O Estado de S. Paulo
Em sua viagem à Península Arábica, presidente dos EUA fechou negócios trilionários
Cinco objetivos movem a política externa e de
segurança de Donald Trump. O primeiro é gerar riquezas para os EUA, para si
mesmo e pessoas próximas. A viagem à Península Arábica escancarou isso. Trump
fechou negócios trilionários envolvendo até os chips americanos mais
sofisticados, cuja venda até aqui se limitava a uma pequena lista de aliados
estratégicos, excluindo parceiros como as monarquias do Golfo, que compram
armas da China e podem compartilhar essa tecnologia com ela.
O presidente tratou também dos investimentos de sua empresa na região, como uma Trump Tower em Jeddah e um campo de golfe em Doha. O filho de seu enviado especial ao Oriente Médio, Steve Witkoff, tem investimentos imobiliários na península e Jared Kushner, genro de Trump, um fundo de investimentos.
As tarifas são o veículo para atingir os
objetivos de aumentar as exportações, reduzir as importações, atrair
investimentos e reindustrializar os EUA. Na esfera da segurança, o objetivo
imediato é conter a imigração do México. Em seu último livro, Quem Somos Nós?
Os Desafios à Identidade Nacional dos EUA (2004), Samuel Huntington refuta a
tese de que o país é uma nação de imigrantes.
O autor de O Choque de Civilizações e a
Recomposição da Ordem Mundial (1996) argumenta que o ethos americano é resultado
da cultura protestante anglo-saxônica, que envolve individualismo e ética do
trabalho.
Os imigrantes de outras culturas aderiram a
essa matriz, com exceção dos latino-americanos, que se isolam em comunidades,
nas quais falam espanhol, mantêm os valores católicos e alta taxa de
natalidade. Huntington diz que essa “invasão” é a principal ameaça à segurança
dos EUA, e não conflitos no Oriente Médio e na Ásia.
O desengajamento militar nessas regiões e na
Europa expressa os dois objetivos anteriores: deixar de gastar com o que para
Trump não são problemas dos EUA e concentrar as energias em conter a imigração.
Em terceiro lugar, a projeção marítima da
China ao norte – facilitada pelo degelo do Ártico – e ao sul dos EUA preocupa
Trump. Daí seus movimentos de afastar a presença chinesa do Canal do Panamá e
controlar a Groenlândia.
Quarto: o desenvolvimento de mísseis
hipersônicos possibilita à China e à Rússia atacar os EUA pelo norte. Os
mísseis intercontinentais só atingem o país pelo sul, onde se concentram suas
defesas antiaéreas. O desejo de Trump de anexar o Canadá é uma resposta às duas
últimas preocupações. Por último, ele sonha entrar para a história como o
presidente que trouxe a paz mundial.
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