terça-feira, 28 de maio de 2013

Governo fixa meta de 2,7% para o PIB

O governo estipulou como meta que a economia do País tem de crescer pelo menos 2,7% em 2013. A marca corresponde ao melhor desempenho da gestão Dilma Rousseff, alcançado em 2011. Economistas de 46 instituições consultadas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, no entanto, estimam que o PIB cresceu nos três primeiros meses o equivalente a um ritmo de 2,3% por ano.

Governo estabelece como meta crescer pelo menos 2,7% este ano

Ritmo fraco. Equipe econômica tomará medidas para tentar garantir em 2013 o melhor resultado do governo Dilma, mas pesquisa da Agência Estado com 46 analistas do mercado financeiro indica que ritmo da economia no primeiro trimestre ficou abaixo do previsto

João Villaverde

BRASÍLIA - A economia brasileira não pode crescer menos do que 2,7% neste ano. A marca não é apenas simbólica, por ser o melhor desempenho da gestão Dilma Rousseff, alcançado em 2011, mas virou meta no governo federal. Segundo o mercado, porém, o objetivo está cada vez mais distante.

Depois de 18 pacotes de estímulo à economia, restam ao governo "poucos botões" para apertar - como definem os técnicos -, a fim de gerar crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ainda neste ano. Mas, como definiu uma fonte qualificada da equipe econômica ao Estado, o governo "não vai permitir que o PIB cresça abaixo daquele patamar (de 2011)".

Economistas de 46 instituições consultadas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. estimam que o PIB cresceu nos três primeiros meses o equivalente a um ritmo de 2.3% ao ano, abaixo da meta do governo. O cálculo foi feito pelo AE Projeções, com base nas estimativas das instituições consultadas. O IBGE anuncia o resultado do PIB do primeiro trimestre amanhã.

Meta. A ideia de estabelecer uma alta do PIB de no mínimo 2,7% como meta para o ano circula no Palácio do Planalto e na equipe econômica. De acordo com os técnicos, o PIB deve ter crescido cerca de 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses do ano passado. O problema é que dificilmente esse ritmo será mantido. De acordo com a AE Projeções, analistas de mercado esperam um avanço de 0,9% nesta comparação.

Até agora, o melhor trimestre da economia brasileira sob Dilma Rousseff foi o primeiro de seu governo, de janeiro a março de 2011. Na ocasião, o avanço foi de 0,7%. Portanto, se o IBGE confirmar amanhã tanto a expectativa do mercado quanto do governo, o crescimento será o melhor do governo atual.

Desacelerações. Na avaliação do governo, o segundo e o terceiro trimestres devem ter avanços de 0,6%, em média. Assim, resta impulsionar a economia entre outubro e dezembro. Desta forma, os incentivos atenderiam à estratégia de iniciar o ano eleitoral de 2014 com a economia em aceleração.

O momento é delicado. Nesta semana, o mercado financeiro reduziu mais uma vez a estimativa de avanço do PIB no ano - o dado inserido na pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central com cerca de 100 instituições do mercado, aponta para uma alta de 2,93% neste ano. Na primeira semana deste ano, o mercado estimava em 3,26% a alta do PIB. Em janeiro de 2012, a projeção era de expansão na faixa de 4,2%.

Além disso, o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa as maiores instituições financeiras do mundo, reduziu sua projeção para o crescimento brasileiro na sexta-feira. Segundo o IIF, o PIB vai crescer 2,9%. Algumas consultorias já trabalham com um avanço ainda menor, próximo a 2,5%.

A ordem na equipe econômica é turbinar os incentivos ainda à disposição, para garantir algum efeito na atividade econômica ainda neste ano.

Orçamento. O governo vai fazer uma análise na boca do caixa: as reuniões periódicas da Junta Orçamentária (formada por Tesouro Nacional, Ministério do Planejamento e Casa Civil) vão servir para verificar o espaço fiscal disponível para uma desoneração tributária adicional ou um reforço em investimentos públicos específicos.

Uma das primeiras medidas emergenciais é a desoneração do PIS/Cofins das passagens de transporte coletivo urbano, que será anunciada nesta semana. A medida, que deve acarretar uma renúncia fiscal de R$ 1,1 bilhão por ano, é fruto do esforço do governo para evitar uma maior alta de preços nas tarifas de ônibus e metrô, mas os técnicos avaliam que ela também pode contribuir para estimular a atividade econômica.

Outras medidas estão em estudo, ainda que, por hora, o espaço fiscal seja exíguo. A aposta da equipe econômica é que, com a melhora na economia, a arrecadação de impostos pela Receita Federal melhore. Há uma defasagem entre o ritmo da atividade e o recolhimento de tributos - no início de 2012, por exemplo, o PIB praticamente parou, mas a arrecadação continuava muito forte.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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