quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Opinião do dia: Roberto Freire

Lula sempre foi um irresponsável, mesmo quando queria aparecer como ‘paz e amor’, mesmo quando escrevia (e não era ele quem escrevia) as cartinhas aos brasileiros. Se o PT voltar ao poder depois de tudo o que eles fizeram com este país, esses irresponsáveis surreais virão dispostos a fazer tudo o que não fizeram com Lula e Dilma no Planalto. Seria a tragédia anunciada sobre a qual todos estão alertando.

Não podemos entregar o Brasil a uma loucura dessa. É preciso ter um mínimo de racionalidade. Eu enxergo o Bolsonaro como alguém de suprema mediocridade. E, para mim, fica claro que se trata de uma mediocridade raivosa. Ele fala em tortura, ele fala em não respeitar direitos humanos. É uma coisa estranha.

Lula e Bolsonaro não têm compromisso com a democracia.

---------------------------
Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS em entrevista ao O Antagonista

José Roberto de Toledo: Os chatos, os dados e a lei

- O Estado de S.Paulo

Dificultar o acesso sem motivo, demorar a responder, barrar pedidos, além de ilegal, é burro

Se assessorias de imprensa existissem para prestar serviço à imprensa não seria necessária uma lei só para obrigar o poder público a ser tão transparente quanto manda a Constituição. Não é o caso. A preposição é outra. São assessorias para lidar com a imprensa, ouvi-la, atendê-la e, se necessário, driblá-la. Daí que jornalistas tenham patrocinado a Lei de Acesso às Informações Públicas (LAI) e sejam seus assíduos usuários, no Brasil e no exterior. É do jogo. Mas é sempre curioso espiar sob o véu de hipocrisia que cobre a relação imprensa X poder.

Prefeito paulistano, João Doria demitiu assessor gravado dizendo que faria o que pudesse para dificultar o trabalho dos jornalistas que mais fazem pedidos de informação via LAI à Prefeitura. Conforme revelado por um deles – o repórter Luiz Fernando Toledo, do Estado –, o demitido dizia fazer um ranking mental dos mais “chatos”: o próprio Toledo (não é parente); Roberta Giacomoni, da TV Globo; e William Cardoso, do Agora.

A declaração do assessor – extraída da gravação oficial de reunião da comissão da Prefeitura que analisa os pedidos de informação – é o maior elogio que o trio poderia receber. Incomodar tanto os poderosos e seus auxiliares, a ponto de serem lembrados pelo nome e classificados como os mais pidões, é um reconhecimento maior do que ganhar o saudoso Prêmio Esso. Deveriam incorporar ao currículo: “dos mais chatos repórteres a cobrir a Prefeitura de São Paulo, segundo a própria”.

Maria Cristina Fernandes: O sarrafo de Tasso

- Valor Econômico

Com protagonismo tucano, aliança de 2018 estaria mantida

Foi uma ofensiva em três atos. Começou no domingo com o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi seguida pelo manifesto dos economistas tucanos e teve seu clímax ontem com o lançamento da candidatura do senador Tasso Jereissati à presidência do partido. A primeira resposta dos governistas ao início do desembarque do PSDB foi a ameaça de convocação do ministro das Cidades, Bruno Araújo, acusado pelos pemedebistas de privilegiar seu Estado natal (Pernambuco) e o de Geraldo Alckmin (São Paulo), com obras do Minha Casa Minha Vida.

O rompimento também é a senha que aliados de Michel Temer aguardavam para por na rua candidaturas que o presidente possa chamar de suas, como a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mas Tasso Jereissati não dá por desfeita a perspectiva de uma aliança eleitoral para 2018. A esse amálgama, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso um dia chamou de vanguarda do atraso, o senador dá uma definição mais bem comportada - "Numa eleição tudo é possível desde que o protagonismo seja do PSDB".

Carlos Pereira: Todo presidente serve a dois senhores —o eleitor e o legislador

- Folha de S. Paulo

Quando pensamos em um regime presidencialista, a primeira imagem que nos aparece é a de um líder político influente, forte, com legitimidade popular para implementar sua plataforma política.

Ao analisar o presidencialismo bipartidário dos EUA, Richard Neustadt, em livro seminal ("Presidential Power", 1960), observou que a Constituição americana teria gerado um dilema: a criação de um "governo de instituições separadas que compartilham poderes". Se esse dilema é presente no bipartidarismo americano, no presidencialismo fragmentado brasileiro tende a se exacerbar, pois raramente o presidente governa sem aliados.

Embora os eleitores esperem que o presidente tenha condições de governar e resolver unilateralmente os problemas do país, a Constituição de fato nega tal capacidade. Pois, por terem bases locais de sobrevivência política, legisladores nem sempre compartilham as preferências nacionais do presidente.

Na sua sempre perspicaz coluna nesta Folha, o sociólogo Celso Rocha de Barros reagiu a interpretações feitas ao meu artigo do caderno "Ilustríssima"(29/10).

Argumenta Celso que se o governo Temer apresenta baixo custo de governança, isso não se deve à gerência de coalizão, mas sim à exclusão do próprio pilar eleitoral do presidencialismo. Para Celso, diferentemente de FHC, Lula e Dilma, "por não ter sido eleito", Temer prescinde de compromissos com os eleitores.

Merval Pereira: Uma escolha política

- O Globo

São tantos os que se atribuem a escolha do novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, que é difícil determinar quem realmente teve influência. Uma coisa é certa: não foi o ministro da Justiça, Torquato Jardim, pois ele próprio fez questão de deixar claro na nota oficial que a escolha foi do presidente Michel Temer.

Ofato de Segóvia ter tantos apoios políticos, de Sarney a Padilha, de Moreira Franco a Augusto Nardes, do TCU, só tem a vantagem de diluir a influência, mas traz uma certeza: sua indicação, apesar de inegáveis méritos profissionais, deveu-se mais ao apoio político do que ao de seus colegas, embora não tenha havido nenhuma reação ostensiva à indicação, e declarações oficiais favoráveis de associações de delegados.

Mudar a chefia da Polícia Federal era um dos objetivos do novo governo assim que Temer assumiu a Presidência, e a ideia tinha uma motivação que se diluiu com o tempo. Se a intenção era controlar mais a Polícia Federal para favorecer os políticos sob investigação, ela perdeu a força com o tempo que Leandro Daiello, o antigo diretor, permaneceu à frente do órgão na administração Temer, tendo condições de aparar arestas e mostrar-se não tão disposto a afrontar os novos superiores hierárquicos.

Roberto Freire: A recessão ficou para trás

- Blog do Noblat

Apesar de todas as dificuldades próprias de uma quadra especialmente tumultuada da vida nacional e dos problemas advindos da política e, eventualmente, da própria Justiça, o governo de transição vem conseguindo tirar o Brasil da crise.

Após três anos sofrendo com a mais profunda recessão econômica de nossa história, o país começa a sentir os efeitos da retomada, com a queda consistente da inflação e da taxa básica de juros, além do aumento do poder de compra das famílias e do início de um processo de recuperação em setores fundamentais da economia.

Um estudo divulgado pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), que integra o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), mostra que já se pode afirmar que a recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 chegou ao fim em dezembro do ano passado.

Nesse período, de acordo com o colegiado formado por sete economistas do primeiro time – Affonso Celso Pastore, Edmar Bacha, João Victor Issler, Marcelle Chauvet, Marco Bonomo, Paulo Picchetti e Regis Bonelli –, foram nada menos que 11 trimestres consecutivos de retração da economia brasileira, o que significou uma queda acumulada de 8,6% do PIB nacional.

Murillo de Aragão: O rumo dos Tucanos

- Blog do Noblat

Enquanto arde alta a fogueira nos bastidores do PSDB em torno da disputa entre Tasso Jereissati e Marcone Perillo pela presidência do partido e ainda ecoam os movimentos de João Doria pelo país, em em declaração exclusiva à Arko Advice, Fernando Henrique Cardoso deu o norte para o tucanato nas eleições de 2018.

Foram apenas três aspectos apontados na curta entrevista. Todos de suma importância. O primeiro deles é que o PSDB estará unido em torno de uma candidatura presidencial. Para ele e como sempre, o PSDB - depois de muitas rusgas - convergirá para o apoio majoritário em torno de um candidato.

Foi assim em 2002 com José Serra. Também o foi em 2005 com Geraldo Alckmin. Em 2010, Serra voltou a ser candidato após disputa com Aécio Neves. Em 2014, Serra ensaiou uma disputa com Aécio. Mas a vez era do mineiro. Enfim, apenas FHC se livrou de disputas para ser eleito presidente em duas ocasiões.

Celso Ming: São as incertezas, senhores

- O Estado de S.Paulo

O País está imerso em indefinições e isso ameaça, outra vez, empacar a vida econômica.

Uma dessas indefinições tem a ver com o tratamento a ser dado ao rombo crescente da Previdência Social (veja gráfico ao lado). Até quem pensa com apenas dois neurônios sabe que à frente há um abismo e, depois do abismo, o imponderável.

Ou sai imediatamente a reforma ou ficará mais perto o dia em que o Brasil inteiro se transformará num gigantesco Rio de Janeiro, onde os salários estão atrasados, o 13.º deste ano ficará para quando der e as aposentadorias, se chegarem, chegarão no pinga-pinga – e, obviamente, num cenário em que a bandidagem ganhará mais campo aberto.

Míriam Leitão: Avançar na ficção

- O Globo

O governo Michel Temer vai exibir hoje uma peça de ficção. Num tempo sem dinheiro para investimento, seu marketing, trabalhando sob a liderança do ministro Moreira Franco, preparou o PAC em versão temerária, com o nome de fantasia de “Avançar”. Eles vão alegar na divulgação que serão feitos investimentos de mais de R$ 130 bilhões e que vão “priorizar” sete mil projetos.

Os ficcionistas chegaram à conclusão de que é preciso criar uma agenda positiva. Aliás, a fórmula se repete em qualquer governo em crise. A ideia é que basta anunciar fatos positivos que a popularidade do governante vai se elevar. Os formuladores do plano tentarão jogar para o esquecimento a crise real do país que ainda está em ambiente recessivo, com alto desemprego, rombos sequenciais nas contas públicas e a aprovação do governo no rés do chão. O slogan é: “Agora, é avançar".

O governo está encrencado com o Orçamento porque ele traz um déficit de R$ 159 bilhões, mas essa “meta” só será atingida se forem aprovadas as medidas que foram enviadas para o Congresso onde há questões indigestas. A que tem chances de passar é a do adiamento do reajuste do salário dos servidores civis. A proposta de elevação da contribuição previdenciária dos servidores civis é bem menos provável. Além disso se conta com a privatização da Eletrobras que também depende de aprovação do projeto de lei que ainda nem foi enviado. Ou seja, para fechar no déficit almejado, o governo terá que se esforçar muito para aprovar as medidas.

Ribamar Oliveira: Aprovar a reforma pelo menos na Câmara

- Valor Econômico

Equipe econômica aceita não mudar agora área rural e BPC

A equipe econômica sabe que não será possível aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e no Senado neste ano, qualquer que seja a proposta a ser acordada com os líderes da base política aliada. Não há tempo hábil para que isso aconteça.

A aprovação só na Câmara, no entanto, se acontecer, será considerada uma grande vitória, pois indicará ao mercado que o Brasil está caminhando na direção correta, procurando resolver os seus problemas fiscais.

Nesse cenário, o governo lutaria para que, no próximo ano, o Senado aprove o texto que passou na Câmara, embora considere que há dificuldades políticas importantes a serem vencidas, pois dois terços dos senadores terão que lutar pela reeleição. A percepção dos senadores sobre as dificuldades enfrentadas pelos seus Estados, cujas receitas estão sendo cada vez mais absorvidas pelos gastos com pensões e aposentadorias, ajudará a formar a maioria necessária para aprovar a reforma, avalia o governo. O entendimento que predomina é que a batalha mais difícil será na Câmara. Assim, todo o esforço do governo, neste momento, é para costurar uma proposta que possa ser votada pelos deputados.

Temer já admite saída de ministros do PSDB de seu governo

Bruno Boghossian, Marina Dias / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o acirramento da pressão interna do PSDB pelo desembarque de seu governo, o presidente Michel Temer já admite a saída antecipada dos ministros tucanos e a redistribuição dessas pastas para aplacar a insatisfação de outras siglas.

Em conversas nos últimos dias com auxiliares e tucanos alinhados com o Palácio do Planalto, Temer disse entender que o desembarque do PSDB está praticamente consolidado e que pode antecipar uma reforma ministerial caso esse quadro se torne irreversível.

O presidente preferia manter os tucanos em seu governo até abril de 2018, quando 17 ministros deixarão seus cargos para disputar eleições. Ele acreditava que qualquer mudança no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios antes dessa data poderia abrir novas crises com sua base aliada.

Temer queria evitar o desembarque do PSDB por acreditar que o partido, que comanda quatro ministérios, poderia ter peso na aprovação da agenda de ajustes fiscais e da reforma da Previdência. Além disso, os tucanos são considerados um pilar simbólico de sustentação de seu governo junto ao mercado financeiro e ao setor produtivo.

Para conter o rompimento com a sigla, o Planalto fez uma aproximação intensa nos últimos meses com as alas governistas do PSDB –lideradas pelo senador Aécio Neves (MG) e pelos ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores).

Tasso lança candidatura e reforça cobrança por ética no PSDB

Talita Fernandes, Bruno Boghossian / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O senador Tasso Jereissati (CE) oficializou na manhã desta quarta-feira (8) sua candidatura à presidência do PSDB prometendo criar um novo código de ética para o partido e a contratação de uma auditoria externa para fiscalização de seus integrantes.

O anúncio ocorre em meio a uma divisão interna do partido, que também tem o governador de Goiás, Marconi Perillo, como postulante ao cargo. A convenção nacional da legenda está marcada para 9 de dezembro.

Tasso adotou um discurso duro, criticando o momento político vivido pelo Brasil. "Nesses dois, três últimos anos, o que vimos foi imensa onda de escândalos de corrupção envolvendo políticos, empresários e todos os partidos", disse.

A proposta de autocrítica é vista pela ala tucana ligada ao senador Aécio Neves (MG) como uma afronta direta ao mineiro. Licenciado da presidência do PSDB desde maio, ele é alvo de uma denúncia por corrupção passiva e obstrução da Justiça.

Freire diz que Lula e Bolsonaro não têm compromisso com a democracia

Diego Amorim – O Antagonista

Ainda na entrevista a O Antagonista (veja o vídeo abaixo), Roberto Freire, presidente do PPS — um dos partidos com o qual Luciano Huck e seu grupo estão flertando –, disse que “Lula e Bolsonaro não têm compromisso com a democracia” e que um eventual segundo turno entre os dois “poderia piorar ainda mais a situação do país” (veja aqui a outra parte da entrevista).

Sobre o ex-presidente e a chance de o PT voltar ao poder, ele afirmou:

“Lula sempre foi um irresponsável, mesmo quando queria aparecer como ‘paz e amor’, mesmo quando escrevia (e não era ele quem escrevia) as cartinhas aos brasileiros. Se o PT voltar ao poder depois de tudo o que eles fizeram com este país, esses irresponsáveis surreais virão dispostos a fazer tudo o que não fizeram com Lula e Dilma no Planalto. Seria a tragédia anunciada sobre a qual todos estão alertando.”

Sobre Bolsonaro, o deputado afirmou:

“Não podemos entregar o Brasil a uma loucura dessa. É preciso ter um mínimo de racionalidade. Eu enxergo o Bolsonaro como alguém de suprema mediocridade. E, para mim, fica claro que se trata de uma mediocridade raivosa. Ele fala em tortura, ele fala em não respeitar direitos humanos. É uma coisa estranha.”

Perguntamos ao presidente do PPS se, porventura, os brasileiros tiverem que acabar escolhendo entre um e outro:

“Escolha de Sofia. Não vou responder.”

Temer deve antecipar mudança ministerial para reestruturar base

Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer afirmou a aliados, em conversas reservadas, que fará uma reforma ministerial nos próximos dias para recompor a base aliada e assegurar a aprovação de pelo menos uma fatia relevante da reforma da Previdência. A mudança de postura decorre da informação de que o PSDB devolverá os ministérios e demais cargos que ocupa no governo até o dia 9 de dezembro, data da convenção nacional dos tucanos.

Temer foi alertado de que os partidos da base aliada com bancadas expressivas -o próprio PMDB, além do Centrão, formado por PP, PR, PSD e PTB, - não querem a "xepa". Ou seja, se o presidente não recuar da intenção de promover a reforma somente em abril, quando os ministros se desincompatibilizam para disputar as eleições, não sobrarão ações com impacto eleitoral para os novos titulares.

Temer admitiu a interlocutores ter consciência do desembarque iminente do PSDB, diante da consolidação da liderança do senador Tasso Jereissati (CE) na disputa para a presidência da sigla. O presidente está convencido de que Tasso reforçará o discurso de que o PSDB tem de fazer oposição ao governo e se descolar do PMDB, apesar de ter participado com protagonismo dos primeiros 17 meses da gestão pemedebista.

Candidatos tucanos disputam votos de 395 correligionários

Tanto aliados de Tasso Jereissati quanto de Marconi Perillo reconhecem que eleição no PSDB será acirrada

Pedro Venceslau Julia Lindner / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - Em um momento inédito na história do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo (GO), vão disputar nas próximas quatro semanas os votos dos 395 tucanos que compõem o colégio eleitoral que vai definir no dia 9 de dezembro o nome do próximo presidente do partido. Os dois lados reconhecem que a contabilidade está acirrada, o que causa apreensão na cúpula tucana.

Segundo o estatuto da legenda, têm direito a voto todos os 160 membros do diretório nacional, 27 presidentes de diretórios estaduais, 58 parlamentares tucanos do Congresso e cerca de 150 delegados eleitos pela base nos congressos estaduais (cada Estado elege 10% do número de diretórios organizados). Nesse cenário, as convenções regionais do PSDB do fim de semana serão decisivas.

A executiva nacional do PSDB está elaborando uma mapa dos delegados nos Estados que deve servir como referência sobre a força de cada postulante ao comando da legenda. A principal convenção será em São Paulo, no domingo. Com 537 diretórios efetivos e a maior bancada na Câmara, o Estado vai levar mais de um terço dos delegados.

Salvação de mandatos

- Poder em jogo / O Globo

Sem alarde, 19 líderes partidários da Câmara assinaram requerimento de urgência para votar projeto que impede a aplicação da Ficha Limpa de forma retroativa, como decidiu o STF em outubro. Para o tribunal, a lei, que prevê oito anos de inelegibilidade, vale também para condenações ocorridas antes de 2010, quando entrou em vigor. Já a proposta, de Nelson Marquezelli (PTB), estabelece que a Ficha Limpa não se aplica a casos julgados pela lei anterior, que previa três anos de inelegibilidade. O entendimento do STF pode levar à cassação de centenas de mandatos de políticos eleitos em 2014 e 2016 e condenados sem direito a recurso. Segundo o autor do requerimento, Leonardo Quintão (PMDB), o alcance pode chegar a cerca de 40 prefeitos, 200 vereadores, 70 deputados estaduais e três federais. “Vai criar um tumulto político. A cassação de parlamentares mexerá nas contas do quociente eleitoral, o que pode alterar a composição das casas legislativas, além de ter um alto custo para a Justiça eleitoral”, diz.

Trocas em série
Defendida por políticos, a troca no comando da Polícia Federal por um nome não alinhado com Leandro Daiello — Fernando Segóvia — pode impactar cerca de cem cargos na instituição. São diretorias e superintendências. Internamente, delegados tinham a expectativa de que a maioria dos postos fosse mantida, caso Rogério Galloro, defendido por Daiello, fosse escolhido. Isso significaria a continuidade do atual perfil da PF. Nas redes internas, a maior parte dos delegados expressava preferência por Galloro.

Pedido de reforço
O centrão tenta convencer Michel Temer a assumir a pauta da Segurança Pública como forma de recuperar popularidade. Dizem que o governo está concentrado em ações no Rio, por meio do Ministério da Defesa, enquanto a população em todo o país está assombrada pelo avanço da criminalidade — mais especificamente dos homicídios, que cresceram cerca de 20% em dez anos. Temer foi aconselhado a montar um plano nacional contra a violência tocado pelo Ministério da Justiça.

Segóvia assume sob pressão; antes da nomeação, agentes da PF diziam que ele não era ‘o nome certo’

Painel / Folha de S. Paulo

Sob vigilância O tom ameno das declarações oficiais sobre a indicação do delegado Fernando Segóvia para a direção-geral da Polícia Federal não espelha a apreensão que ronda grupos do órgão. Às vésperas da escolha, integrantes graduados do corporação diziam que Segóvia não era “o nome certo” e que, se fosse o eleito, deveria chegar sabendo que o modo como a PF opera hoje “está enraizado e não vai mudar”. Conhecido pela capacidade de articulação, ele precisará gastar toda a saliva que tiver.

Tropa de elite Segóvia não era a primeira opção do ministro da Justiça, Torquato Jardim, que perdeu a queda de braço para a cúpula do PMDB, mas teve outros padrinhos: o ministro Gilmar Mendes, do STF, e o ministro Bruno Dantas, do TCU, por exemplo. Ele também conta com a simpatia de Raquel Dodge.

Remediado está Agora que o delegado foi escolhido pelo presidente Michel Temer, a ordem nos grupos que foram contrários à sua nomeação é recolher as armas e monitorar, para ver como Segóvia leva as negociações com os policiais federais.

Chamou? A CNI vai publicar em seus canais nas redes sociais três vídeos em defesa da aprovação da reforma da Previdência. A entidade programa a ofensiva há meses, mas a liberação dos conteúdos vai suceder um apelo de Temer pelo engajamento do empresariado na causa.

Histórico A Confederação Nacional da Indústria adotou estratégia semelhante para defender a reforma trabalhista e a regulamentação do lobby.

Todo ouvidos Temer começou a consultar líderes e presidentes de partidos da base aliada sobre a reforma ministerial que fará até o fim deste ano. Sinaliza que a mudança será maior do que o imaginado e que afetará mais do que as quatro pastas que hoje estão com o PSDB.

Cansei Alvo da fúria do centrão, mas dono da confiança pessoal do presidente, o ministro Antonio Imbassahy agora diz a quem o pergunta que não sabe se vai continuar no PSDB.

Cansei 2 Imbassahy diz que o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) propagandeia o “expurgo” de uma ala da sigla e que, se essa agenda vencer a convenção nacional do partido, vai repensar sua filiação.

Com gosto Para quem achou que havia sido brincadeira ou ato falho, o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), reafirmou que Tasso Jereissati é “uma boa opção” para a Presidência da República. “Se me perguntarem hoje, digo que o candidato é Geraldo Alckmin, mas que Tasso é também uma boa opção.”

Enredo pronto Em conversas reservadas, Cunha Lima avalia que o atual presidente interino do PSDB “tem o discurso que corresponde ao anseio da sociedade”. Tasso fez de sua gestão à frente do partido uma cruzada moralizadora, o que já havia despertado a sensação de que ele almejava voos mais altos do que o comando da sigla.

Café com leite Lançar o nome de Tasso ao Planalto foi um gesto de alto risco. Colocá-lo em uma disputa virtual com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pode minar o apoio da bancada paulista ao cearense na eleição do comando do PSDB.

Truco Após Alckmin ter travado as pretensões do prefeito João Doria de compor uma chapa puro sangue tucana, o PSDB paulista encomendou pesquisa para testar nomes à sucessão do governador. Bruno Covas, vice de Doria, está na lista.

Base convoca ministro tucano em nova crise

Coluna do Estadão /O Estado de S. Paulo.

O programa Minha Casa Minha Vida é o novo foco de insatisfação da base aliada do governo com os tucanos. PMDB, PP e DEM aprovaram, ontem, a convocação do ministro Bruno Araújo, Cidades, para explicar na Comissão de Fiscalização e Controle os critérios que definiram a distribuição das casas. Ele é acusado de privilegiar seu Estado, Pernambuco, com 2,6 mil unidades, e São Paulo, com 15,1 mil, governado pelo também tucano Geraldo Alckmin. O Maranhão, que tem o maior déficit habitacional do País, recebeu apenas 408 unidades.

» Papo reto. O deputado Hugo Motta (PMDB-PB) acusou Bruno Araújo de fazer campanha. O ministro é cotado para disputar o governo de Pernambuco.

» Tudo embasado. O Ministério das Cidades informa que a distribuição das casas obedece a critérios técnicos e que o número de unidades é proporcional à população. Por isso, a quantidade destinada a São Paulo e Pernambuco foi maior.

» Vespeiro. O novo diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, vai mostrar a que veio quando definir quem irá ocupar as diretorias de investigação e combate ao crime organizado (Dicor), que controla as operações, e a de inteligência (DIP).

» Dança da cadeira. A Dicor é ocupada pelo delegado de Curitiba Maurício Valeixo. A DIP, pelo delegado Elton Manzke. Valeixo deve ser o primeiro a sair.

» Portas abertas. O delegado Fernando Segóvia frequenta a casa do ministro Augusto Nardes, do TCU, alvo da Operação Zelotes. “Na minha casa eu recebo todo mundo. Sou um homem público. O Segóvia foi, o Torquato Jardim (Justiça) também”, diz Nardes.

» É muita gente. O ministro não se recorda do que Segóvia foi fazer na sua casa e nega que o tenha indicado para diretor-geral. “É boa escolha. Pelo que eu conversei com ele, tem profundo conhecimento.”

» Laço. Nardes contou que já aconselhou Segóvia. “Falei para ele que tem que implantar governança na questão imigratória”. Os dois se conheceram quando Segóvia acompanhou auditoria do TCU. O delegado não foi localizado ontem.

» Pegadinha. Michel Temer disse a interlocutores que está se divertindo com especulações sobre a data em que fará a reforma ministerial. Comparou a situação com a de quando havia prometido que iria editar medida provisória para retomar o imposto sindical. Promessa nunca cumprida.

» Tudo pensado. A diferença é que a reforma terá de ser feita porque em abril 17 ministros saem para disputar a eleição. Uma ideia é fazê-la em janeiro para evitar que os atuais usem o orçamento das pastas em prol de suas campanhas.

» Me explica? O governo tenta entender a razão de o Centrão não cobrar a saída de Gilberto Kassab sendo que a sigla deu só 20 dos 39 votos na 2ª denúncia.

» Agora vai. O Avançar, que o governo lança hoje, vai incluir entre as obras prioritárias o Rodoanel Norte. O governo deveria ter investido R$ 300 milhões na obra este ano, mas até agora só pôs R$ 87 milhões.

» Promessa é dívida. O governador Geraldo Alckmin (SP) cobrou o aporte diretamente de Temer, que deve liberar R$ 150 milhões.

Luiz Carlos Azedo: A receita do comandante

- Correio Braziliense

O falecido senador Ernâni do Amaral Peixoto, um dos caciques do antigo PSD, dizia que todo governante precisa de um bom chefe de polícia. Trazia na bagagem a experiência de interventor do Estado Novo no antigo Estado do Rio de Janeiro, do qual foi governador eleito de 1951-1954. Herdeiro da tradição dos “saquaremas” (políticos conservadores do Império), Amaral era também discípulo do “americanismo” de Oswaldo Aranha, ex-ministro da Justiça e chanceler brasileiro que abriu a primeira Assembleia Geral da ONU, seu grande aliado nas articulações para convencer Getúlio Vargas, seu sogro, a engajar o Brasil na guerra contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

Quem quiser detalhes sobre a tese do “comandante” (oficial de Marinha, Amaral Peixoto reformou-se com a patente de almirante) sobre os chefes de polícia, ele próprio explica direitinho no livro Artes da política – diálogos com Amaral Peixoto, de Aspásia Camargo, Dora Rocha e Lucia Hippolito. Aparentemente, a receita do velho cacique pessedista foi adotada pelo presidente Michel Temer, que ontem trocou o comando da Polícia Federal.

Vaivém previdenciário – Editorial: Folha de S. Paulo

Quando o próprio ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, começa a debater publicamente sua possível candidatura presidencial em 2018, o prognóstico para a continuidade das reformas econômicas se torna mais sombrio.

A eleição e as conveniências de campanha consomem parcelas crescentes do tempo e da energia do mundo político. Conspira ainda contra a pauta do governo a exaustão precoce do presidente Michel Temer (PMDB), após duas batalhas congressuais para barrar denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República.

As atenções restantes da coalização situacionista voltam-se para a xepa das verbas e dos cargos públicos. Cobra-se uma reforma ministerial para que se afastem da Esplanada brasiliense os ministros do PSDB —partido, por sua vez, mais dedicado hoje aos dramas intestinos que à agenda nacional.

Legalização de jogos é aposta demagógica – Editorial: O Globo

Não se pode querer combater a criminalidade com projetos que têm grande potencial para gerar mais violência, como é o caso da liberação dos jogos de azar

Num momento em que a criminalidade no país está em ascensão e a arrecadação de tributos em queda, ganham força propostas ilusórias, simbólicas da demagogia política, de soluções mágicas para problemas complexos. É o caso do projeto para legalizar os jogos de azar. Em Brasília, na terça-feira, reuniram-se sete governadores — entre eles o do Rio, Luiz Fernando Pezão — e 15 representantes estaduais para discutir problemas fiscais dos estados, na maioria combalidos. Pezão, do PMDB, e o governador do Piauí, Wellington Dias, do PT, defenderam a liberação dos jogos para “financiar a segurança pública”. No mês passado, deputados do PT, do PMDB e do DEM tentaram aprovar a reabertura dos cassinos sob outra justificativa, a da necessidade de financiamento das campanhas eleitorais no próximo ano.

O lobby dos jogos de azar é dos mais antigos e ativos. Agora, ganhou apoio explícito de alguns governadores e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, que se manifestaram favoráveis à mudança. Melhor fariam se concentrassem energias em soluções efetivas e duradouras, como a reforma das estruturas do Estado brasileiro.

Um alerta de urgência – Editorial: O Estado de S. Paulo

Uma advertência simples e sensata fechou a palestra do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, numa reunião em Montevidéu, no Uruguai: as boas condições internacionais para as economias emergentes “não vão durar para sempre”. Desta vez ele deu o recado completo, ou quase, e com a ênfase necessária. Talvez pudesse ter acrescentado umas poucas palavras: ninguém deve perder tempo. Relatórios do BC têm repetido, há meses, menções a um cenário internacional benigno. As condições da economia global têm facilitado a recuperação do Brasil e contribuído para o crescimento de muitos outros países latino-americanos, africanos e asiáticos. Têm contribuído, também, quando os governos e parlamentares têm juízo suficiente, para ajustes das contas públicas e correções de falhas estruturais. Se alguém se atrasou, deve mexer-se com rapidez, porque ninguém pode dizer quando o tempo vai mudar.

Goldfajn falou em Montevidéu, durante a 23.ª Reunião de Presidentes de Bancos Centrais da América do Sul. Tratou da evolução recente e das perspectivas da economia brasileira. Repetiu, de modo geral, informações sobre a reativação, a inflação em queda e a redução dos juros no Brasil. Mencionou a boa posição das contas externas, com superávit comercial de US$ 53 bilhões até setembro, reservas superiores a US$ 380 bilhões e ingresso de financiamento direto equivalente a 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, descreveu a reorientação da política econômica desde o ano passado e expôs o programa de ajuste e de reformas.

Erros públicos e privados levam Oi à beira da falência – Editorial: Valor Econômico

A Oi seria uma empresa quebrada, a caminho do cemitério, se não fosse concessão pública, consumisse dinheiro dos contribuintes, via BNDES e fundos de pensão e os governos não houvessem agido politicamente para reduzir a nada a transparência da companhia. Desde a formação original, na privatização, a governança da empresa é uma história de horror. Hoje empresários oportunistas, minoritários, se aproveitam das falhas originais e usam artifícios fantásticos para tentar arrancar lucros de uma companhia que não os têm.

O problema do Estado e de sua agência reguladora, a Anatel, é que a Oi é grande demais para simplesmente desaparecer. Milhares de municípios e milhões de usuários dependem de suas redes para se comunicar e uma interrupção em seus serviços acarretaria sérios problemas sociais e econômicos. E uma intervenção, hipótese levantada por alguns membros influentes no ministério, seria a glória para acionistas minoritários inescrupulosos, que espetariam dívidas da empresa no Tesouro.

Os governos de Fernando Henrique e de Luiz Inácio Lula da Silva criaram as condições nas quais a Oi pôde naufragar, embora esse destino não fosse uma fatalidade. Os dois primeiros sócios, Andrade Gutierrez (AG Telecom) e o grupo La Fonte de Carlos Jereissati, ganharam o direito de dirigir a tele na privatização colocando muito pouco dinheiro próprio, contando com recursos do BNDES e a anuência dos fundos de pensão de empresas estatais.

Carlos Drummond de Andrade: A palavra

Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.
Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.

Geraldinho Lins - Hino da Ceroula / Voltei Recife - Part. Spok