O Estado de S. Paulo
O custo econômico da violência chegou a US$ 19,1 tri em 2024, equivalente a 13,5% do PIB mundial
Em seu primeiro pronunciamento, o papa Leão
XIV disse: “Nos ajudem a construir pontes vocês também, com diálogos, com
encontro, para sermos um único povo, sempre em paz”. Palavras sábias e
oportunas. O Institute for Economics & Peace (IEP) publicou o Global Peace
Index (GPI) 2025 e mostra que houve uma redução generalizada dos níveis de paz
global.
O GPI é uma medida que avalia o nível de paz em 163 países e territórios, considerando fatores como conflitos internos e externos, segurança social e militarização. Em 2024, o GPI destacou que a diferença entre os países mais e menos pacíficos atingiu seu maior nível em 16 anos – os 25 países tiveram queda de 7,5% no índice no período.
Essa situação traz impactos econômicos
efetivos. O custo econômico global da violência chegou a cerca de US$ 19,1
trilhões em 2024, equivalente a aproximadamente 13,5% do PIB mundial. Em termos
per capita, trata-se de uma perda de US$ 2.380 por habitante – alta
impulsionada pelo crescimento de 20% nas perdas do PIB devido a conflitos.
Além desse custo direto, as guerras trazem
outros impactos econômicos devastadores, como os deslocamentos de populações,
destruição de infraestrutura e desestabilização de mercados, fatores que afetam
a produção e distribuição de alimentos. Como consequência, cresce a
vulnerabilidade alimentar. Numa comparação objetiva, somente os gastos
militares globais em 2024 somaram US$ 2,71 trilhões, enquanto que, segundo
estimativas do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP), seriam
necessários cerca de US$ 40 bilhões por ano para acabar com a fome no mundo até
2030. Ou seja, apenas 1,5% dos gastos militares globais anuais seriam
suficientes para erradicar a fome mundial.
A disparidade entre os recursos destinados à
guerra e os necessários para acabar com a fome evidencia uma escolha de
prioridades. Redirecionar uma fração dos gastos militares para programas de
segurança alimentar poderia salvar milhões de vidas e promover a estabilidade
global. Mas, por que a humanidade não aprende com a História e evita esse nível
de violência e extermina a fome?
Acho que todos sabemos as respostas a essa
questão. O fato é que, com toda a evolução da humanidade, ainda lidamos com
questões profundas que vão ao coração das contradições humanas. E continuamos
repetindo nossos erros. Interesses econômicos e políticos, corrupção e outras
falhas não podem prevalecer. Mas, ainda temos que lidar com a nossa própria
natureza e que Mahatma Gandhi traduziu muito bem ao dizer: “Há o suficiente no
mundo para a necessidade de todos, mas não para a ganância de todos”.
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