer Serra. Afirmou ainda que Aécio, presidente nacional do partido, tem o "dever" de unir o PSDB.

"No momento próprio, a pole-position é do Aécio, está muito claro. Creio que é a vez dele, que o correto seria o Serra se juntar com ele, apoiar", disse Virgílio.

Virgílio disse que o PSDB precisa fazer como todo partido de democracia madura. "Quando é a vez do fulano, o fulano tem que ser apoiado por todos. Quando é a vez do beltrano, o beltrano tem que ser apoiado por todos".

"O Aécio está muito bem, tem condição de unir o partido. A vez anterior era do Serra [a obrigação de unificar o PSDB]. Não falta competência pessoal nem histórica ao Aécio para unir o partido, mas o dever de unir é sobretudo de quem vai disputar", afirmou.

O prefeito de Manaus foi a Minas participar do lançamento do PAC Cidades Históricas, lançado pela presidente Dilma Rousseff.

Ex-crítico ferrenho do PT e do governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando era senador, Virgílio disse que só quer saber de 2014 a partir de março do ano que vem. Antes, quer administrar os problemas de Manaus.

Questionado se via motivação eleitoral no fato de Dilma ter lançado o PAC Cidades Históricas na terra da família Neves, portanto, ele não concordou. "Homenagear São João Del Rei termina homenageando o Aécio, porque homenageia Tancredo", disse o tucano.

Fonte: Folha de S. Paulo

Em recado a Serra, Aécio diz que votará por prévias se elas forem solicitadas

Gabriela Guerreiro

BRASÍLIA - Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) defendeu nesta terça-feira (20) a realização de prévias na sigla para a escolha do candidato que vai disputar a Presidência da República em 2014. Provável candidato ao Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem, Aécio disse que vai votar a favor das prévias se elas forem solicitadas por mais de um tucano "interessado" em disputar o Palácio do Planalto.

"Em 2009 eu propus ao partido as prévias, continuo achando que são instrumentos importantes. Basta que dentro do prazo de filiação, depois de outubro, haja mais de um postulante e essa postulação seja submetida à Executiva do partido, como prevê o estatuto do partido. Eu não mudei de opinião", disse.

Em um recado ao ex-governador José Serra, Aécio disse que "até saúda" aqueles que "evoluíram de posição" e agora defendem a realização das prévias no PSDB para a corrida presidencial. Nas duas últimas eleições, o partido escolheu Serra como candidato sem realizar a disputa interna.

"Se for proposta à executiva do partido, mas para isso é preciso que depois do prazo de filiação haja mais de um postulante, posso adiantar que o meu voto será favorável."

Apesar de se mostrar favorável às prévias, o senador disse que o assunto não está em discussão na sigla, nem há data para a sua possível realização.

Serra defendeu esta semana as prévias caso o partido tenha mais de um pré-candidato à Presidência em 2014. O ex-governador tenta ganhar apoio dentro da sigla para lançar seu nome na disputa, embora Aécio seja declarado oficialmente o futuro candidato tucano.

Ao mesmo tempo que defende as prévias, Serra discute sua possível migração para o PPS --partido pelo qual poderia entrar na disputa, caso o PSDB referende o nome de Aécio.

O senador tucano disse que tem um "grande respeito pelo companheiro Serra", mas que a decisão sobre a sua saída do PSDB deve ser algo pessoal do ex-governador.

"Ele é parte da historia do PSDB. Acho que todos nós gostaríamos que ele ficasse no PSDB na mesma trincheira que nós estamos. Mas questão de mudança de partido é sempre uma questão pessoal. Obviamente, o PSDB saberá respeitar. Eu pessoalmente gostaria de tê-lo na qualidade que tem com o espírito público que tem demonstrado dentro do partido, nos ajudando no enfrentamento daquele que é o adversário, que é o desgoverno."

Questionado se Serra seria um bom candidato para o Senado em 2014, Aécio disse que o ex-governador "é ótimo candidato a qualquer cargo".

Recado

Em mais um recado a Serra, Aécio disse que o PSDB deve se unir para enfrentar seu "real adversário", o governo federal administrado pelo PT. "Nós somos oposição a isso que está aí. E cada vez isso vai ficar mais claro para quem não concorda com esse modelo", afirmou.

O senador disse estar disposto a "construir pontes e agregar forças" dentro do partido. "Quanto mais próximos nós estivermos, quanto mais nós pudermos colocar os interesses do país acima dos nossos próprios interesses, melhor para todos nós. Vemos como legítimas quaisquer postulações."

Mesmo negando sua candidatura à Presidência, Aécio deu início a uma agenda de viagens para alavancar seu nome na disputa presidencial. O tucano confirmou que vai, a cada dez dias, fazer viagens a São Paulo --reduto eleitoral de Serra.

Também disse que vai intensificar as visitas ao Nordeste em setembro com a criação de uma "agenda programática" para a região. A ideia é visitar os Estados do Nordeste a cada 15 dias.

Em outubro, o senador prometeu realizar um encontro do PSDB do Centro-Oeste em Goiânia.

"Eu não sou candidato. Eu sou hoje presidente do PSDB. Não existe nenhuma postulação à candidatura presidencial. Eu não posso especular. Toda minha movimentação é uma movimentação responsável, que pensa na construção dos palanques regionais, em garantir capilaridade para que nós tenhamos uma ampla representação", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos reconhece dificuldade para compor chapas no Rio e na Bahia

Para governador, situação do PSB é de conforto em Minas, São Paulo, RS e Paraná

Letícia Lins

RECIFE — Depois de cinco horas de reunião a portas fechadas com presidentes de diretórios regionais dos seis maiores colégios eleitorais do país, o Presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos, reconheceu dificuldades para compor as chapas proporcionais do partido na Bahia e no Rio de Janeiro, mas afirmou que nos quatro outros estados — Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná — a situação é de conforto. O encontro foi realizado em Recife, na noite de segunda-feira, para discutir a formação de chapas de candidatos a deputados estaduais e federais nos estados. O objetivo da legenda é aumentar de 35 para 50 parlamentares a bancada na Câmara dos Deputados.

— Chegamos à conclusão que temos situações boas, medianas e preocupantes. Quatro estados estão bem, mas nos outros dois ainda há muito trabalho pela frente — disse o socialista, assegurando que o único objetivo da reunião foi esse.

Os companheiros de legenda que participaram do encontro, no entanto, lembraram que é a construção das chapas proporcionais que vai garantir um maior tempo na televisão para os candidatos aos governos estaduais e à Presidência. Eles disseram que além de eleger 50 deputados federais, o partido quer lançar doze candidatos nos estados e ainda garantir meios e palanques para Eduardo Campos, cuja candidatura já é unanimidade em São Paulo. No estado, uma consulta feita nos municípios indicou que 96 por cento dos filiados ao partido aprovam a candidatura de Eduardo e já defendem a entrega dos cargos no governo federal, assunto que o governador pretende adiar para o mês de outubro.

Segundo o Secretário Geral do PSB, Carlos Siqueira, a mesma consulta está sendo feita nos demais estados, e até o final do ano haverá uma avaliação completa do quadro, quando deverá então ser discutida a sucessão presidencial. Apesar de estar com o nome na rua, manter a agenda nacional e ter feito constantes reuniões, o governador não assume publicamente que é candidato.

— Fizemos uma reuniaõ ordinária em Recife e que não tem nada de extraordinário. Todos os partidos estão fazendo isso. Estamos promovendo encontros com grupos de seis estados, para construirmos uma visão de como vamos chegar ao prazo final para novas filiações. Criamos comissão para operacionalizar esses contatos e depois ela vai apresentar os resultados à executiva nacional. O debate sobre sucessão presidencial só será aberto em 2014, por enquanto estamos preocupados com os prazos de 2013.

Apesar de afirmar, também, que vem limitando o debate às chapas proporcionais, o PSB já trabalha com a possibilidade de lançar o nome do Senador Rodrigo Rolemberg para o governo do Distrito Federal e tentou sem sucesso atrair o Senador Lindenberg Farias (PT-RJ) para arrumar o planque no Rio de Janeiro.

No Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque já disse que poderá ser candidato, se for necessário.

— O PSB tem um vice lá, e a gente está estudando a situação. Se for preciso, para ajudar a compor o palanque de Eduardo, até eu posso sair candidato — disse o deputado gaúcho.

Em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, já se fala até na possibilidade de palanques duplos, que possam servir tanto tanto ao PSB quanto ao PSDB. A posição do socialista sobre o caso, no entanto, ainda é de completa descrição. E apesar da cautela sobre o assunto, os correligionários do presidenciável que estiveram em Recife não falaram em outra coisa. Afirmaram que a ansiedade nas bases é grande pela candidatura do socialista.

— A idéia é no mínimo manter os governadores que já temos (seis), e a meta para chegar a doze já é audaciosa, porque temos um partido de tamanho médio, que também quer eleger 50 deputados federais e o presidente da República. O PSB pretende lançar candidatos próprios em Tocantins, Goiás, Roraima e vários outros estados que estão com candidaturas em projeto. Mas o nosso projeto principal é ter Eduardo Campos como nosso candidato a presidente — contou o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque.

Fonte: O Globo

Aécio sobre prévias no PSDB: 'Saúdo aqueles que evoluíram de posição'

Mineiro quer consulta só em outubro, para que Serra não possa deixar o partido

Paulo Celso Pereira, Silvia Amorim

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Lastreado no apoio que tem de maioria do PSDB para disputar a Presidência da República em 2014, o senador Aécio Neves (MG) reafirmou ontem que defende a realização de prévias para escolha do candidato do partido ao Palácio do Planalto. A informação foi antecipada ontem pela coluna de Merval Pereira, no GLOBO. A fala do senador é mais um lance no jogo do xadrez político que trava há quatro anos contra o ex-governador de São Paulo José Serra, que sonha disputar pela terceira vez a Presidência. A estratégia do mineiro, com esse gesto, é forçar uma decisão de Serra.

- A minha posição em relação às prévias é a que eu sempre tive. Em 2009, propus ao partido as prévias. Basta que depois do período de filiação, em outubro, haja no partido mais de um postulante e essa postulação (das prévias) seja submetida à Executiva do partido, como prevê o estatuto. Não mudei de opinião e até saúdo aqueles que evoluíram de posição. Se houver mais de um postulante, posso adiantar que meu voto será favorável - afirmou.

A referência a uma "evolução" de posição é uma alfinetada direta em Serra. Entre 2009 e 2010, Aécio sugeriu que o partido realizasse prévias para escolher o candidato da legenda à Presidência. Serra trabalhou contra a consulta e conseguiu consolidar-se como o candidato contra Dilma. Agora, o momento é oposto. Hoje, o mineiro detêm apoio da maioria dos diretórios do PSDB, enquanto Serra, isolado, até cogita sair do partido.

Exatamente em função do flerte do paulista com outras legendas, Aécio deixa claro que as prévias só poderiam ser solicitadas após o fim do prazo para troca de partido, início de outubro. Assim, para avançar na tese das prévias, Serra precisará desistir de deixar o PSDB. A defesa das prévias tem também a intenção de esvaziar eventual discurso de Serra de que sairia do partido por não ter condições de ser candidato. Ontem, Aécio fez questão de reafirmar que torce para que o rival continue no PSDB:

- Tenho enorme respeito pelo companheiro Serra e reitero isso sempre que posso. Ele é parte da história do PSDB e acho que todos nós gostaríamos que ele ficasse no partido, na mesma trincheira onde nós estamos. Agora, mudança de partido é sempre uma decisão muito pessoal.

Provocado a responder se Serra seria um bom candidato ao Senado, cenário mais provável caso ele continue no partido, Aécio tergiversou:

- Serra será sempre um ótimo candidato a qualquer cargo.

Em São Paulo, tucanos disseram que Aécio não se comprometeu a fazer nada além do que manda o próprio estatuto do partido. Mas viram no gesto algumas motivações de ordem política. De um lado, ele estaria tentando estancar uma sangria decorrente da disputa interna das últimas semanas, com troca de declarações ríspidas entre aliados de Serra e Aécio sobre o favoritismo do mineiro dentro do partido. Aliados do paulista também acreditam que o mineiro busca impedir a saída de Serra por não ter interesse de vê-lo disputando a eleição por outra sigla:

- Com o Serra em outro partido, a dificuldade que o Aécio terá de entrar em São Paulo e no Sul do país será muito grande - disse Alberto Goldman, um dos vice-presidentes do PSDB.

Se a garantia de prévias será suficiente para manter Serra no partido ainda é uma incógnita.

- Ninguém sabe qual será a decisão dele - afirmou Goldman.

Até agora nem Serra nem Aécio se apresentaram formalmente como pré-candidatos para 2014. Mas ambos colocaram seus aliados para trabalhar pela vaga e estão viajando pelo país em busca de apoios dentro do PSDB e junto ao eleitorado. O presidente do PSDB em São Paulo, Duarte Nogueira, elogiou a postura de Aécio:

- Prévias reforçam o espírito democrático de atuação que o partido tem que ter com qualquer um de seus filiados e são bem-vindas porque dá a oportunidade de ativar o partido.

Caso a tese das prévias tucanas avance, outro embate já é certo: a definição de quem serão os eleitores. Aliados de Aécio defendem que sejam, preferencialmente, por delegados do partido - entre os quais o mineiro é favorito. Aliados de Serra querem que o espectro seja o mais aberto possível, até incluindo eleitores não filiados à legenda, o que abriria possibilidade de vitória do paulista.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) defendeu as prévias:

- Seria um método democrático. Prévia é o meio de se resolver esse tipo de disputa. O importante é que as regras sejam claras e haja igualdade de condições - disse Aloysio.

O deputado Sérgio Guerra (PE) acredita que a consulta é viável, mas considera consolidada a posição de Aécio, de quem é aliado:

- Não é difícil que todos os filiados possam votar. Acho que o partido, de forma muito majoritária, deseja a candidatura de Aécio, mas se houver outro candidato é possível fazer as prévias. O Serra realmente é muito forte, mas não para ser candidato agora à presidência da República.

Fonte: O Globo

Aécio pede prévias para encurralar Serra

Provável candidato à Presidência propõe consulta após 5 de outubro, limite para ex-governador decidir se disputa eleição por outra sigla

João Domingos e Erich Decat

BRASÍLIA - Presidente do PSDB e provável candidato à sucessão presidencial no ano que vem, o senador Aécio Neves (MG) disse que aceita as prévias para a escolha do candidato tucano, mas só depois do fim do prazo de filiação partidária, em 5 de outubro. Com a decisão, Aécio deixa José Serra numa situação difícil, pois o ex-governador estuda a possibilidade de mudar de partido e até já conversou com o PPS. E é Serra que mais tem insistido na realização de prévias.

Aécio disse, em coletiva que deu em Brasília, que sempre defendeu essa fórmula. "Em 2009 eu propus ao partido as prévias. Continuo achando que são instrumentos importantes. Basta que dentro do prazo de filiação, depois de outubro, haja mais de um postulante e essa postulação seja submetida à Executiva do partido, como prevê o estatuto", afirmou.

Aproveitou o momento para dar uma estocada em Serra, que no passado não apoiava as prévias: "Eu não mudei de opinião e até saúdo aqueles que evoluíram de posição".

Mas as eventuais candidaturas, acrescentou, só podem ser discutidas "lá na frente". Ressaltou que ele mesmo, como provável candidato presidencial, ainda não é candidato a nada. "Estou agindo hoje como presidente de partido. Acho que o PSDB deve definir a sua candidatura à presidência no início de 2014."

Indagado se pretende lutar para segurar Serra no PSDB, Aécio disse que o ex-governador faz parte da história do partido. "Todos nós gostaríamos que ele ficasse no PSDB, na mesma trincheira em que nós estamos." Mas, se Serra mudar de partido, ele disse que respeita a decisão. "Mudança de partido é sempre uma questão pessoal. Eu gostaria de tê-lo na qualidade que tem, nos ajudando no enfrentamento do adversário, que é o desgoverno."

Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), aliado de Serra, o fato de Aécio falar de prévias somente depois do prazo para filiação partidária não atrapalha os planos do ex-governador. "A realização de prévias precisa de um tempo de preparação, de regras claras, quem pode ser consultado, É preciso tempo para organizar."

Pragmático. No PSDB de São Paulo. a ideia de realizar prévias enfrenta obstáculos. "Sou pragmático. O Aécio reuniu em Brasília todos os presidentes regionais do PSDB que, por unanimidade, disseram que ele seria o candidato a presidente. Um segundo candidato teria que ter um mínimo de chance. E me parece que o Serra não tem", afirma Nilton Flávio, presidente d o PSDB paulistano.

Outro adversário da ideia é o ex-senador e hoje prefeito de Manaus Arthur Virgílio (AM). Em São João del-Rei (MG), presente ao evento com a presidente Dilma Rousseff, Virgílio afirmou que "não há tempo" para as previas para 2014. Segundo ele, a "pole position" dessa corrida já é de Aécio e a Serra caberia apoiá-lo. "Está muito claro que é a vez dele (Aécio)".

Encontros. De sua parte, José Serra continua se movimentando. Ele informou que no próximo final de semana se reunirá em Ribeirão Preto e Barretos com representantes de cerca de 70 cidades. Seu projeto é, a cada dez dias, fazer uma incursão pelo interior paulista. Anunciou também vários encontros regionais - o primeiro, dia 13 de setembro, para a região Sul, em Curitiba. Os seguintes serão em Maceió, em Manaus e Goiânia

Colaboraram Pedro Venceslau e Marcelo Portela

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos invade seara tucana do empresariado

Por Vandson Lima

SÃO PAULO - Tucano declarado, José Honório de Tofoli, presidente da Moinhos Anaconda, melhor empresa do setor de alimentos de acordo com o anuário "Valor 1000", não leva fé na candidatura do senador Aécio Neves (MG). "Não acho que tenha chances nem que esteja preparado para o cargo". José Serra então, nem pensar. "Ah, não. Serra morreu e esqueceram de enterrar".

Assim como Tofoli, empresários que dirigem algumas das maiores empresas do país - e que estiveram presentes à premiação - se dizem pouco satisfeitos com o governo Dilma Rousseff. A elevação da taxa de câmbio, dizem, é apenas o problema do dia, e apontam a falta de um rol de ações norteadoras como o verdadeiro entrave ao crescimento. Em sua maioria, desdenham da candidatura da ex-senadora Marina Silva (AC), bem como da postulação senador mineiro. Enxergam no governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o homem certo para ocupar o Planalto nos próximos anos, em que pese seus 8% no Datafolha.

Uma das empresas que lidera a produção de farinha de trigo no país, a Anaconda doou R$ 100 mil ao PSDB nas eleições de 2010, ano em que suas receitas subiram 8% e os custos caíram 3,6%, angariando margem de 16% de lucro, considerada alta no setor. Mas a demanda esfriou em 2011, as receitas ficaram estáveis e os custos subiram 1,6%. Como consequência, o lucro caiu 5,2%. A recuperação de receita em 2012, com alta de 7,1%, foi superada pelos custos, que subiram 11,1%. A margem de lucro caiu de 16% em 2010 para 15,2% no ano passado, o que leva Tofoli a culpar o governo pelo cenário pouco propício a investimentos: "Não há decisões firmes na área econômica. Temos que pensar o tempo todo se investimos ou não".

Tofoli admite que programas de distribuição de renda aumentaram o consumo geral, mas não vê nas ações do governo fator decisivo para o bom desempenho de sua empresa. Na seara política, diz, sobre a segunda colocada nas pesquisas: "Não tenho a menor boa vontade com a Marina. Não a vejo como administradora, não vai conseguir lidar com o Congresso". Já Campos lhe arranca um sorriso. "Tenho enorme simpatia pelo Eduardo. Companheiros de setor falam muito bem dele. É alguém que quer ajudar o empresariado, trabalhar junto, dialogar. Mas estou aguardando para ver sua plataforma de governo", diz.

Diretor-superintendente do grupo sucroalcooleiro Santa Terezinha, Ágide Meneguete é outro que se encantou com a conversa de Campos. "Fui para uma audiência de 15 minutos e acabamos conversando por quase duas horas", conta, sobre um encontro recente no Recife. "A visão econômica dele me impressionou. Precisamos de facilitadores e ele está disposto a ser essa pessoa", atesta.

Campos já agendou uma visita à sede da empresa, no Paraná, para a última semana de novembro, a fim de retomar a conversa e travar contato com outros empresários da região. O balanço da holding explica a insatisfação de Meneguete, já que os lucros da Santa Terezinha, de R$ 269,1 milhões em 2011, desabaram pela metade no ano passado.

Conterrâneo do presidenciável, Edson Viana Moura, presidente da Baterias Moura, não esconde a preferência. "Eduardo dá de 10 a zero em Aécio e todos os outros. É político de mão cheia, trabalha 24 horas por dia, cumpre o que promete e tem equipe. Seu secretariado tem nível de empresa privada". A empresa doou R$ 200 mil à vitoriosa campanha de Campos em 2010.

Sob a condição do anonimato, outros empresários que estiveram com Campos nos últimos meses se disseram impressionados com sua desenvoltura em se mostrar um candidato pronto para atender as demandas do empresariado.

Para Cícero Dalla Vecchia, diretor das Lojas Cem, "depois do Plano Real, não houve um projeto integrado para pensar o desenvolvimento do país", alega. "Não dá mais para dar isenção para carro sem ter estrada para rodar. O PT está no governo há 10 anos, teve tempo para pensar em ações articuladas". Na contramão de seus pares, Dalla Vecchia acredita que, por não estar amarrada a estruturas partidárias tradicionais, Marina pode "simbolizar o novo e ter facilidade para promover as mudanças necessárias", avalia. "Aécio e Campos serão algo parecido com o que temos hoje".

Membro do Conselho de Administração da Votorantim, Claudio Ermírio de Moraes diz que "falta à oposição apresentar uma proposta ao país". O combate à inflação, avalia, deve estar no centro das preocupações do governo. "É melhor trabalhar em um ambiente com juro alto do que com inflação", diz.

Segurança jurídica para além do calendário eleitoral é o que cobra Tadeu Carneiro, presidente da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). "É preciso que exista um plano diretor robusto para o país, que seja de longo prazo e que possa ser implementado independentemente dos mandatos dos dirigentes políticos".

Presidente de uma das maiores empresas de construção de shopping centers do país, José Isaac Peres, da Multiplan, avalia que o cenário é difícil, mas não inibe investimentos. "O momento é de turbulência e ajuste, mas nossas instituições são sólidas". Ele demonstra, na mesma medida, simpatia por Aécio e Eduardo Campos, "pois foram bons governadores". Assim como Peres, Antônio Carlos Marinho, presidente da mineradora Kinross, não vê problemas em uma eventual eleição de Marina Silva, que em tese aumentaria a rigidez de medidas de proteção ambiental. "Somos uma empresa sustentável, fizemos a lição de casa".

Os presidentes da Whirlpool (eletrodomésticos), João Carlos Brega, da Atlas Schindler (elevadores), Andre Inserra e da regional Latina da Level 3 (telecomunicações), Hector Alonso, concordaram que o país possui um ambiente democrático e institucional consolidado, não sendo a hora de recuar no plano de investimentos de longo prazo.

(Colaboraram Natalia Viri, Felipe Marques, Olivia Alonso, Letícia Arcoverde e João José Oliveira)

Fonte: Valor Econômico

Para governador, quadro sucessório não está claro

Por Murillo Camarotto

RECIFE - Depois de reunião realizada na noite de segunda-feira com líderes do PSB nos seis maiores colégios eleitorais do país, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse que o cenário para a sucessão presidencial ainda não está claro e que o seu partido tem que reforçar as chapas proporcionais na Bahia e no Rio de Janeiro.

Durante o encontro, realizado em um hotel do Recife, foram discutidas estratégias para o aumento da bancada no PSB na Câmara a partir de 2015. O partido, que conta hoje com 35 parlamentares, quer eleger 50 no ano que vem.

Para isso, segundo Campos, foi identificada a necessidade de aprimorar as coligações proporcionais na Bahia e no Rio de Janeiro. Nos outros quatro Estados analisados - São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul -, a situação estaria mais confortável.

Questionado sobre a posição do PSB em São Paulo, Campos preferiu não entrar em detalhes, mas deu a entender que o partido deve seguir na base de apoio ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O pernambucano disse ainda que não foram discutidos nomes de eventuais candidatos a governador pelo partido. O PSB quer lançar ao menos dez postulantes no ano que vem. A sucessão presidencial, segundo ele, também ficou de fora do debate. "Não abrimos debate para sucessão estadual e nem nacional. Achamos que o quadro ainda não está claro, nem é o tempo certo. Antecipar esse debate sempre teve a nossa contestação."

Fonte: Valor Econômico

Manobra do PT impede análise de contas de 2003

Partido desistiu de recurso contra multas para evitar que TSE pudesse rever contabilidade do ano do mensalão

Chico de Gois

BRASÍLIA - Numa manobra de última hora, os advogados do PT apresentaram ontem uma petição para desistir de um recurso no Superior Tribunal Eleitoral (TSE) que poderia levar a uma nova análise das contas do partido de 2003, ano em que começou a ser operado o esquema do mensalão.

Com a petição, o partido pôs fim à tramitação no TSE do processo que analisava a contabilidade partidária e que estava aberto na Corte há dez anos. Ficou mantida, então, uma decisão monocrática da ministra Cármen Lúcia que, em 2010, aprovou a contabilidade do partido daquele ano, mas com ressalvas. E caberá ao PT pagar uma multa calculada pelo TSE em R$ 180 mil.

Na sessão de ontem, os ministros iriam avaliar um recurso do próprio PT que apelava contra a aprovação com ressalvas das contas e a imposição de multa de R$ 50,9 mil, além da obrigação de recolher ao erário R$ 129,9 mil. Até ontem, o PT não aceitava as ressalvas nem queria pagar a multa.

O recurso apresentado pelo PT foi parar nas mãos do ministro Dias Toffoli, que foi advogado da sigla junto ao TSE, em 2003. Toffoli segurou o processo por mais de um ano. Ontem, quando o recurso iria ser apreciado em plenário, o PT enviou a Toffoli petição desistindo do caso. O ministro comunicou a desistência ao plenário, que não pôde debater as contas. No julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, a contabilidade do PT foi considerada fraudada.

Antes de anunciar que o caso estava encerrado, a presidente do TSE, Cármen Lúcia, pediu licença para se explicar diante de polêmica em torno de pareceres produzidos por técnicos do tribunal. Estes passaram anos recomendando a rejeição das contas e, em 2010, mudaram de entendimento. Ela sustentou que seguiu o parecer técnico e julgou com base no que havia nos autos do processo no TSE. O Ministério Público Eleitoral, segundo ela, concordara com a análise:

- Outras situações não estavam nos autos, embora houvesse referências a diálogos (sobre o mensalão). Foi com base na análise técnica do que estava nos autos que eu me baseei para aprovar as contas com ressalvas.

Depois da aprovação de Cármen Lúcia, um outro parecer técnico chamou a atenção para o fato de que o relatório no qual a ministra havia se baseado deixara de considerar irregularidades que teriam sido cometidas pelo PT, como o mensalão e caixa dois.

"Desconsiderar as graves e expressivas irregularidades já apontadas pode levar a Justiça Eleitoral ao erro de atestar que a real movimentação financeira e os dispêndios e recursos aplicados nas campanhas eleitorais pelo PT se resumem ao que consta da contabilidade e dos documentos aqui informados", dizia relatório.

Fonte: O Globo

PT desiste de recurso em caso no TSE

Por Juliano Basile

BRASÍLIA - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) arquivou o recurso do PT contra a aprovação das contas do partido de 2003 com ressalvas. A decisão foi tomada após a desistência do próprio PT do recurso.

O relator do processo, ministro José Antonio Dias Toffoli, informou aos demais integrantes da Corte que o pedido de desistência do PT foi encaminhado ao tribunal ontem à tarde. Ele meramente acolheu o pedido. "Eu sugiro a homologação do pedido de desistência", disse Toffoli aos demais ministros, que seguiram o seu voto.

A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, fez uma longa explicação sobre o caso, que se tornou polêmico, pois 2003 foi o ano em que o PT obteve empréstimos dos bancos Rural e BMG. Ambos foram citados no escândalo do mensalão, que, em 2012, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Cármen Lúcia lembrou que o processo passou pelas mãos dos ministros Gilmar Mendes, em 2004, por Cezar Peluso, em 2005 e Joaquim Barbosa, entre 2008 e 2009, quando chegou às suas mãos. Segundo ela, a área técnica do TSE concluiu pela aprovação com ressalvas, em diversos momentos da análise.

Houve ainda uma manifestação pela desaprovação das contas, que foi feita pela Procuradoria Eleitoral, em 2005, ano em que veio a público o caso do mensalão e os empréstimos de 2003. Mas essa decisão foi revista, segundo a ministra, depois que a área técnica do TSE concluiu que as irregularidades apontadas não ultrapassaram 1,75% dos valores do Fundo Partidário de 2003 (aproximadamente R$ 421 mil) "pelo que passou a recomendar a aprovação com ressalvas". "Por isso que o Ministério Público emitiu parecer no sentido de que eu segui rigorosamente, pela aprovação com as ressalvas que foram elencadas", concluiu a ministra. "O caso foi feito sob análise técnica ao longo de mais de sete anos", enfatizou. Pela decisão, o PT terá que pagar R$ 129 mil ao Erário e R$ 50 mil ao Fundo Partidário. O partido recorrera para não ter que pagar esses valores. Mas optou por desistir e encerrar o caso, pois, se fosse condenado, poderia perder o direito a repasses do fundo.

Fonte: Valor Econômico

PSB investe em frente com PDT e PSOL

No Rio, Campos quer distância do PMDB de Cabral e Pezão

Maria Lima

BRASÍLIA - O presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, resolveu agilizar o processo que desembocará na definição da candidatura própria do seu partido em 2014, com atenção especial à eleição no Rio, onde vai investir na criação de uma frente alternativa com PDT e PSOL, descartando qualquer aliança com o PMDB do governador Sérgio Cabral e do seu candidato, Luiz Fernando Pezão. O PSB pode lançar ao governo o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão.

Eduardo Campos reuniu em Recife, na segunda-feira, os dirigentes socialistas dos seis maiores colégios eleitorais, que representam 60% do eleitorado brasileiro, e pediu pressa na articulação de chapas majoritárias e palanques estaduais. Além do Rio, há preocupação com os palanques do PSB em Minas e na Bahia. No caso do Rio, há orientação expressa de Eduardo Campos contra aliança com o PMDB.

- Com o Pezão, nem pensar! Temos que criar alternativas novas. Vamos trabalhar fortemente na criação dessa frente - disse Campos na reunião.

- Há uma determinação de encaminhar todas as variáveis que definam a candidatura de Eduardo a presidente da República. Mas no Rio não há a menor hipótese de ficar perto do pau que afundou: Sérgio Cabral, Pezão e companhia - reforçou ontem o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque.

Eduardo Campos reclamou de morosidade na formação de chapas para deputados federais e deu um puxão de orelhas, principalmente nos dirigentes do Rio e da Bahia:

- Não é razoável para um partido que está pensando ousadamente em disputar a Presidência da República ter estados que não estão correspondendo a esse desafio.

Fonte: O Globo

Presidente do PT do Rio diz que em dez dias partido decide quando sai do governo Cabral

Encontro para debater questão teria sido esvaziado

Juliana Castro

Em até dez dias, o PT do Rio vai decidir a data em que entregará os cargos que tem na gestão do governador Sérgio Cabral (PMDB). O presidente da sigla no estado, Jorge Florêncio, afirmou que esse é o prazo para ouvir as diferentes instâncias do partido, incluindo a direção nacional. No início do mês, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, declarou que a saída de petistas do governo do peemedebista ainda não estava fechada. Agora, Florêncio diz que a entrega dos cargos é certa, só falta definir o prazo.

- Vou colocar a questão da saída do governo Cabral em pauta quando conversar com todas as forças políticas, com o Lindbergh (Farias), com a Executiva nacional - disse Florêncio.

O PT ocupa duas secretarias na gestão peemedebista: a do Ambiente, com Carlos Minc, e a de Assistência Social e Direitos Humanos, com Zaqueu Teixeira. Aliados, PT e PMDB não abrem mão de ter seus candidatos ao governo do Rio. O PT quer lançar o senador Lindbergh Farias e o PMDB, o vice-governador Luiz Fernando Pezão.

Os petistas adiaram uma reunião no início do mês, em que selariam o destino da relação com o governador. Anteontem, um novo encontro da Executiva estava marcado, mas ocorreu apenas informalmente, porque não houve quorum.

Alguns petistas afirmaram que um grupo ligado ao vice-presidente nacional do partido, Alberto Cantalice, que é do Rio, esvaziou a reunião, para que ela não tivesse quorum. Assim, não haveria o risco de ser votada a saída do governo Cabral, mesmo que o assunto estivesse oficialmente fora da pauta. Dos 21 membros da Executiva estadual, apenas 11 assinaram a lista de presença até o horário permitido. Cantalice negou ter esvaziado o encontro:

- A gente acha que a questão tem que ser discutida no momento certo, com muita calma. Não houve esvaziamento (da reunião). O encontro foi marcado num horário, e parte das pessoas entendeu que era outro.

Fonte: O Globo

Ainda sobre representação política e participação direta - Marcus Pestana

As recentes manifestações de rua tiveram profundo impacto na política brasileira e abalaram o status quo. As eleições de 2014, que as forças dominantes tinham como resolvida, se configuram como um quadro totalmente aberto. As ruas foram esvaziadas, mas há um sentimento geral de que a qualquer problema relevante ou mesmo na Copa do Mundo serão retomadas. Nas últimas semanas, houve dezenas de pequenas manifestações de grupos radicalizados, por vezes com viés extremamente autoritário. As movimentações de junho foram difusas, contraditórias e não possuíam horizonte estratégico claro. Por sua própria natureza, não houve a institucionalização de lideranças que pudessem falar em nome do conjunto. As minorias que permaneceram mobilizadas vocalizam forte sentimento antipartidos, contra o Estado e suas instituições. Expressões como “assembleia popular horizontal”, “fora do eixo”, coletivo popular expressam um desejo, que não é novo, de uma democracia direta exercida sem mediações institucionais.

Os anarquistas perseguiam uma sociedade sem Estado, a utopia marxista imaginava a supressão do Estado após a transição socialista, os liberais sempre defenderam o Estado mínimo. A democracia representativa nasceu exatamente diante da impossibilidade de governar sociedades complexas de forma direta. Mas a partir do final do século 20, com a emergência da chamada sociedade pós-moderna – fragmentada, múltipla em seus interesses, com a organização autônoma de movimentos diversos –, a democracia representativa vive uma crise crônica de legitimidade. As redes sociais temperaram esse quadro com a possibilidade de forte participação à margem das instituições.
 
Portanto, o descolamento relativo do poder e dos partidos políticos do sentimento da população não é privilégio do Brasil. As ruas tomaram emprestado dos “Indignados” espanhóis o lema “vocês não nos representam”. Há indiretamente aí um clamor por uma profunda reforma política e, principalmente, uma mudança cultural, de atitude, de forma e conteúdo, na ação de partidos, autoridades, lideranças.

Precisamos aprofundar, no Brasil, a discussão sobre como rechear nossa democracia representativa com elementos radicais de transparência e participação direta. Os movimentos de massa difusos e sem institucionalização podem contestar e até demolir o poder constituído. Mas por si são incapazes de erguer alternativas para governar os rumos da sociedade.

Há experiências cheias de elementos para a reflexão, como a do comediante, blogueiro e ativista italiano Beppe Grillo e seu Movimento 5 Estrelas, que com uma plataforma entre o populismo e o anarquismo, confrontou lideranças tradicionais como Bersani e o seu PD e Berlusconi e seus aliados, alcançando 25% dos votos nas eleições de fevereiro de 2013.

A tarefa coletiva é canalizar a energia das ruas para o fortalecimento e modernização de nossa democracia, como ferramenta de avanço social e econômico do país.

(*) Marcus Pestana é presidente do PSDB-MG. 

Artigo publicado no jornal "O Tempo" em 19 de agosto de 2013.

O fator Lula - Merval Pereira

A simples expectativa de que a economia piore com a possibilidade de a alta do dólar afetar ainda mais a inflação trouxe novamente à tona a pressão de grupos políticos e empresariais para que Lula venha a ser o candidato do PT em 2014

Por enquanto não há, no entanto, maiores consequências decorrentes desse movimento, não apenas porque o próprio Lula não se mostra disposto a aceitar a nova missão, como também a recuperação da popularidade da presidente Dilma, embora pequena, permite que ela se mantenha como a candidata natural à reeleição, não havendo por ora qualquer indicação de que sua postulação está inviabilizada.

Ao contrário, continua liderando as pesquisas de opinião, embora mais vulnerável ao ataque dos adversários, notadamente a ex-ministra Marina Silva. Também agrada ao PSDB a recuperação de Dilma, que a recoloca no páreo, longe, porém, daquela situação em que todos consideravam praticamente certa sua reeleição, e afasta momentaneamente o fantasma de Lula.

Quem tem um problema a mais para tomar a decisão sobre o futuro é o ex-governador José Serra, que terá de fazê-lo sem ter certeza de qual será o movimento posterior de Lula. Além disso, agora Serra tem diante de si a possibilidade real de uma prévia interna. Caso venha a ocorrer, a decisão de Lula de disputar só acontecerá próximo à data fatal, lá pelo final do primeiro semestre. Até lá haverá tempo suficiente para analisar a situação econômica do país e o balanço de forças partidárias. Mas o timing de Lula dependerá também da compatibilização com o tempo político do governador Eduardo Campos, que já está sendo pressionado a lançar-se candidato ainda este ano, com a devolução dos cargos no governo federal.

A possibilidade de ele vir a ser o real adversário da presidente Dilma no segundo turno já entra na análise de cenários de um banco como o JP Morgan, que o considera com mais chances de chegar ao segundo turno do que a ex-senadora Marina Silva ou o presidente do PSDB, Aécio Neves. Por ser da base aliada do governo, de uma linhagem de esquerda tradicionalmente ligada ao ex-presidente Lula, o PSB poderia se tornar o escoa-douro de votos de um eleitor descontente com o PT , mas disposto a votar em um projeto de esquerda moderna, que seria a base da campanha de Campos.

Ele uniria então a manutenção do projeto a uma visão de esquerda com a qualidade de gestão, que seria a base do projeto alternativo do PSDB, tendo à frente o senador Aécio Neves. A base partidária do PSB, com seis governadores e 28 deputados federais, se não é comparável à do PSDB, que tem 8 governadores, entre eles, os de São Paulo e Minas Gerais, e as terceiras bancadas da Câmara e do Senado, é bem mais for te do que a da Rede Sustentabilidade de Marina, ainda dependendo de confirmação pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Alguns pontos do processo do mensalão provocam polêmica devido à complexidade do nosso sistema jurídico, mas há também boa dose de má-fé nas discussões. O Supremo Tribunal Federal nunca tratou, por exemplo, de embargos infringentes em ação penal originária, como a do mensalão. Por isso a discussão neste momento, em que ministros entendem que eles são admissíveis, e outros, não.

Os embargos infringentes já analisados pelo STF são de outro tipo de ações. A Lei 8038, que trata dos processos nos tribunais superiores, não trata dos embargos infringentes, o que é um argumento a favor da sua inadmissibilidade. No entanto, não trata também dos embargos de declaração, e o Supremo os está analisando, o que seria uma contradição. A explicação estaria no fato de que os embargos de declaração não têm o poder de mudar os votos, e por isso o STF os acatou, para evitar que o acórdão tenha omissões ou obscuridades. No caso dos infringentes, como eles determinam novos julga-mentos, sua admissibilidade é discutível, inaceitável mesmo para alguns.

Fonte: O Globo

Dilema de Marina - Dora Kramer

A ex-senadora Marina Silva não discute em público nem em particular nada que diga respeito à possibilidade de não conseguir criar seu partido, a Rede Sustentabilidade, a tempo disputar a Presidência da República em 2014.

Mas o fato de Marina não trabalhar com essa hipótese não quer dizer que não haja inquietação crescente entre seus correligionários sobre a necessidade de se resolver a seguinte questão, se o pior acontecer: ela desiste de concorrer ou filia-se a outro partido?

Ninguém sabe, pois a ex-senadora não aceita falar em plano B. Seria, é verdade, render-se antes do tempo e abrir uma discussão que enfraquece o esforço para tornar válidas as quase 500 mil assinaturas exigidas para o registro do Tribunal Superior Eleitoral a fim de que o processo esteja concluído até 5 de outubro, um ano antes das próximas eleições.

Este é o prazo legal. Mas há o tempo político a ser considerado. Se quiser concorrer de qualquer jeito em 2014, Marina Silva precisará de alguma antecedência para articular a filiação a outra legenda.

Haveria, em tese, duas opções: a volta ao PV ou a entrada no PPS. Hoje, entre os partidários da Rede, considera-se a segunda alternativa mais factível que a primeira em decorrência das divergências com a direção dos "verdes", razão pela qual Marina deixou o partido.

Mas nada há além de hipóteses devido à resistência da ex-senadora em tratar do assunto. O problema é que o tempo passa e as dificuldades não são poucas. A Rede já entregou cerca de 850 mil assinaturas, mas até agora algo em torno de 200 mil foram validadas em cartórios eleitorais.

Marina tem reclamado junto à Justiça Eleitoral - pediu pessoalmente celeridade à presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia - da burocracia, dos critérios para a certificação de assinaturas, de má vontade por parte de funcionários de cartórios e até de algum grau de boicote político. Na média têm sido recusadas 20% das assinaturas, chegando a 30% em São Paulo.

Isso leva à avaliação de que há 50% de chances de a Rede obter seu registro a tempo e 50% de possibilidade de não conseguir. Essa imprevisibilidade já provocou prejuízos: dos 30 deputados que poderiam se filiar na Rede, hoje apenas três continuam firmes na decisão, dê o que der: Alfredo Sirkis (RJ), Walter Feldmann (SP) e Domingos Dutra (MA).

O dilema de Marina Silva não é fácil, pois nem pode se precipitar em jogar a toalha nem tem muito tempo para organizar a alternativa. Se de um lado a filiação a outra legenda foge ao conceito que pautou a criação da Rede como espaço partidário, digamos diferenciado, de outro a desistência de concorrer desperdiça um patrimônio considerável de 23% de intenções de votos e o segundo lugar nas pesquisas de opinião.

São decisões de custo político alto.

Cenografia. Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves diz que aceita disputar prévias para a escolha do candidato a presidente da República. Isso tendo o controle da máquina, o apoio majoritário do partido e, portanto, a plena certeza de que sairia vencedor.

Em tese, fez um lance para pôr em xeque a proposta de realização de prévias defendida por aliados de José Serra. Ao se mostrar disposto a disputar, Aécio não daria pretexto ao ex-governador para sair do partido.

Na prática, porém, não há vinculação entre uma coisa e outra: o prazo de Serra para sair ou ficar vence em 40 dias e as prévias seriam bem depois disso. De onde não faz lógica que a decisão dele se dê em razão da realização de uma hipotética disputa. Nas condições atuais, perdida.
Ao se observar os movimentos de Serra e Aécio, a impressão que dá é que estão em cena num jogo de constrangimentos mútuos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O Congresso se realinha - Fernando Rodrigues

O Congresso deixou ontem em sua pauta a votação de vetos presidenciais menos relevantes. Deu um tempo extra para Dilma Rousseff formatar contrapropostas e, assim, evitar a derrubada de outros vetos mais críticos. Apesar desse refresco, a vida do governo tende a piorar no Legislativo.

Essa conjuntura está prestes a se materializar por três razões: 1) o novo sistema de votação de vetos, 2) o orçamento impositivo e 3) a mudança na tramitação de medidas provisórias.

O novo sistema de vetos presidenciais exige uma atitude preventiva do Planalto na votação de qualquer lei. Antes, muita coisa corria solta. A presidente vetava o que bem entendia.

Agora, esses vetos têm de ser apreciados em até 30 dias depois de sua publicação. A votação é secreta e perto do incontrolável.

O orçamento impositivo --que merece uma crítica em outra coluna-- é uma emenda constitucional. Está na fase final de aprovação na Câmara. Garante de maneira compulsória a cada deputado e senador cerca de R$ 11 milhões por ano para distribuir em obras de seu interesse.

Hoje, o poder de liberar esse dinheiro é do Planalto. Tem sido uma potente ferramenta de convencimento durante votações cruciais. Deixará de existir.

Por fim, ontem a Câmara colocou para andar a emenda constitucional já aprovada pelo Senado a respeito de medidas provisórias. Se passar (e as chances são reais), impedirá as chamadas MPs-ônibus: quando assuntos incompatíveis entre si são agrupados no mesmo texto. Também dará tempo adequado à Câmara e ao Senado para debater a proposta --e torna necessária uma atuação maior do Planalto na aprovação desses dispositivos.

Esse cenário todo chega junto com a popularidade presidencial avariada, a economia andando de lado e a eleição de 2014 batendo à porta. A vida de Dilma e de todos os presidentes futuros não será fácil.

Fonte: Folha de S. Paulo

No fio da navalha - Denise Rothenburg

Há tempos o governo não vive um período tão difícil no Congresso Nacional. E os riscos à governabilidade estão diretamente relacionados às dificuldades de relacionamento entre PT e PMDB

Há tempos os parlamentares que torcem sinceramente pelo sucesso do governo não se mostram tão desconfortáveis no dia-a-dia do Congresso Nacional. Isso porque, por mais que se diga que a presidente Dilma Rousseff tenha uma grande base, esse volume de mais de 380 votos existe apenas no papel. Ela está forçada a negociar ponto por ponto. Artigo por artigo. Veto por veto. Ninguém se diz disposto a “matar no peito” sequer uma proposta da série em pauta nas duas casas, o que deixa o Planalto numa situação difícil, com sérios riscos à chamada governabilidade. E na raiz dos problemas, a relação com o PMDB, cada vez mais difícil e sem alternativas que permitam prescindir dela.

Na Câmara, nada passa sem o aval do líder do PMDB, Eduardo Cunha, cada vez mais querido dentro da sua bancada que, aliás, extrapola os limites do próprio partido. No Senado, os petistas sentem seu aliado fluido e escorregadio, capaz de escapar ao menor sinal de desgosto com o andar das alianças estaduais. Renan Calheiros, o comandante da Casa, sob a justificativa de cuidar da própria pele e da imagem da Casa, deixa aos petistas e ao governo o ônus sobre todas as coisas. (Ao ponto de deixar muitos no PT com saudade dos tempos de José Sarney).

Nos bastidores, os petistas atribuem a Renan a situação do governo de estar agora com problemas em relação ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao veto que, se derrubado, pode representar R$ 42 bilhões a menos no caixa da União. Tudo por causa das desonerações de impostos e o risco de incidir somente em contribuições exclusivas da União. Sob a ótica dos petistas, é Renan quem faz a pauta e coloca na agenda projetos que ainda não estavam com a negociação fechada.

Esse quadro antes era fruto apenas da ansiedade do PMDB em ver o latifúndio dividido de forma igualitária entre os dois partidos e se agravou quando a presidente viu declinar seus pontos nas pesquisas. Agora, entrou a questão dos palanques estaduais. Na reunião com o PT na noite de segunda-feira, os peemedebistas deixaram claro que desejam apoio em vários estados, inclusive no Rio de Janeiro, que o PT não parece disposto a ceder. Isso transforma o PT que ora blefa, ora aposta contra o Poder Executivo que ajuda a sustentar.

No caso do orçamento impositivo foi aposta, mas nos demais casos, como a questão dos vetos, o governo considera que há muito blefe. Mas são tantos que deixam os governistas sinceros zonzos. Um deles me dizia ontem que o governo saiu das cordas, mas ainda está meio desnorteado com o aliado. E o problema é que, até aqui, não há saída senão viver a cada dia a sua aflição, o que requer uma habilidade política que muitos craques nesse assunto tiveram percalços. Vejamos como se sairá a presidente Dilma. Afinal, é a primeira vez que seu governo se vê claramente no fio da navalha.

Por falar em habilidade política...
Vale prestar bastante atenção nas “entrelinhas” do que disse o presidente do PSDB, Aécio Neves, ao declarar que apoia prévias em seu partido na hipótese de haver mais de um candidato a presidente. 1) Os tucanos só vão tratar disso depois do prazo de filiação partidária (4 de outubro) para os candidatos às eleições de 2014. Ou seja, após o ex-governador José Serra ter decidido seu destino político, ficar no PSDB ou seguir para o PPS. 2) A simpatia de Aécio pelas prévias é opinião pessoal, e não uma posição formal da Executiva tucana. Significa que Serra não terá a certeza de nada, caso decida ficar no partido. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizia sempre “Serra gosta de colocar um chapéu em cada cadeira”. Agora, o ex-governador paulista terá que escolher um assento sem ter o outro reservado. Serra é mais um personagem que vive hoje no fio da navalha.

Fonte: Correio Braziliense

Procura-se a política - Rosângela Bittar

Integrantes da cúpula do PT que privam dos gabinetes em que circula a presidente Dilma Rousseff têm uma opinião a respeito de quem é, na verdade, seu real adversário na disputa presidencial: o governador pernambucano Eduardo Campos, por tudo - postura política, comportamento, pensamento, palavras e obras -, é quem incomoda mais. Apesar do discurso de que a candidata que ameaça Dilma é Marina Silva, pelo óbvio segundo lugar nas pesquisas de opinião e o potencial de transformar-se na opção de quem não quer o PT nem o PSDB, acham difícil que se torne provável.

Há a questão da criação do partido, pois a Rede está com sua tramitação muito mais atrasada do que estava o PSD, sua referência, à mesma época. Uma vez registrado o partido, considera-se que muito há ainda que acontecer. Não basta esta espécie de carta aos brasileiros dos economistas que apoiam a candidata para dar segurança de que o governo Marina não será prejudicado pelos dois fundamentalismos que se atribui aos seus alicerces, o religioso e o ambientalista.

Se atravessar a tormenta da criação do partido, ou à última hora filiar-se a uma legenda ainda sem candidato, Marina Silva terá uma campanha dura pela frente para convencer a todos que não será pautada por princípios radicais, até porque faz questão, bem como seu staff, de expor seus compromissos inabaláveis.

"Estou cansado de falar com ela, ela não faz" (Lula)

A candidatura Eduardo Campos é outra história, avaliam os articuladores da candidatura Dilma. Têm tratado o governador de Pernambuco com tanta cautela que seu interlocutor é somente o próprio ex-presidente Lula, chefe político maior da campanha da reeleição. Foi a situação do governador que, apesar de lanterninha nas pesquisas de intenção de voto, acionou os mecanismos de defesa do PT.

Primeiro, notaram que perdiam terreno quando confrontaram-se depoimentos de empresários que com ele estiveram e já havia se reunido com Dilma nos últimos tempos. Um deles, sob condição de anonimato, pois a presidente enfrenta mal a discordância, conta que são convidados a ir ao Palácio para serem ouvidos. Lá chegando a presidente fala por quarenta minutos, discurso que encerra com uma pergunta: "você não acha?". Para ficar livre da pecha de avessa ao diálogo, a presidente faz longos monólogos, o que levou um desses empresários a concluir: "desde Fernando Collor não tínhamos um interlocutor tão opressivo".

Eduardo Campos aparece pouco, faz o discurso de que não é hora de campanha, recolhe-se mas faz política o tempo todo.

A Dilma falta, sobretudo, a política, é o que avalia o PT. Rui Falcão, o presidente do partido, fala com ela sobre as opiniões dos petistas, mas não está na operação diária. Ela escolheu Aluizio Mercadante, Ideli Salvati e João Santana para fazerem política. "O governo virou um governo gerencial, vai bem com ela quem melhor gerencia sua pasta, não é a política que aproxima", diz um dos participantes das avaliações do momento político.

No seu último encontro, a cúpula do PT chegou a uma síntese das providências necessárias para criar uma aura de segurança à candidatura: "Achamos que vamos ganhar, mas se não colocar política no governo, não vai dar".

Nessa avaliação, a presidente estaria agindo por soluços. Quando se vê em apuros, recebe empresários, trabalhadores, sem-terra, líderes políticos, deputados e senadores e, aparentemente, negocia. Mas nada cede. Passada a tormenta, esquece.

O presidente Lula teve uma conversa dura com a presidente no sentido de tentar mudar seu comportamento e colocar política no governo, como define a síntese do partido. Tinha que sair da clausura palaciana, retomar a campanha eleitoral nos Estados, negociar com o Congresso, sentir-se liberada a reorganizar o governo. Lula garantiu-lhe que não é candidato como a pressão de petistas pode fazer crer. Nesta intervenção, Lula fez outros aconselhamentos. Por exemplo, determinou a alguns integrantes do primeiro e segundo escalões do governo que não se candidatem, para não haver um esvaziamento e tudo começar do zero com os novos ministros e secretários executivos que vierem a assumir com a desincompatibilização. Alguns não gostaram, mas todos devem atender ao ex-presidente.

Parte das recomendações de Lula a presidente seguiu. Está, por exemplo, em campanha aberta pelos Estados. No entanto, a outras não deu atenção. Por exemplo, reitera o PT, não impregnou seu governo de política.

Dilma não acatou também a recomendação, feita por instância do PT, de não participar de agenda com o governo de São Paulo. "Com Alckmin é briga", diz um dos integrantes da cúpula. O investimento eleitoral em São Paulo é integralmente no ministro Alexandre Padilha. Outro erro apontado a ela, que persiste, é que não adianta liberar dinheiro vivo, na veia, se a verba não é acompanhada da política. Prova disso teria sido a vaia que levou na reunião de prefeitos aos quais acabara de anunciar a liberação de R$ 3 bilhões.

"É para enfrentar Eduardo Campos que Dilma tem que mudar. Quem mais nos assusta é ele, que tem estrutura partidária, é da política e não está errando. Já conseguiu deslocar para seu lado, apenas por simpatia, por enquanto, setores insatisfeitos da base do governo e do PSDB", avaliam líderes petistas.

Por volta de fim de abril e início de maio, o ex-presidente Lula falou com a presidente Dilma sobre tudo isso. Não deu certo, constatou a análise feita no mês seguinte quando já explodiam os protestos populares. Na ocasião a abordagem foi entendida como um sinal de que o ex-presidente poderia voltar já em 2014 se as coisas continuassem a dar errado. O PT inteiro foi ao QG lulista para apelar ao ex-presidente, que foi taxativo: "Estou cansado de falar com ela, ela não faz".

Voltou a falar em fim de julho e início de agosto, quando, ao voltar de viagem ao exterior, ela o procurou para finalmente pedir sua opinião sobre as manifestações e apelou a Lula a ajudá-la a recuperar o governo e a ser reeleita. A partir daí o ex-presidente não só traçou a estratégia que ela procura agora cumprir, como tomou a iniciativa de enviar ao comitê da reeleição cabeças mais políticas. Lula anunciou-se, ao PT inclusive, absolutamente comprometido com a reeleição dela.

Um balanço parcial do PT, neste momento: Dilma está reagindo, investiu no programa de importação de médicos como marca do seu governo, tem recebido políticos. Mas até onde a vista alcança o PT ainda não viu a chegada da política ao terceiro governo do partido.

Fonte: Valor Econômico