Folha de S. Paulo
Governo e Congresso não têm nada a ganhar com
uma ruptura em tempo ainda de indefinição eleitoral
A fotografia do momento é de confronto sem
solução boa à vista. Ocorre, porém, que há muito filme a ser rodado e por isso
os personagens desse enredo eleitoral não devem ir agora ao tudo ou nada. Ainda
não é hora.
Não interessa à direita nem à esquerda partir para um embate cujo desfecho depende de muitas variáveis. Luiz Inácio lula da Silva (PT) não tem certeza se vale a pena tentar a reeleição e Jair Bolsonaro (PL) precisa decidir o que fará quando e se vier a provável condenação por tentativa de golpe de Estado.
A base parlamentar desalinhada também não tem
essa urgência toda em se definir pelo abandono de ministérios e demais cargos
que bem ou mal lhe dão acesso a uma parte considerável da máquina pública.
Ao presidente tampouco convém fazer demissão
em massa dos amigos da onça. Ainda precisa deles para aprovar as bondades
eleitoreiras que aguardam votação no Congresso,
das quais os adversários querem ser parceiros. Da mesma forma como a então
oposição ao governo anterior aprovou a gastança de Bolsonaro em 2022, por
impossibilidade de dizer não a medidas populares.
O mais provável é que daqui até o início da
fase de definições, no início de 2026, sigam governo e oposição, direita e
esquerda, em ritmo de morde e assopra. Atualmente a batalha se dá no Congresso,
mais adiante a luta ocorrerá fora dele.
Quando se desenharem com mais nitidez as
candidaturas, aí sim a luta começa de verdade. As posições, no entanto, estão
marcadas. Na boca de cena, atacam-se, mas no bastidor considera-se mais
razoável que prevaleça a prudência política em prol de um entendimento
provisório.
Nenhum dos lados está pronto para uma guerra
de extermínio em que passos em falso podem dar vantagem ao campo adversário.
Embora difícil, a recuperação da popularidade de Lula não é
uma hipótese a ser descartada.
De outro lado, haverá a instalação da CPMI
do INSS,
cujo potencial de estrago em clima de conflagração será tanto maior para o
governo quanto menor for o apoio que tiver no Congresso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário