- Poder em jogo / O Globo
Sem alarde, 19 líderes partidários da Câmara assinaram requerimento de urgência para votar projeto que impede a aplicação da Ficha Limpa de forma retroativa, como decidiu o STF em outubro. Para o tribunal, a lei, que prevê oito anos de inelegibilidade, vale também para condenações ocorridas antes de 2010, quando entrou em vigor. Já a proposta, de Nelson Marquezelli (PTB), estabelece que a Ficha Limpa não se aplica a casos julgados pela lei anterior, que previa três anos de inelegibilidade. O entendimento do STF pode levar à cassação de centenas de mandatos de políticos eleitos em 2014 e 2016 e condenados sem direito a recurso. Segundo o autor do requerimento, Leonardo Quintão (PMDB), o alcance pode chegar a cerca de 40 prefeitos, 200 vereadores, 70 deputados estaduais e três federais. “Vai criar um tumulto político. A cassação de parlamentares mexerá nas contas do quociente eleitoral, o que pode alterar a composição das casas legislativas, além de ter um alto custo para a Justiça eleitoral”, diz.
Trocas em série
Defendida por políticos, a troca no comando da Polícia Federal por um nome não alinhado com Leandro Daiello — Fernando Segóvia — pode impactar cerca de cem cargos na instituição. São diretorias e superintendências. Internamente, delegados tinham a expectativa de que a maioria dos postos fosse mantida, caso Rogério Galloro, defendido por Daiello, fosse escolhido. Isso significaria a continuidade do atual perfil da PF. Nas redes internas, a maior parte dos delegados expressava preferência por Galloro.
Pedido de reforço
O centrão tenta convencer Michel Temer a assumir a pauta da Segurança Pública como forma de recuperar popularidade. Dizem que o governo está concentrado em ações no Rio, por meio do Ministério da Defesa, enquanto a população em todo o país está assombrada pelo avanço da criminalidade — mais especificamente dos homicídios, que cresceram cerca de 20% em dez anos. Temer foi aconselhado a montar um plano nacional contra a violência tocado pelo Ministério da Justiça.
Realidade virtual
A impopularidade do presidente, a desorganização de sua base parlamentar e o calendário são os maiores inimigos da reforma da Previdência. Até defensores das mudanças no sistema temem que o voto favorável seja confundido com vinculação ao governo. No Planalto, estudam-se diariamente formas de salvar a proposta, razão de ser da gestão Temer. A última delas é uma versão mínima, com adoção da idade mínima e igualdade entre trabalhadores dos setores público e privado. Na semana que vem há feriado. Depois, são apenas quatro semanas até o fim dos trabalhos no Congresso. Hoje, a reforma ainda é miragem.
União provisória
Uma reunião na noite de terça-feira entre dirigentes de PT, PSB, PCdoB e PDT selou a formação de uma frente de centro-esquerda. Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o momento ainda não é de discutir candidaturas, mas de garantir o processo eleitoral livre e democrático. Até agora, esses antigos aliados decidiram que terão voos independentes em 2018. Lula deve ser o candidato petista. O PDT disputará a Presidência com Ciro Gomes, e o PCdoB, pela primeira vez, anunciou a separação eleitoral do PT, lançando a candidatura de Manuela D’Ávila.
A volta da família
Roseana Sarney anunciou que quer retornar ao governo do Maranhão. Disputará com Flávio Dino (PCdoB), que tenta a reeleição, e Roberto Rocha, recém-filiado ao PSDB.
Mudança de tom
O governo trabalha para diminuir a polêmica criada entre o ministro Torquato Jardim (Justiça) e a classe política, depois de ele dizer que a cúpula da Segurança Pública do Rio está comprometida com o crime organizado. Ontem, conseguiu negociar e aprovar um convite para o ministro falar aos parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça no Senado, em vez de uma convocação, como queriam senadores aliados do Planalto.
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