Paulo Gama
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta segunda-feira (27) concordar com a avaliação do novo indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, de que o julgamento do mensalão condenou uma maneira de fazer política no país.
O modelo criticado por Barroso inclui as práticas largamente adotadas nos períodos do governos do próprio FHC e de Lula.
"Eu não sei o que ele quer dizer concretamente com isso, mas provavelmente eu concordo com ele. Acho que nossas práticas políticas são erradas, são deformadas, isso independe do presidente, vem de muitos anos", afirmou o ex-presidente.
A opinião de Barroso sobre o tema --e com a qual FHC diz concordar-- foi expressa em artigo de janeiro de 2013, assinado com o advogado Eduardo Mendonça. "Parece muito nítido que o STF aproveitou a oportunidade para condenar toda uma forma de se fazer política, amplamente praticada no Brasil. O tribunal acabou transcendendo a discussão puramente penal e tocando em um ponto sensível do arranjo institucional brasileiro", escreveu.
Para o ex-presidente, houve também uma "regressão para a República Velha" nas práticas políticas adotadas nos últimos anos, "especialmente no governo do [ex-] presidente Lula".
"Nós hoje temos governo e oposição, não há mais o que se chamava de presidencialismo de coalizão. Não há coalizão, há dois lados, governo e oposição, e o governo buscando com recursos políticos e de outras naturezas influencias a opinião. Não é um bom sistema, então o que ele [Barroso] disse eu concordo."
PSDB
FHC afirmou ainda que não deve participar das viagens que o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), fará pelo país.
"Nunca participei, acho que não é meu papel ser agitador político. Tem gente que gosta, o Lula gosta, mas não é meu perfil."
Ele disse também que espera que o legado deixado pelo sua passagem pela Presidência seja resgatado "não pela campanha" de Aécio, mas "pela história".
Afirmou ainda que acha "muito cedo" para que o ex-governador José Serra (PSDB) decida se vai disputar um cargo eletivo em 2014, como sugeriu Geraldo Alckmin.
"É uma decisão que é do Serra, não é de nenhum de nós. Ele pode contribuir de qualquer maneira, mas é muito cedo, isso é uma coisa dinâmica."
O ex-presidente participou da abertura das comemorações dos 80 anos da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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