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Quando a intolerância se faz necessária
O que é mais imoral? Donald Trump separar filhos de pais que migraram ilegalmente para os Estados Unidos e trancá-los em gaiolas? Ou um bando de torcedores brasileiros idiotas assediaram jovens russas para que repitam indecências em uma língua cujo significado das palavras elas simplesmente desconhecem?
Não será imoral uma ex-presidente da República, com tudo pago pelo Estado brasileiro e à custa de patrocinadores internacionais, sair mundo a fora pregando que o Brasil vive sob uma ditadura? A ter que denegrir a imagem do seu próprio país, que o faça pelo menos abrindo mão dos benefícios que ele lhe concede.
Não é menos imoral um condenado e preso por corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, aproveitar o que lhe resta de popularidade para assegurar que será candidato de qualquer jeito, a não ser que lhe tirem a vida ou que rasguem a Constituição. Para ele, rasgar a Constituição quer dizer não fazer a sua vontade.
Imoral é também um país onde 171.480 ricaços acumularam no ano passado um patrimônio de 4, 5 trilhões de dólares. Eles representam apenas 0,8% da população, mas têm renda e patrimônio superior a mais de 60% dos brasileiros, segundo o relatório global de 2018 divulgado ontem pela empresa de consultoria Capgemini.
Os bagrinhos imorais pagarão pelo que fizeram na Rússia – sinal promissor de que a tolerância com crimes de tal natureza começa a chegar ao fim. A pressão sobre Trump foi tamanha que ele admitiu recuar do propósito de separar pais de filhos. A ver, uma vez que ainda não anunciou o que fará.
As transgressões cometidas por Dilma e pelo encarcerado de Curitiba serão corrigidas tão logo se tenha um novo governo livremente eleito. Quanto à imoralidade de um país tão absurdamente desigual, levará muito, muito tempo. Será tarefa para os nossos filhos, e para os filhos dos filhos deles.
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