A instabilidade econômica e a inflação galopante até o Plano Real, em 1994, impediram que governo e setor privado pudessem pensar o planejamento do país e das empresas a médio e longo prazos. Quase 20 anos depois, com a economia estabilizada e a inflação sob controle, não mais se justifica a inexistência de políticas públicas com visão de futuro.
No governo não existe um pensamento estratégico, nem um efetivo planejamento que antecipe os problemas do crescimento e equacione as dificuldades nas áreas de energia, meio ambiente, segurança, crescimento urbano, indústria, comércio exterior e mesmo de política externa.
Perdeu-se a noção de que a busca da utopia - como o fim da inflação e a eliminação da pobreza - é um dos motores do desenvolvimento e dos avanços sociais.
Em meio a esta situação de perplexidade, proposta elaborada pela Fiesp de uma estratégia para o crescimento da economia brasileira com um horizonte de 15 anos deveria merecer o exame do governo e do setor privado e ser debatida pelo Congresso e pela sociedade em geral.
O propósito do trabalho é contribuir para o desenvolvimento sustentado do país, tendo como premissa a combinação do crescimento econômico com avanços sociais. O projeto apresenta definição de metas e de estratégias, e não está centrado apenas nos interesses da indústria, mas de toda a sociedade brasileira.
A meta da proposta é dobrar a renda per capita do pais em 15 anos. De US$ 10.979 em 2014 para US$ 22.000 em 2029, medidos em paridade do poder de compra, e elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para o patamar de entrada das nações do primeiro mundo. Para a consecução desses objetivos, será necessário que o PIB avance a uma taxa média de 5,3% ao ano.
Esse é um projeto de futuro viável. Seu êxito resultará da capacidade da sociedade brasileira de incrementar o investimento em capital físico, formar em maior escala recursos humanos qualificados e maximizar a produtividade total dos fatores. Os países bem-sucedidos em dobrar o PIB em períodos inferiores a 20 anos (Japão, Coreia do Sul, Malásia e Taiwan), partindo de patamar próximo ao Brasil atual, definiram um conjunto de ações visando a apoiar a indústria de transformação. Os investimentos devem saltar dos atuais 17,7% para uma taxa média de 23,7% do PIB em 15 anos. O investimento público terá fundamental importância e será beneficiado pela redução dos gastos com juros da divida pública e por um programa de controle da expansão do gasto corrente.
Os setores com potencial para atrair investimento seriam o da construção civil e infraestrutura (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias), do agronegócio (grãos, sucroalcooleiro, proteína animal e fertilizantes), do petróleo e gás e da indústria de transformação (naval, automobilístico, químico, siderúrgico e bens de capital) e seus subsetores.
O trabalho indica politicas macroeconômicas e setoriais para alavancar os investimentos. A Fiesp lança o debate. Resgatemos a utopia.
Fonte: O Globo
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