quinta-feira, 21 de junho de 2018

William Waack: 8 candidatos e 1 segredo

- O Estado de S.Paulo

De positivo, espectros políticos e ideológicos razoavelmente claros começam a ganhar contornos entre presidenciáveis

Participei como moderador no início desta semana de um evento com oito presidenciáveis que merecia o título cinematográfico de 8 candidatos e 1 segredo. Entre os que compareceram ao evento organizado pela Unica, a entidade que representa o setor sucroenergético (um dos mais importantes do agronegócio) estavam os de maior destaque nas pesquisas. Faltou alguém do PT, que insiste num encarcerado como seu candidato, e Alvaro Dias, que nas pesquisa tem pontuado no Sul, mas se atrapalhou com a agenda.

Como é que Jair Bolsonaro, Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin (além dos “menores” Henrique Meirelles, João Amoêdo, Aldo Rebelo e Paulo Rabello de Castro) pensam que vão governar? De forma mais ou menos explícita todos admitem que o próximo Congresso será bastante fracionado. E que é insustentável a trajetória da dívida pública, agravada pelos constantes déficits primários dos últimos seis anos. Como enfrentar o peso da dívida sem clara maioria política?

Quero destacar aqui não as questões táticas, hiperexploradas em manchetes de internet que, em geral, sobrevivem a poucas horas. Os oito que encontrei acham que a política tem de mudar, que o presidencialismo de coalizão está esgotado, que o número de partidos tem de diminuir urgentemente, que a reforma política tem de ser profunda e blá, blá, blá. São discursos quase intercambiáveis, tirando uma ênfase distinta aqui ou ali (e a desenvoltura dos políticos profissionais, notavelmente superiores em relação aos “amadores” ou “novatos” num ambiente fechado e controlado como era o desse evento).

Maria Cristina Fernandes: A aliança dos fura-teto

- Valor Econômico

Tem pelo menos uma promessa que vai ser cumprida

Das promessas feitas pelos candidatos à Presidência da República, é possível confiar que, pelo menos uma, será cumprida: a mudança na lei do teto de gastos. E a razão é simples. A emenda constitucional já chegará ao fim do governo Michel Temer em frangalhos. No ritmo que a coisa vai, só os programas sociais e o funcionalismo desarticulado continuarão submetidos aos seus limites. Setores com poder de barganha, como empresários do setor de transportes e magistrados, ou ainda servidores abrigados na circunscrição eleitoral de seletos senadores, dela terão escapado.

A esta lista, como revelou o Valor (19/6), acrescentem-se interesses envolvidos no enroscado novelo dos precatórios judiciais. Aprovada no início do governo Michel Temer com adesão entusiasmada daqueles que viam uma nova ordem a surgir pelas mãos de um MDB subitamente convertido ao fiscalismo, a lei do teto foi solemente ignorada à luz do dia e por unanimidade com a aprovação da emenda 99 no fim do ano passado.

Tramitava, na Câmara, proposta de emenda constitucional egressa do Senado, que estendia em quatro anos o prazo inicialmente estabelecido pelo Supremo para a quitação integral das dívidas que a fazenda pública foi condenada a pagar. Os precatórios judiciais poderiam esperar até 2024. O projeto, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), já polemizara com o Judiciário em sua Casa de origem por ampliar as alternativas para a quitação dessas dívidas.

Incluem-se aí desde a indenização de desapropriações milionárias e despropositadas até pensões de octogenários que aguardam há décadas pelo que lhes é devido. Para quitar esses precatórios, Estados e municípios passaram a fazer qualquer negócio - compensação com crédito tributário, como o de ICMS, e troca por títulos que passaram a ser negociados no mercado com deságio. A receber uma dívida de R$ 100 mil num futuro incerto, por exemplo, credores passaram a aceitar receber R$ 40 mil.

Bernardo Mello Franco: Alckmin erra o alvo de novo

- O Globo

Empacado nas pesquisas, Geraldo Alckmin passou a apostar no confronto para ser notado na corrida presidencial. No início do mês, ele desafiou Jair Bolsonaro para debater segurança pública. O tiro saiu pela culatra. O capitão esnobou o convite e ainda debochou da situação do tucano: “Quando estiver na minha frente em São Paulo, ou atingir os dois dígitos, ele liga para mim”.

Nesta semana, Alckmin tentou outra investida para polemizar com os rivais. Sua campanha divulgou um vídeo com críticas a candidatos que mudaram muito de partido. Além de Bolsonaro, entraram na mira Marina Silva, Ciro Gomes e até Henrique Meirelles, o lanterninha da disputa.

“Se coerência de ideias importa, tem gente que precisa dar boas explicações”, diz a propaganda. Em seguida, uma animação descreve o vaivém partidário dos candidatos em tom de reprovação. “Agora veja o Geraldo Alckmin, há 30 anos no mesmo partido, o PSDB”, elogia o locutor.

O troca-troca de legendas é um problema da política e dos políticos brasileiros. Ao se filiar ao PDT, em setembro de 2015, Ciro ensaiou uma autocrítica. “Minha vida partidária é uma tragédia, muito ruim mesmo. Mas mudo de partido, não de convicções”, desculpou-se.

A questão é saber se o eleitor se importa com isso. A última rodada do Datafolha mostrou que o prestígio dos partidos anda baixíssimo. Numa lista de dez instituições, eles ficaram com o menor índice de confiança. Quase sete em cada dez entrevistados (68%) disseram que não confiam nas legendas. Outros 28% confiam um pouco, e apenas 2% confiam muito.

Bruno Boghossian: Instrumento desafinado

- Folha de S. Paulo

Justiça, MP e PF devem ampliar exigências em colaborações para evitar retrocesso

Ao concluir o relatório da CPI da JBS, no fim de 2017, o então deputado Carlos Marun (MDB) pulou no pescoço do Ministério Público. Indignado com a investigação aberta contra Michel Temer, escreveu que a delação de Joesley Batista era apenas uma tentativa de “derrubar o Representante Máximo da Democracia Brasileira”.

Não é surpresa que a comissão tenha sido contaminada por motivações políticas. Parlamentares de diversos partidos exploraram suspeitas de corrupção contra o ex-procurador Marcello Miller para minar todo o instituto da delação premiada —principal pilar da Lava Jato.

Deputados agora tentam abrir uma nova CPI para, de maneira aberta, caçar irregularidades cometidas por advogados, investigados e investigadores nas colaborações que atingem, principalmente, eles próprios.

Os quatro anos da Lava Jato resultaram em 163 delações firmadas em primeira instância e outras 121 submetidas ao STF. Movido por interesses próprios, o Congresso não parece ser o foro adequado para destrinchar essa ferramenta, mas fragilidades evidenciadas nos últimos meses exigem que os órgãos competentes trabalhem para aprimorá-la.

A acusação de que o advogado Antônio Figueiredo Basto cobrava dinheiro para proteger doleiros em acordos de colaboração é grave, mas não demole a aplicação do instrumento em si. O caso deve ser investigado por policiais e procuradores, e não por uma CPI que funcionaria, no máximo, por seis meses.

Ricardo Noblat: Indecência na Copa e fora dela

- Blog do Blog

Quando a intolerância se faz necessária

O que é mais imoral? Donald Trump separar filhos de pais que migraram ilegalmente para os Estados Unidos e trancá-los em gaiolas? Ou um bando de torcedores brasileiros idiotas assediaram jovens russas para que repitam indecências em uma língua cujo significado das palavras elas simplesmente desconhecem?

Não será imoral uma ex-presidente da República, com tudo pago pelo Estado brasileiro e à custa de patrocinadores internacionais, sair mundo a fora pregando que o Brasil vive sob uma ditadura? A ter que denegrir a imagem do seu próprio país, que o faça pelo menos abrindo mão dos benefícios que ele lhe concede.

Não é menos imoral um condenado e preso por corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, aproveitar o que lhe resta de popularidade para assegurar que será candidato de qualquer jeito, a não ser que lhe tirem a vida ou que rasguem a Constituição. Para ele, rasgar a Constituição quer dizer não fazer a sua vontade.

Imoral é também um país onde 171.480 ricaços acumularam no ano passado um patrimônio de 4, 5 trilhões de dólares. Eles representam apenas 0,8% da população, mas têm renda e patrimônio superior a mais de 60% dos brasileiros, segundo o relatório global de 2018 divulgado ontem pela empresa de consultoria Capgemini.

Merval Pereira: Noites brancas na terra de Putin

- O Globo

Putin começou sua vida política quase por acaso, como assessor do prefeito, em 1990

A seleção brasileira joga amanhã em São Petersburgo, um dia depois do começo oficial do verão, o que significa, nesta parte do mundo, dias mais longos e noites mais curtas. Hoje, com o solstício de verão começando às 10h07m, teremos o dia mais longo do ano. As famosas “noites brancas”, que dão o título e a ambientação de um romance de Dostoiévski e tornam essa época do ano uma atração turística a mais em regiões do hemisfério norte, momento em que o sol está mais próximo da Terra.

Em 1914, o nome da cidade foi mudado para Petrogrado e, em 1924, para Leningrado, mas sempre foi conhecida por seus habitantes simplesmente como Peter. Em 1991, com o fim da União Soviética, voltou a se chamar oficialmente São Petersburgo, também a terra natal de Vladimir Putin, que começou sua vida política quase por acaso, como assessor do prefeito, em 1990.

Pela proximidade afetiva, a cidade mais ocidentalizada da Rússia recebe tratamento prioritário do homem que está no comando do país há quase 20 anos, e também já foi alvo de ataques de separatistas chechenos para atingi-lo diretamente.

O estádio Krestovsky, do Zenit, é o mais tecnológico deste Mundial, e também dos mais polêmicos da série de polêmicas que cercam os estádios construídos ou reformados para a Copa. As obras custaram mais de R$ 2 bilhões, e até mesmo denúncias de trabalho escravo foram feitas, sobre operários norte-coreanos explorados em condições sub-humanas, da mesma maneira que já aconteceu no Catar, sede da Copa de 2022.

Fernando Gabeira: A cidade que resiste até o fim

- O Globo

Fundada para adequar Rússia à Europa São Petersburgo merece um olhar mais demorado

Atribui-se a Garrincha a seguinte frase: Roma é a cidade onde seu Zezé escorregou da escada. Para muitos, São Petersburgo é a cidade onde o Brasil enfrenta a Costa Rica, amanhã.

É comum tratar os lugares assim, sobretudo quando o deslocamento é rápido. Há uma piada sobre um turista americano numa excursão pela Europa que disse, ao acordar:
— Se hoje é quinta-feira, isso deve ser a Bélgica.

No entanto, São Petersburgo é uma cidade que merece um olhar mais demorado. Foi fundada por Pedro, o Grande para adequar a Rússia à Europa. Construíram-se grandes palácios, e os nobres eram obrigados a estudar etiqueta e a se comportar como os europeus.

Mas talvez o período mais dramático da História de São Petersburgo tenha acontecido no século XX, na Segunda Guerra Mundial. O episódio ficou famoso como o Cerco a Leningrado. Durou 900 dias, entre 1941 e 1944. Os alemães queriam conquistá-la de todas as maneiras, porque aqui, além de um centro industrial, era a base da frota soviética no Báltico.

Mas a cidade resistiu, e Hitler resolveu matá-la de fome. De fato, 600 mil pessoas morreram durante o cerco. No princípio, havia alguma comida. As rações eram rigorosamente definidas. Até alguns restaurantes comerciais funcionavam.

Com o tempo, a coisa apertou. A comida foi racionada ao mínimo. Era preciso alimentar prioritariamente os soldados que defendiam a cidade, sitiada por alemães e finlandeses, uma força secundária que atacava pelo norte.

Vinicius Torres Freire: Ansiedade com dólar e depressão

- Folha de S. Paulo

BC não mexeu nos juros, mas pressões de mercado e da política podem sufocar economia

Quase não se oferece trabalho decente. O número de empregos com carteira assinada cresce a menos de 1% ao ano. O nível de utilização da capacidade da indústria é o menor em duas décadas, ao menos. A taxa de desemprego mal se move, na prática, desde fins de 2017.

O crescimento da renda (PIB) per capita não deve passar de 1,5% em dois anos (2017-2018), isso depois da segunda pior recessão desde o começo do século 20.

Neste país se discute um aumento da taxa básica de juros, da Selic. Mas o Banco Central não buliu com os juros na reunião desta quarta-feira (20), como desejavam alguns negociantes de dinheiro, do "mercado", e economistas ortodoxos, porém esquisitos.

A hipótese de alta da Selic, não é totalmente desprovida de sentido, decerto. Somos capazes de produzir catástrofes novas.

Uma viagem duradoura do dólar para as estrelas, para o espaço sideral dos R$ 4,50 e além, poderia alterar expectativas de inflação e mesmo a inflação de fato, mesmo nesta economia com traços de ansiedade sob risco de depressão. Pelos números que o Banco Central divulgou em seu comunicado desta quarta-feira, porém, a inflação esperada está nas metas até 2019.

Míriam Leitão: BC entre juros e câmbio

- O Globo

O Banco Central manteve os juros em 6,5% e esclareceu que não subirá as taxas para combater a elevação do dólar. Usará a política monetária apenas se houver impacto mais forte na inflação. Por enquanto, ela está, em todos os cenários, abaixo do centro da meta. E o nível de atividade está fraco, portanto é preciso ter o estímulo dos juros baixos. O que preocupa o BC é o abandono das reformas.

Manter os juros era a decisão a tomar. Desde a última reunião houve várias mudanças para pior na conjuntura e dois choques de preços: a greve do transporte de carga e a volatilidade cambial. O comunicado do BC fala desses dois fatos. Diz que a greve afetou o nível de atividade, mas acredita que a maior probabilidade é de que, passados dois meses, o processo de recuperação da economia continue.

O Copom acha que a greve e a alta do dólar vão afetar a inflação, mas não de forma a colocar em risco a meta. Em qualquer dos cenários a taxa deve ficar abaixo de 4,5%. O Banco Central admite que desde a última reunião ficou mais forte a tendência de alta dos índices.

Os choques recentes estão sim elevando a inflação. O país está no meio desse processo. Os IGPs estão altos e o IPCA-15 de hoje deve ficar em torno de 1%. O efeito do câmbio é um pouco mais demorado, mas também impactará os índices. Contudo, não há previsão de riscos para as taxas de inflação. Entre outros motivos porque a economia está muito fria. Neste ambiente, a transferência do câmbio para os preços é mais lenta e difícil.

Desde a última reunião houve piora em todas as previsões de crescimento e a cada dia há um novo indicador mostrando isso. Ontem a CNI divulgou o Índice de Confiança do Empresário Industrial e a avaliação das condições presentes despencou de 48,3 pontos para 37,3. Qualquer número abaixo de 50 é pessimismo, mas ele se aprofundou. Piorou também a avaliação para os próximos seis meses.

Zeina Latif: Lições do dólar

- O Estado de S.Paulo

Controlar o câmbio não deveria fazer parte da agenda econômica dos candidatos

Para onde vai o dólar? Economistas não têm bons instrumentos para responder a essa pergunta. Trata-se de um preço de ativo influenciado por muitas variáveis.

O pouco que sabemos é que o diferencial de crescimento entre os países contribui de forma relevante para explicar a direção das moedas. País que cresce mais ou que tem maior expectativa de crescimento tem moeda mais valorizada, e vice-versa.

Entre 2014 e 2016, por exemplo, a economia norte-americana exibia robustez crescente, enquanto se discutia o risco de rápida desaceleração na China, impactando o cenário econômico de seus parceiros comerciais. Resultado: o dólar apresentou expressiva valorização, de 25% em relação a uma ampla cesta de moedas calculada pelo Fed.

O fato de os EUA serem mais fechados ao comércio mundial também impacta o comportamento de sua moeda. Nos últimos meses, o comércio mundial perdeu fôlego, possivelmente por conta da desaceleração de investimentos tradicionais na China. Europa, Japão e emergentes sofrem. O resultado é a valorização recente do dólar no mundo.

O real, por consequência, se enfraqueceu. Em linha, porém, com o sugerido pelo quadro externo e levando em conta sua elevada volatilidade histórica. Pelos nossos modelos econométricos, o peso do ambiente interno, de incertezas e de baixo crescimento, seria marginal. Seu papel estaria mais em eliminar a sobrevalorização do real ocorrida desde o início do processo de impeachment, do que em gerar um enfraquecimento adicional da moeda em relação ao sugerido pelo ciclo da moeda americana.

Ribamar Oliveira: Com a ajuda do câmbio e da inflação

- Valor Econômico

"Lucro" do BC no 1º semestre substituirá os R$ 100 bi do BNDES

A greve dos caminhoneiros e a forte alta do dólar nos últimos meses, que tanto transtornos causaram à população e à economia, vão ajudar este e o próximo governo a fechar as contas e a cumprir as regras fiscais. É quase certo, por exemplo, que a atual equipe econômica não precisará mais da devolução de R$ 100 bilhões dos empréstimos feitos pelo Tesouro ao BNDES para cumprir a chamada "regra de ouro" neste ano. Além disso, a equipe do próximo presidente poderá cortar menos nas despesas para cumprir o teto de gastos.

O BNDES já devolveu R$ 30 bilhões ao Tesouro neste ano e a previsão é de que uma parcela de mais R$ 100 bilhões será transferida em setembro. O governo conta com essa operação para cumprir a "regra de ouro" em 2018. Isso não será mais necessário, de acordo com fontes credenciadas da área econômica, porque o lucro do Banco Central no primeiro semestre, principalmente com as operações de câmbio, ficará muito acima de R$ 100 bilhões. Até o dia 15 passado, estava em R$ 146,2 bilhões. Ainda falta computar, no entanto, o resultado das operações de câmbio e o resultado operacional do BC nos últimos 15 dias de junho, que poderão alterar o valor. Só depois, o governo saberá qual o montante do lucro da autoridade monetária será transferido ao Tesouro. A transferência desses recursos ocorrerá 10 dias depois da aprovação do balanço do primeiro semestre do BC, ou seja, provavelmente em setembro.

O lucro do BC não foi considerado no cálculo feito pelo Tesouro para o cumprimento da "regra de ouro" neste ano. Na última estimativa divulgada, no fim de maio, a insuficiência de recursos foi estimada em R$ 181,9 bilhões. Para cobrir esse "buraco", o governo contava com os R$ 100 bilhões do BNDES, com R$ 27 bilhões do Fundo Soberano (FSB), R$ 16 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), com o cancelamento de R$ 20 bilhões de restos a pagar e R$ 18,9 bilhões de outras fontes. Este cálculo será inteiramente alterado, quando o Tesouro considerar o dinheiro que vai receber do BC.

Como não será necessário usar os R$ 100 bilhões do BNDES, os recursos poderão ficar para cumprir a "regra de ouro" de 2019, ajudando, assim, o próximo governo a obedecer o dispositivo constitucional, que proíbe que o montante das operações de crédito superem as despesas de capital (investimentos). Outra decisão já tomada pelo atual governo é deixar para o próximo ano a receita a ser obtida com o leilão do excedente de petróleo dos campos do pré-sal da cessão onerosa feita com a Petrobras. Estima-se que essa receita poderá ficar em torno de R$ 100 bilhões. Os recursos serão utilizados para cumprir a "regra de ouro", pois eles não poderão ser usados para aumentar os gastos, que estão limitados ao teto.

DEM está mais perto de Alckmin, diz Maia

Para o presidente da Câmara, decisão, que ‘é a mais natural’, pode ser tomada já na semana que vem

Bruno Góes | O Globo

-BRASÍLIA- Em uma guinada de sua articulação política, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou ontem que o seu partido, o DEM, está mais próximo de declarar apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Ao GLOBO, Maia admitiu que o caminho “mais natural” do partido no momento é costurar uma aliança com o PSDB. O movimento de aproximação de Maia com os tucanos aconteceu no mesmo dia em que o presidente nacional da sigla, o prefeito de Salvador, ACM Neto, se reuniu com Alckmin em Brasília.

Na avaliação de Maia, o programa partidário do DEM, mais próximo dos tucanos, deve ser fundamental na hora de fechar um acordo em torno de Alckmin. Apesar de ensaiar uma negociação com diferentes candidatos e emitir sinais contraditórios, o DEM sempre teve mais afinidade ideológica com o PSDB. Aliança histórica com os tucanos não impediu o presidente da Câmara de abrir conversas com o précandidato do PDT, Ciro Gomes, com quem jantou anteontem. Mas Maia procurou deixar claro, na conversa com O GLOBO, que um acerto com o pedetista não está no horizonte.

Maia manteve o discurso de que ainda é pré-candidato ao Planalto, mas disse que a decisão do partido sobre o apoio a Alckmin está sendo maturada, podendo ser tomada já “na semana que vem” ou daqui a um mês, quando o DEM faz sua convenção.

— Nós não caminhamos para isso (uma aliança com Ciro). Foi uma primeira conversa, como já tivemos com o Geraldo (Alckmin), o Alvaro (Dias). É claro que o caminho natural do DEM é apoiar o Geraldo Alckmin. Nós temos uma aliança em São Paulo. Esse é o caminho natural se o DEM não decidir pela minha candidatura. Agora, o que precisamos entender é que o Brasil precisa sair da política do ódio e ir para a política da conciliação — afirmou.

Maia acredita que a grande dificuldade dos partidos de centro-direita será fazer uma campanha no momento em que o campo de oposição ao presidente Michel Temer tem uma vantagem estratégica, dada a esmagadora desaprovação do governo. Na sua visão, o candidato vitorioso será um postulante disposto a fugir da polarização. Ao mesmo tempo, Maia concorda que os palanques regionais e o tempo de televisão serão importantes para a viabilidade de um candidato.

— Se você olhar o discurso do Geraldo, ele está fugindo da polarização com o PT. O discurso do Geraldo tem sido o do diálogo, está olhando outro caminho para crescer nas pesquisas. Então, está todo mundo vendo que essa polarização está, de fato, falida.

O FATOR TEMER
Para Maia, o governo terá um “papel pequeno” nas articulações.

— A sociedade não enxerga tudo aquilo que ele (Temer) conseguiu fazer. A sociedade olha o Lula. A presidente Dilma está fora da cronologia. Temos um governo que na área econômica tem avanços, mas erros que levaram a duas denúncias que tiraram o capital político para fazer a coisa mais importante, que era a reforma da Previdência.

Mesmo sem deslanchar nas pesquisas de intenções de voto, Alckmin deu um passo importante para aglutinar o apoio de outros partidos, segundo o presidente da Câmara.

Marina janta com Huck, mas sem ‘instrumentalizar’

Ela diz que entende as limitações políticas do apresentador

Jeferson Ribeiro, Adriana Mendes e Dimitrius Dantas | O Globo

-RIO, SÃO PAULO E BRASÍLIA- A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, jantou ontem, no Rio, com o apresentador de televisão Luciano Huck, que já foi cotado para disputar o Palácio do Planalto.

Marina sinalizou apoio ao grupo Renova BR, movimento suprapartidário que tem proximidade com Huck. A pré-candidata da Rede vem enfrentando dificuldades para costurar alianças. Pouco antes do encontro, Marina disse que compreende as limitações que Huck teria para apoiar sua pré-candidatura publicamente.

— O Luciano, pelo que sei, tem um impedimento que serviu até para sua própria candidatura e eu tenho respeito pela situação dele. Ele é membro (do Agora), mas, pelo que eu saiba, não está podendo se colocar e não tenho a pretensão de instrumentalizar ninguém — afirmou a ex-senadora, após participar de um debate com o movimento Roda Democrática, no Centro do Rio.

SEM FORMALIDADES 
Questionada sobre a possibilidade de o Agora apoiá-la formalmente, Marina disse que o movimento já tem vários pré-candidatos filiados à Rede, mas que não queria “antecipar uma decisão que era deles”.

Segundo ela, entre os movimentos cívicos apenas o Brasil 21 já anunciou adesão integral à sua pré-campanha, mas há diálogo com outros que podem apoiar sua pré-candidatura futuramente.

Alckmin diz estar em processo de 'aproximações sucessivas' com o centro

Dirigentes do DEM tomaram café da manhã com tucano, após jantar com Ciro Gomes

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira, 20, que está em um processo de “aproximações sucessivas” com o chamado “centro político” e citou o DEM na lista dos partidos que pretende conquistar. Alckmin tomou café da manhã com dirigentes do DEM, negou que o PSDB esteja correndo atrás do MDB do presidente Michel Temer e afirmou não ter dúvidas de que estará no segundo turno da disputa ao Palácio do Planalto, embora ainda esteja estagnado nas pesquisas, com índices variando de 6% a 7% das intenções de voto.

O café com tapioca ocorreu no apartamento do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que já chegou a ser cotado para vice de Alckmin, e contou com a presença do prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente do DEM, e do líder do partido na Câmara, Rodrigo Garcia (SP). Horas antes, ACM Neto jantou com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de representantes do PP, Solidariedade e PRB em uma conversa que terminou na madrugada desta quarta.

O Estado apurou que a conversa com Ciro animou mais o DEM, embora haja resistências internas à candidatura do ex-ministro. A portas fechadas, integrantes do DEM admitem não ter gostado da escolha do ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) para ser o coordenador político da campanha de Alckmin. Motivo: Perillo é ferrenho adversário do senador Ronaldo Caiado (GO), pré-candidato do DEM ao governo de Goiás.

Alckmin se reúne com comando do DEM e garante que tem ‘viabilidade eleitoral’

ACM Neto diz que partido conversará com todos na busca de um consenso

Cristiane Jungblut | O Globo

BRASÍLIA — À procura de apoio do DEM, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, se reuniu na manhã desta quarta-feira com ACM Neto, presidente nacional do partido. No encontro, segundo participantes, Alckmin reiterou que tem "viabilidade eleitoral". Num intervalo de menos de 15 horas, o comando do DEM se reuniu com os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

O encontro com o tucano ocorreu na residência do deputado Mendonça Filho (PE), ex-ministro da Educação do governo Michel Temer O presidente da Câmara e pré-candidato do DEM à Presidência, Rodrigo Maia, não participou da reunião. O tucano pediu que o DEM decida por apoiá-lo e consiga trazer todo o bloco do chamado "centro".

Após a reunião, Alckmin disse a negociação com os demais partidos é um "processo de aproximações sucessivas" e garantiu que as coisas "estão caminhando bem".

— Esse é um processo de aproximações sucessivas. As coisas estão caminhando bem.Tomei um café da manhã, com tapioca. Foi caprichado. Uma boa conversa — disse Alckmin, ao chegar ao Senado para um almoço com a bancada do PSDB.

No encontro com os democratas, o tucano procurou garantir que tem condições de chegar ao segundo turno. Ele mesmo disse que falou sobre o assunto. Alckmin está em Brasília para uma rodada de conversas com aliados e deve se reunir ainda hoje com o comando do PTB.

A maior parte do DEM, principalmente os cacique mais antigos, querem fechar com a candidatura de Alckmin, mesmo havendo desconfiança com a sua performance nas pesquisas de intenção de voto. O ex-governador está estacionado em torno de 7%, segundo o último Datafolha.

Alckmin tem conversado com a legenda com frequência, mas um encontro formal com ACM Neto foi costurado na semana passada. Segundo interlocutores, todo o esforço de Alckmin é mostrar que tem chances de crescer, desbancar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e estar no segundo turno disputando contra o candidato do PT.

ACM Neto disse ao GLOBO que seu papel é conversar com os demais candidatos dos partidos de centro, como Alckmin, Ciro Gomes - com quem esteve na noite de terça-feira - e com Álvaro Dias (Podemos).

— Como presidente do DEM, tenho o dever de dialogar com todos, sem qualquer restrição, exceto o PT. O meu papel, assim como o de Rodrigo Maia, é trabalharmos para termos um projeto compatível com as necessidades do Brasil — disse ACM Neto.

Os tucanos estão irritados com a aproximação com Ciro Gomes, principalmente devido aos movimentos de Rodrigo Maia, a quem não consideram "confiável" para fechar uma aliança com Alckmin. Os caciques tucanos disseram que Maia se "apequenou".

Mas o encontro foi na linha se discutir o quadro dos partidos. Alckimn fez um relato dos últimos encontros, inclusive com o PR.

Já o DEM deixou claro que há uma divisão ainda dentro do partido, embora a maioria mais antiga queira fechar com Alckmin. O partido tem um problema agora com o líder do DEM no Senado e candidato ao governo de Goiás, Ronaldo Caiado, que não gostou de ver Marconi Perillo, ex-governador, ser nomeado coordenador político da campanha de Alckmin.

No café desta manhã, também participou o líder do DEM na Câmara, deputado Rodrigo Garcia (SP).

Na noite de terça-feira, houve o tão esperado encontro do DEM com Ciro Gomes. Desta vez, Rodrigo Maia esteve no encontro, juntamente com ACM Neto.

Diante de aproximação com Ciro, Alckmin conversa com DEM sobre eleição

Em café da manhã com lideranças tucanas, tucano expôs sua estratégia para tentar aliança

Daniel Carvalho | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Diante da aproximação do DEM com o PDT, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) tomou café da manhã nesta quarta-feira (20) com integrantes da cúpula da legenda de centro, aliada histórica dos tucanos.

O encontro ocorreu no apartamento do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), cotado desde 2017 para ocupar a vice de Alckmin, horas depois de um jantar entre democratas e o também presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE).

Além de Alckmin e Mendonça, participaram o presidente nacional do DEM, ACM Neto, e o líder do partido na Câmara, Rodrigo Garcia (DEM-SP).

Segundo a Folha apurou, Alckmin expôs sua estratégia de campanha e tentou passar segurança em sua viabilidade como candidato.

Como vantagem, o tucano falou de apoio praticamente certos de PSD, PTB, PPS e PV.

No final desta manhã, em entrevista ao portal Metrópoles, Alckmin disse que uma aliança com o MDB não está em discussão, embora o coordenador político de sua campanha, Marconi Perillo, admita conversas com todos os partidos do chamado centro político.

Já em relação ao DEM, ele disse que, se puder estar junto na disputa nacional, estarão.

Ciro ainda não fechou com nenhum partido, mas agradou a plateia de democratas durante o jantar, superando expectativas, como relatou, sob reserva um dos presentes no encontro da noite de terça-feira.

Além de Ciro e Alckmin, o DEM conversou com o senador Alvaro Dias (PODE), que também é pré-candidato ao Planalto.

PPS deixa base do governo Ivo Sartori e apoia tucano ao Palácio Piratini

Partido abandona emedebista e indica um dos nomes ao Senado pela chapa com PSDB

Filipe Strazzer | O Estado de S.Paulo

PORTO ALEGRE - Em reunião realizada na manhã desta quarta-feira, 20, o PPS do Rio Grande do Sul decidiu, por aclamação, apoiar o pré-candidato tucano Eduardo Leite ao governo do Estado. Também ficou definido que o ex-deputado estadual Mário Bernd (PPS) será um dos pré-candidatos ao Senado na chapa de Leite. Com isso, o PPS deixa, portanto, a base do governador José Ivo Sartori (MDB) e deve entregar os cargos que mantém na administração.

Em troca do apoio, o PSDB ofereceu ao PPS uma das vagas ao Senado pela coligação. O presidente do PPS gaúcho, César Baumgratz, afirmou que a possibilidade de aumentar a bancada de seu partido na Assembleia Legislativa - que hoje tem somente a deputada estadual Any Ortiz - e de a sigla conseguir uma cadeira na Câmara dos Deputados também pesou."Foi a melhor coligação para os nossos propósitos", disse Baumgratz ao Estado.

"Nessas conversas se busca aquela que é a melhor proposta de oferta de fortalecimento e afirmação do partido", afirmou. O PPS estará coligado com o PSDB e o PHS para a Assembleia Legislativa gaúcha - e com o PHS na eleição a deputado federal.

Segundo Any Ortiz, que também é vice-presidente do PPS no Rio Grande do Sul, a opção por Leite se deu não somente pela questão da coligação para o Legislativo estadual, mas, também pelas propostas. "Prevaleceu apoiar alguém que está afinado com as agendas e propósitos do PPS, como o enxugamento da máquina pública, de redução do tamanho do Estado e de investir em saúde, educação e segurança", afirmou a deputada estadual.

O PPS ocupa atualmente ao menos dez cargos na administração Sartori e faz parte do governo desde o início, em 2015. "Vamos procurar o governo, mas, por meio dessa decisão (de apoiar Leite) o PPS coloca seus cargos à disposição", disse Any Ortiz.

Segundo Any, isso não deverá, contudo, alterar o posicionamento dela e do PPS nas votações na Assembleia. "Minha intenção não é virar oposição, até porque continuamos do mesmo lado ideológico. Meu posicionamento é por apoiar os projetos que são importantes para o governo do Estado."

O agora pré-candidato ao Senado Mário Bernd (PPS) já concorreu ao cargo em 2006 e ficou em quarto lugar. Ele elogiou a escolha de seu partido pelo apoio a Leite e afirmou que é candidato "para mudar algumas questões que o Congresso precisa mudar".

"Não podemos mais ter um Supremo (Tribunal Federal) que sirva a interesses políticos, por exemplo. Tenho um projeto que diz que ministro do STF tem que ser eleito pelas entidades ligadas ao juízo e com mandato de 8 anos", afirmou Bernd.

Ausente, Pimentel vira alvo em congresso em Minas; Anastasia é o mais aplaudido

Pré-candidatos ao governo se reuniram pela primeira vez e defenderam ajuste fiscal no estado

Carolina Linhares | Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE - Pela primeira vez reunidos lado a lado para responder perguntas e discursar, os pré-candidatos ao governo de Minas Gerais atacaram a ausência do governador Fernando Pimentel (PT) no 35º Congresso Mineiro de Municípios e defenderam ajuste fiscal no estado, que enfrenta grave crise financeira.

Mais aplaudido pela plateia de prefeitos e vereadores, o senador Antonio Anastasia (PSDB) afirmou que os municípios devem ajudar a reconstruir o estado. "Não é essa Minas que queremos, mas uma Minas que atenda os municípios e os cidadãos", disse.

Durante seu discurso, houve gritos na plateia a favor e outros criticando o senador Aécio Neves (PSDB), que é réu no Supremo Tribunal Federal e não vem participando dos eventos de campanha de Anastasia.

Anastasia e também o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência, têm buscado se descolar da imagem de Aécio quando questionados sobre o assunto. Segundo eles, cabe a Aécio decidir se será candidato à reeleição neste ano.

Pré-candidato à reeleição, Pimentel não compareceu ao evento. Em sua agenda, consta uma reunião com bancos e investidores em São Paulo.

Roberto Freire reafirma indicativo de apoio do PPS à pré-candidatura de Geraldo Alckmin

- Portal do PPS

O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), reafirmou, em entrevista concedida a rádio Jovem Pan de Itapetininga (SP), nesta terça-feira (19), o indicativo de apoio do partido ao pré-candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB). O dirigente disse se sentir honrado com convite feito pela também pré-candidata, Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, para compor uma chapa como vice e adiantou que disputará o cargo de deputado federal.

“Tenho que dizer que me sinto honrado. Porque Marina é uma figura que merece respeito. Então, quando alguém que merece respeito lhe tem essa deferência, claro que é uma honra. Mas o que tenho respondido é que, apesar de ser muito honroso a lembrança, estou trabalhando para consolidar a candidatura de Geraldo Alckmin. Como presidente nacional do partido tenho feito isso e o partido não mudou de posição e acredito que não vai mudar”, disse ao referir-se que o indicativo de apoio à candidatura de Alckmin aprovado por unanimidade no 19º Congresso Nacional do PPS, realizado no mês de março, em São Paulo.

Enfrentar extremos
O dirigente do PPS considera que Geraldo Alckmin é o melhor candidato para superar os problemas existente no País e enfrentar os extremos da direita e da esquerda.

“Eu considero ele o melhor candidato para superarmos essa fase difícil que o Brasil está vivendo. Ele possui a capacidade de derrotar uma direita extremada, antidemocrática e populista e, ao mesmo tempo, uma esquerda ligada ao lulopetismo que foi responsável por todo um processo de desmantelo da economia, da política e da moral brasileira. É preciso de alguém no centro [político] que tenha capacidade já demonstrada de bom gestor e de fácil diálogo. Uma pessoa ponderada que não desperte aquilo que o Brasil precisa superar que é o aprofundamento do nós contra eles”, defendeu.

Ansiedade
Ao ser questionado sobre a posição do tucano nas pesquisas, Roberto Freire criticou os institutos por apresentarem cenários não realistas como a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP).

“O problema é que tem pessoas muito ansiosas. Quando se fala sobre pesquisas, a imprensa e os institutos fazem um desserviço. Lula é um ficha suja, condenado pela Justiça brasileira, um criminoso, que está cumprindo uma pena de 12 anos de reclusão na cadeia. Não é candidato. Então como você faz uma pesquisa e o coloca no cenário? Isso, evidentemente, torna o resultado irrelevante, porque aquilo não vai, em momento algum, se realizar. É a mesma coisa que aconteceu com o [apresentador] Luciano Huck, com quem falávamos sobre a possibilidade de vir [a se candidatar] a presidente. No momento que você coloca ele na pesquisa é uma coisa, quando ele desiste, vira outra”, recordou o presidente do PPS.

Alckmin aperta o cerco sobre legendas de 'centro'

Por Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - Em uma ofensiva para tentar engordar o número de aliados em torno da desejada coalizão "de centro", o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o articulador político de sua campanha, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, estiveram em Brasília ontem e se reuniram com os presidentes do DEM, PRB, PTB PP, PSD e Pros.

As duas primeiras siglas têm postulantes próprios ao Palácio do Planalto (Rodrigo Maia e Flávio Rocha). Mas com os baixos percentuais de intenção de votos colhidos em pesquisas, já consideram alternativas. Antes dos encontros com os tucanos, estiveram na noite anterior em um jantar com Ciro Gomes (PDT).

"É um processo de aproximações sucessivas", desconversou Alckmin, questionado sobre o flerte do centrão com diferentes candidatos ao mesmo tempo. O presidenciável tomou café com o presidente do DEM, ACM Neto, o ex-ministro da Educação, Mendonça Filho, e o deputado Rodrigo Garcia. A eles, Alckmin assegurou que tem viabilidade eleitoral e estará no segundo turno.

Fé nos números

- Poder em jogo | O Globo

Nos próximos dias, Geraldo Alckmin terá de se concentrar em São Paulo, estado que governou quatro vezes, para conseguir ampliar a aliança que defende sua candidatura ao Planalto, hoje formada por PSDB, PSD, PPS, PTB e PV. Sob o comando do DEM, os partidos do “centrão” — PP, PR, PRB e Solidariedade — esperam que o tucano mostre crescimento no estado para formalizarem a adesão à candidatura.

Alckmin conta com 15% das intenções de voto no estado, contra 19% de Jair Bolsonaro, segundo pesquisa Ibope deste mês, num cenário em que o candidato do PT é o ex-prefeito Fernando Haddad. O levantamento informa que 27% dos eleitores pretendem votar em branco ou anular o voto, e que 4% estão indecisos (ou não responderam), mostrando que a disputa ainda está indefinida.

Nas eleições de 2014 para o governo paulista, o tucano ganhou em primeiro turno e só perdeu em um dos 645 municípios do estado, Hortolândia. O PSDB confia na matemática para levantar seu candidato.

Sem pressa
O PSB tem reunião hoje para discutir as alianças na eleição presidencial. Deve desanimar o PT, que quer o apoio do partido: os socialistas vão decidir... adiar a decisão.

Apenas delações: Editorial | O Estado de S. Paulo

A 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente ação penal contra a senadora Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kluger. Os ministros da 2.ª Turma entenderam que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentou no processo provas que corroborassem a acusação de que os três réus teriam solicitado e recebido R$ 1 milhão desviado da Petrobrás para a campanha ao Senado, em 2010, da atual presidente do PT. No processo havia apenas delações, sem outros elementos de prova a corroborar as informações provenientes das colaborações premiadas.

“Observa-se que toda argumentação (da PGR) tem como fio condutor o depoimento de delatores. Relatos não encontram respaldo em elementos de corroboração”, disse o ministro Dias Toffoli. Até mesmo os documentos que a PGR apresentou no processo, que supostamente corroborariam as delações, tinham sido produzidos pelos delatores, como uma anotação na agenda de Paulo Roberto Costa, que, segundo a promotoria, fazia referência ao valor repassado ao ex-ministro Paulo Bernardo.

A decisão do STF de absolver a senadora Gleisi Hoffmann por falta de provas deve servir de alerta para o Ministério Público. Essa repartição pública presta um desserviço ao País ao apresentar denúncias com base apenas em delações, que, por sua própria natureza, são parciais. O delator, como se sabe, obtém benefícios ao relatar à Justiça aquelas informações.

Delação não basta: Editorial | Folha de S. Paulo

Ao absolver petistas, 2ª Turma do STF concorda que acusação de corrupção carecia de embasamento

Reveste-se de inegável importância, até mesmo do ponto de vista didático, a decisão tomada na terça-feira (19) pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal.

Por unanimidade, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, foram absolvidos das acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, feitas pela Procuradoria-Geral da República no âmbito da Operação Lava Jato.

Restou apenas, para dois dos cinco ministros do colegiado, a convicção de que a petista, presidente do partido, pode ser responsabilizada por omissões na prestação de contas de sua campanha em 2010, o que tipifica o caixa dois.

Foram nesse sentido os votos de Edson Fachin e de Celso de Mello; já Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli absolveram os acusados de modo irrestrito.

A divergência importa menos, de todo modo, do que uma concordância essencial e, até certo ponto, imprevista —ao menos por parte de quem já se acostumou a rotular, segundo critérios automáticos, a atitude dos membros do STF.

Nessa leitura, existiriam aqueles magistrados dispostos a beneficiar qualquer réu em crimes de colarinho branco, em confronto com os representantes da santa ira da sociedade contra a corrupção.

Se todos perderão, deve-se evitar uma guerra comercial: Editorial | O Globo

A agressividade americana nos desentendimentos comerciais com a China pode levar a uma recessão mundial, em que nenhum país deixará de acumular perdas

Próximo das eleições legislativas de meio de mandato, em novembro, o presidente Trump está tomado por um surto de hiperatividade, infelizmente no campo do isolacionismo e da xenofobia. Rompeu de forma nada diplomática com o Canadá de Trudeau, em recente reunião do G-7, em Quebec, abandonada por ele antes do fim, deixando incerto o próprio futuro do grupo.

E também fechou ainda mais a fronteira com o México, adotando a deplorável medida de afastar filhos de pais, em famílias apanhadas na tentativa de entrar de forma ilegal nos Estados Unidos. A reprovação mundial e dentro do próprio partido Republicano fez ontem Trump recuar.

Sempre numa linha nacional-populista, o presidente americano também elevou bastante a tensão no embate comercial com a China, depois de confirmar sobretaxas sobre o aço e alumínio também exportados pelos parceiros do Nafta, Canadá e México. A aliança pode até não sobreviver, mesmo que haja negociações sobre seu futuro, devido à agressividade e intransigência da Casa Branca.

Não é desconhecido que todos perdem numa guerra comercial. Mas o bom senso tem sido escasso nos movimentos políticos e diplomáticos da Casa Branca, que parece guiada apenas pelo interesse de agradar ao eleitorado mais conservador de Trump, para o qual só existem no mundo os Estados Unidos.

Trump coloca o mundo mais perto da guerra comercial: Editorial | Valor Econômico

Uma disputa comercial entre as duas maiores potências econômicas, Estados Unidos e China, em que cada uma impõe tarifas sobre vendas de US$ 50 bilhões da outra, teria poucas consequências, não fosse o contexto tóxico em que ela ocorre. A política de Donald Trump de confrontar primeiro, e negociar depois, teve o resultado mais que previsto de isolar os EUA, e, talvez no futuro, uni-los contra si.

Trump quer substituir a ordem comercial global por sua vontade e, se não falasse a sério, seria recebido com gargalhadas. Mas o ambiente em que ele surgiu e se move tornou-se ameaçador. Trump se elegeu sob o ressentimento justificado de que os benefícios da globalização, colhidos em primeiro lugar por EUA e China, não chegaram ao americano comum que, se não foi deslocado de seu emprego, viu sua renda se estagnar nas últimas três décadas. O isolacionismo de Trump tem base de apoio real que ele usa para atender seus interesses próprios. Enquanto defendia os operários do Meio Oeste, obteve aprovação do Congresso para um pacote fiscal que dará a maior parte de suas benesses para os mais ricos.

Trump vem tentando demolir as instituições que os EUA construíram após a Segunda Guerra para moldar e dar passagem a sua hegemonia. O mundo mudou, os EUA estão perdendo a hegemonia e Trump não quer brincar de multilateralismo. O sinistro da história é que os argumentos para que ele desfira esses ataques simplesmente não importam. Todos os acordos feitos pelos EUA antes dele chegar à Casa Branca são "os piores já feitos". E se os argumentos são ruins, as maneiras são as piores ainda, como ficou claro na mais recente reunião do G-7, quando, primeiro, Trump ameaçou não ir, depois chegou assobiando e perguntou porque a Rússia não estava lá e por último atacou o anfitrião, o primeiro ministro Justin Trudeau.

Erra quem não leva Trump a sério. Levantar barreiras contra aço e alumínio importados sob o lema da ameaça à segurança nacional é um acinte, mas Trump taxou assim mesmo países da União Europeia, Japão e seus parceiros do Nafta, México e Canadá.

Vinicius de Moraes - A tonga da mironga do kabuletê

Cecília Meireles: Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…

e um dia me acabarei.