- O Globo
Empacado nas pesquisas, Geraldo Alckmin passou a apostar no confronto para ser notado na corrida presidencial. No início do mês, ele desafiou Jair Bolsonaro para debater segurança pública. O tiro saiu pela culatra. O capitão esnobou o convite e ainda debochou da situação do tucano: “Quando estiver na minha frente em São Paulo, ou atingir os dois dígitos, ele liga para mim”.
Nesta semana, Alckmin tentou outra investida para polemizar com os rivais. Sua campanha divulgou um vídeo com críticas a candidatos que mudaram muito de partido. Além de Bolsonaro, entraram na mira Marina Silva, Ciro Gomes e até Henrique Meirelles, o lanterninha da disputa.
“Se coerência de ideias importa, tem gente que precisa dar boas explicações”, diz a propaganda. Em seguida, uma animação descreve o vaivém partidário dos candidatos em tom de reprovação. “Agora veja o Geraldo Alckmin, há 30 anos no mesmo partido, o PSDB”, elogia o locutor.
O troca-troca de legendas é um problema da política e dos políticos brasileiros. Ao se filiar ao PDT, em setembro de 2015, Ciro ensaiou uma autocrítica. “Minha vida partidária é uma tragédia, muito ruim mesmo. Mas mudo de partido, não de convicções”, desculpou-se.
A questão é saber se o eleitor se importa com isso. A última rodada do Datafolha mostrou que o prestígio dos partidos anda baixíssimo. Numa lista de dez instituições, eles ficaram com o menor índice de confiança. Quase sete em cada dez entrevistados (68%) disseram que não confiam nas legendas. Outros 28% confiam um pouco, e apenas 2% confiam muito.
A pesquisa também reforçou que o PT é a única sigla com uma taxa razoável de preferência: 19%. PSDB e MDB estão bem atrás, com 3%. E nada menos que 64% dos eleitores disseram não ter predileção partidária.
Bolsonaro é um campeão da infidelidade. Em menos de quatro anos, ele se elegeu pelo PP, migrou para o PSC, flertou com o Patriota e foi parar no PSL. O eleitor parece não estar nem aí, e ele lidera todos os cenários sem o ex-presidente Lula.
O discurso de Alckmin também esbarra no desgaste do PSDB. Antes do impeachment, a sigla chegou a ter 9% da preferência nacional. O índice desabou nos últimos anos. Culpa da aliança com Michel Temer e dos rolos de Aécio Neves.
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