segunda-feira, 18 de março de 2019

Aumentam os sinais de colapso do regime bolivariano de Maduro: Editorial / O Globo

Apagão, desmontagem da PDVSA e crise humanitária são reflexos dos delírios do chavismo

Vitorioso nas eleições de 1998, Hugo Chávez colocou em prática, de maneira minuciosa, o plano de conversão da democracia venezuelana em um regime autoritário nacional-populista.

Aproveitou a popularidade, pressionou a Justiça a lhe permitir convocar uma Assembleia Constituinte, na qual fez maioria, e assim abriu os espaços para instituir um sistema inspirado na Cubados Castro, inclusive coma ajuda destes. Lançou o delirante projeto do “Socialismo do Século XXI”, inspirado no do século XX, que já não dera certo. Enquanto confiscava empresas privadas, intervinha de maneira suicida em fundamentos econômicos — juros e câmbio — e usava a estatal petrolífera PDVSA para financiar seus projetos populistas, Chávez permitia que se antevisse tudo o que aconteceu.

Substituído pelo sindicalista Nicolás Maduro, indica dopo rele mesmo antes de morrer de câncer, Chá vez lançou de fato as bases para o que se configura como a maior tragédia latino-americana nos tempos modernos.

O blecaute que atingiu o país a partir do dia 7 acelerou o colapso da Venezuela que era previsto a inda nos tempos de Chávez, caso ele prosseguisse com o seu “socialismo”. Maduro seguiu pelo mesmo caminho, e o resultado é um país cuja população migra para os vizinhos em busca do básico: alimento, atendimento médico, segurança etc.

O gigantesco apagão — que Maduro, seguindo a cartilha do mentor, tenta explicar por sabotagens americanas—aprofundou a crise: sem energia, falta água; multiplicaram-se mortes de doentes graves em hospitais, cuja sobrevivência depende de aparelhos; aumentou o desabastecimento pela impossibilidade de se preservarem produtos perecíveis. Sequer a comunicação de famílias com parentes que emigraram foi possível, por motivos óbvios.

Os sinais de falência do sistema elétrico repetem o que acontece coma PDVSA. Assentada sobre a maior reserva de petróleo do mundo — superior à da Arábia Saudita, embora seja de óleo pesado, de menor valor comercial —, a empresa produz cada vez menos. Há dois anos, extraía mais de dois milhões de barris; este ano, a produção poderá cair abaixo do milhão.

A perseguição política dentro da empresa levou muitos técnicos a saírem do país, além das próprias condições de vida na Venezuela. Tudo isso, somado à falta de manutenção e investimentos, sucateia a PDVSA, e o mesmo ocorre no setor elétrico.

Que o jogo político em torno de Juan Guaidó, articulações que devem transcorrer nomeio milita repressões diplomáticas acelerem a saída par a crise. O custo para os venezuelanos da manutenção de Maduro não para de subir.

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