segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso

Não há razão para um partido como o PSDB repudiar o apoio que deu ao governo de transição, muito menos para, dentro ou fora do governo, deixar de votar a agenda reformista, que é a do próprio partido. No caso da Previdência, principalmente, as únicas questões cabíveis são: tal ou qual medida aumenta ou diminui os privilégios e, consequentemente, a desigualdade social no País? Nada justifica manter vantagens corporativas nem privilégios. O mesmo vale para uma futura reforma tributária ou para medidas fiscais, que podem doer no bolso de alguns, como é o caso do fim do diferimento de Imposto de Renda nos “fundos fechados”, mas que são justas e necessárias.

Ou nos convencemos de que por trás do desemprego, do ódio político e da violência criminosa está um grau inaceitável de desigualdade, agravado pela crise que nos levou à falta de horizonte, e lutamos contra esta situação, ou pouco caminharemos no futuro. Sem confiança no País, a começar em nós próprios, não há investimento nem crescimento que se sustentem. Essa é, portanto, uma questão coletiva, afeta ao País como um todo, e precisa ser tratada como um desafio para o Estado e para a Nação.

É em nome de sua identidade que o PSDB poderá desligar-se do governo que ajudou a formar, mas sem abdicar de suas propostas. É legítimo que um partido escolha dentre seus quadros quem, circunstancialmente, é mais adequado para ser seu candidato à Presidência e lute para alcançá-la. Sem “hegemonismos”, pois num país diverso como o Brasil todo partido precisa de aliados com quem compartilhar o poder e as crenças, o que não subentende a submissão cega nem a desmoralização das instituições republicanas.
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* Sociólogo, foi presidente da República. ’Coragem e decência’, O Estado de S. Paulo, 3/12/2017.

Roberto Romano*: Justiça ‘fake’ ou efetiva? Uma aporia

- O Estado de S.Paulo

Se um tribunal superior invade o solo dos ‘reality shows’, some o Estado

Um livro antigo, mas cuja atualidade impressiona, traz análises relevantes para compreender a crise brasileira. Trata-se de texto redigido pelo advogado Daniel Soulez Larivière. Mesmo o título é útil para nossa realidade: Sobre o circo midiático-judiciário e sobre os meios de o abandonar (Du cirque médiatico-judiciaire et des moyens d’en sortir). O jurista esmiúça os elos entre imprensa e toga. Ao discutir o sigilo judiciário, a espinhosa questão da censura, os conúbios dos tribunais com as redações e os gabinetes poderosos, ele vai das Cortes às mesas jornalísticas. No velho trato entre esses setores, diz, “a polícia fala, o juiz cala, a imprensa comenta, o advogado fica discreto”. Agora “todo mundo fala, o juiz como os outros. E a justiça segue em dupla cena, midiática e judicial”. Os acusados enfrentam um juiz no palácio e 20 juízes na imprensa. “A cena midiática, por suas investigações, instrumentaliza às vezes a judiciária. E mesmo sem investigações, os vazamentos da judiciária alimentam a midiática, a qual, em retorno, rege a judiciária”.

Com a fundação de um sindicato de juízes, os magistrados entram na luta para “liberar a sociedade e o Estado de seus vícios milenares”. À força de querer “transformar a sociedade e mover a mídia para atingir tal alvo, é grande a tentação de usar a propaganda nos próprios assuntos judiciários”. Com a presença da TV e muitos fotógrafos, juízes impõem penas “exemplares” aos suspeitos. O golpe publicitário, diz Larivière, tem vantagens, pois uma parte da magistratura afirma seu poder terrível. E vem o slogan: “Não condenamos só os pequenos, mas também os grandes”. Ótimo. Conhecemos a técnica no Brasil dos últimos dias. Mas, pergunta o jurista: quanto custa tal fama “para a imagem e conceito de justiça?”. Martirizar os grandes não desculpa martirizar os pequenos, “como se o estupro do segredo da instrução gerasse necessariamente sua ratificação jurídica”. Surgem casos franceses de presos sem acusação válida, expostos à mídia pelo arbítrio de juízes que agem “por simples presunções, construídas intelectualmente”. É o que ocorreu com o senhor chamado Leroy, encarcerado por certo juiz Pascal (abril de 1972). O magistrado foi punido pela Corte de Cassação e pelo Tribunal Correcional de Rennes. Baseado em sua “convicção íntima”, ele “prendeu um homem contra quem não existiam verdadeiras acusações”. O magistrado agira de boa-fé, imaginando lutar do “bom lado”. O desastre não foi menor.

Marcus André Melo: Renovação parlamentar

- Folha de S. Paulo

Surpreendentemente, as eleições para a Câmara dos Deputados no Brasil (2014) e na França (2012) têm algo em comum: a taxa de renovação parlamentar foi a mesma, 43%. Mas, nas eleições legislativas francesas ocorridas logo após a vitória de Macron, a taxa alcançou o impressionante escore de 78% –o mesmo das eleições fundadoras da 5ª República Francesa, que levou De Gaulle ao poder, em 1958. E, no Brasil, o que esperar em 2018?

Em nosso país, a taxa de renovação parlamentar foi de 61,8% em 1990. A taxa declina nas eleições seguintes: 54,3% (1994), 43,9% (1998), 44,8% (2002), 48% (2006), 46,4% (2010) e 43,7 (2014). A tendência é no sentido de estabilização do eleitorado e refletiu a transição de regime. A alternância de poder em 2002 e o mensalão contribuíram para o resultado discrepante de 2006, quando a renovação subiu.

A taxa de renovação no mundo varia amplamente e é muito baixa em algumas democracias estabelecidas, como os EUA (15%) ou a Alemanha (22%). Nas velhas democracias, do período do pós-guerra até 2012, a taxa média oscila em torno de 35%, dependendo da métrica utilizada.

Fernando Limongi: Queimando pontes

- Valor Econômico

Opções são as mesmas, apesar do desejo de renovação

O PSDB queimou a ponte atrás de si. O seu candidato à Presidência está definido. É Geraldo Alckmin, que pagou para ver as cartas do PMDB comandado por Michel Temer e dos tucanos que gravitam em torno do Planalto.

Não há volta. Quem quiser confrontar o governador paulista tem que abrir dissidência, achar outro partido para si ou recorrer aos préstimos do PPS para bancar um Doria para chamar de seu. Aloysio Nunes é o moicano que resiste. Arthur Virgílio rosna, mas suas ameaças só serão ouvidas se contar com o apoio do grupo derrotado.

O ministro Eliseu Padilha quis mostrar força. Deu declarações decretando o desembarque do PSDB do governo e, junto com outros governistas, tentou colocar na conta dos tucanos a paralisação da reforma da Previdência. Tem gente disposta a chamar os tucanos à responsabilidade, mas o fato é que enquanto o governo não fizer esforços reais para retomar a votação da Previdência, a paralisia persistirá. Nenhum partido da base fechou questão. Estão à espera do comando que não veio e, tudo indica, não virá.

Ricardo Noblat: Lula, o protagonista

- O Globo

Duas questões nos desafiam na atual conjuntura: o desemprego e a desconfiança nos governos.Fernando Henrique Cardoso

Preso ou solto, candidato ou não, o ex-presidente Lula será protagonista das próximas eleições. A mais recente pesquisa de intenções de voto do Datafolha reforça a convicção da esmagadora maioria dos políticos de todas as cores de que, vivo ou morto, preso ou solto, candidato ou não, Lula será o protagonista da próxima eleição presidencial. Como foi de todas de 1989 para cá, à exceção da de 2014 quando Dilma preferiu caminhar com as próprias pernas e, por pouco, não acabou derrotada.

CADA ELEIÇÃO É UMA, com suas particularidades. Mas nada impede que determinados axiomas influenciem os resultados de quase todas. Quando a economia vai mal, por exemplo, vota-se contra o candidato apoiado pela situação. Ou contra aqueles que a ela não se oponham de maneira decisiva. Não basta opor-se, claro. É preciso encarnar a esperança de que tudo poderá mudar.

EM 1989 FOI ASSIM. Fernando Collor de Melo, o “caçador de marajás”, Leonel Brizola, a besta-fera do regime militar de 64, e Luiz Inácio Lula da Silva, o operário que ameaçava o status quo, prometeram romper com “tudo isso que está aí” — a inflação galopante, a corrupção em alta, um governo inerte, sem rumo. Os três foram os mais votados no primeiro turno.

Leandro Colon: Meirelles se mexe

- Folha de S. Paulo

Uma imagem emblemática e oportuna do último sábado (2): Michel Temer no centro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), sentado à sua esquerda, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), à direita do presidente.

Em entrevista publicada pela Folha nesta segunda (4), Meirelles afirma que Alckmin não pode ser o candidato do governo Temer à Presidência em 2018.

Questionado sobre a hipótese pelos repórteres Marina Dias e Julio Wiziack, o ministro da Fazenda tenta tirar o tucano do caminho de Temer. "Uma coisa é o apoio a determinadas reformas, outra é o apoio à política econômica atual, com todas as suas medidas e consequências", diz.

Meirelles afirma que decidirá em março se sairá candidato, mas na entrevista já adota discurso como tal. Anuncia que defenderá o legado do governo federal em caso de disputa.

Suas palavras revelam que ele decidiu participar de vez do debate eleitoral. O chefe da economia sabe que Alckmin entrou no radar do Planalto para 2018 depois do acordo interno que o levará ao comando do PSDB.

José Roberto de Toledo: Lula segura Bolsonaro

- O Estado de S.Paulo

Sem Lula, eleitores que declaram voto no ex-presidente elevariam o militar reformado a patamar acima de 20%

Não é só ao PT que convém manter viva a candidatura presidencial de Lula, pelo menos por enquanto. Aos partidos que buscam ocupar o centro do espectro político também - especialmente ao PSDB. A mais recente pesquisa Datafolha mostra que, hoje, o petista é um obstáculo ao crescimento mais acelerado de Bolsonaro. Sem Lula, eleitores que declaram voto no ex-presidente elevariam o militar reformado a patamar acima de 20%, um passaporte para o 2º turno.

Com Lula fora do páreo, Bolsonaro aumenta em 26% sua intenção de votos no Datafolha. O militar reformado cresce 4,5 pontos na média dos cenários testados: vai de 16,8% a 21,3% quando o ex-presidente não aparece na lista. Mais: Bolsonaro se distancia de Alckmin e abre 12 pontos do tucano. Esse nem é o único problema do PSDB causado por uma eventual saída prematura de Lula.

Marina Silva e Ciro Gomes herdam ainda mais eleitores lulistas do que Bolsonaro: 6 e 5 pontos, respectivamente. Como resultado, ambos se destacam de Alckmin quando o candidato petista é outro. Com Fernando Haddad, Marina vai de 10% para 16%, e Ciro quase dobra, de 7% para 12%. Ambos deixam o tucano sozinho no quarto lugar, com 9%, e a sete pontos de uma vaga no 2º turno.

Vinicius Mota: Expectativas deflacionadas

- Folha de S. Paulo

Um curioso fenômeno foi registrado pouco antes do segundo turno da eleição de 2014. As expectativas da população quanto ao desempenho da economia, que rumava para a depressão inflacionária, tiveram súbita e aguda melhora.

O Datafolha, que mediu e documentou a brusca oscilação, e esta Folha, que a publicou, foram na época alvos de uma onda gigantesca de ataques, no estilo "esfole o mensageiro". Estampava-se ali a centelha de esperança popular, inoculada pelo agressivo marketing governista, sem a qual Dilma Rousseff não teria obtido os votos necessários para sua reeleição.

Como o embuste tornou-se patente logo após o pleito, a reversão das expectativas foi colossal. Em fevereiro de 2015, 81% dos eleitores brasileiros achavam que a inflação iria aumentar, mais que o triplo do indicador apurado três meses antes.

Ao longo da breve segunda gestão Dilma, o alerta inflacionário médio atingiu 77% dos consultados. Após a troca do governo, a fatia dos que preveem preços futuros em alta caiu 18 pontos percentuais.

Catherine Vieira: Economia, votos e nostalgia

- Valor Econômico

Tanta incerteza sobre futuro acaba levando a um apego ao passado

É algo quase consensual o grande poder de influência das condições econômicas de um país numa eleição. Em 2018, certamente isso não será diferente. Em tempos atípicos, não apenas pelas radicais polarizações e imensa conectividade, mas na história econômica brasileira, o que pode resultar é uma influência sem dúvida forte da economia, mas com peculiaridades que não devem ser ignoradas.

Mesmo num momento em que o presidente Michel Temer goza de uma baixíssima popularidade, com 71% da população consultada por pesquisas considerando que ele é ruim ou péssimo, há entre alguns políticos e analistas econômicos uma corrente que aposta com mais ou menos entusiasmo num cenário bem diferente no próximo ano. O crescimento econômico de 2018 deve ficar na casa dos 2,5% a 3%, enquanto o juro estará provavelmente no piso histórico nominal de 7% - ou ainda menor que isso - e a inflação ainda estará abaixo da meta de 4,5%, sem esquecer que neste ano deve ficar em torno de 3%, o que já vem abrindo um espaço importante no orçamento das famílias. Além disso, o mercado de trabalho iniciou recuperação antes do esperado e tende a estar em ponto ainda melhor em 2018.

Cida Damasco *: Números e sentimentos

- O Estado de S.Paulo

Economia segue trilha da retomada, mas ainda não convence a população

Enquanto especialistas fazem e refazem projeções sobre os grandes números da economia em 2017 e 2018, os cidadãos comuns dedicam-se à tarefa de imaginar a quantas andará sua vida nesse período. Para eles, importa menos se o crescimento do PIB estará pouco abaixo ou em 1% neste ano, se avançará mesmo até os 3% no ano que vem, duas questões que ocupam a cabeça de analistas e consultores. Querem respostas mais concretas sobre perguntas que remetem a seu bem-estar. Como estará seu emprego (para quem já tem emprego e tem medo de perdê-lo ou para quem busca uma colocação)? Como estará sua renda (aí embutido o comportamento da inflação)? Dá para fazer planos de melhora de vida ou o negócio é se conformar com a situação atual e cruzar os dedos para que ela não piore?

Essas questões, no fundo, alimentam as pesquisas sobre otimismo com a economia e outros indicadores na mesma linha – que, em temporada eleitoral, têm a função adicional de dar pistas sobre as preferências da população. Nesse sentido, pelo menos três pesquisas recentes mostram um cenário ainda pouco animador para candidatos à Presidência dispostos a defender, em maior grau, o legado de Temer no terreno da economia. Segundo o Ibope, em novembro, o otimismo da população com a economia chegou ao nível mais baixo dos últimos oito anos -- praticamente metade do observado no fim de 2016. Dos consultados, só 21% apostam em mais prosperidade no ano que vem; 28% esperam mais dificuldades e 48% não contam com mudanças.

Gustavo Loyola: Dom Sebastião não virá

- Valor Econômico

A cegueira de parte da classe política vai custar caro à sociedade brasileira mais cedo do que se imagina

O recém-divulgado relatório do Banco Mundial analisando o gasto público no Brasil trouxe o diagnóstico de uma grave doença que cada vez mais incapacita o país e o condena à estagnação econômica. Há muito tempo os sintomas do problema estão evidentes e muitos especialistas brasileiros já vinham alertando para a deterioração da qualidade da política fiscal no país. Porém, a citada análise é particularmente útil e oportuna, pois sintetiza de forma competente o rol das principais mazelas do setor público brasileiro e aponta caminhos para que o país readquira o equilíbrio das contas públicas e tenha um gasto público mais eficiente e menos regressivo.

De fato, os gastos públicos vêm crescendo de forma continuada nos últimos anos, provocando déficits nominais próximos a 10% do PIB e o aumento acelerado da dívida pública como proporção do PIB. Esse indicador, em apenas cinco anos, pulou de 51% em 2012 para um percentual em torno 75% no final do corrente ano. Na hipótese de sucesso na tramitação da reforma da previdência e manutenção de severa austeridade fiscal, seria possível respeitar o teto do crescimento de gastos nos próximos anos, mas ainda assim a dívida pública chegaria a mais de 85% do PIB em 2021, quando só então poderia começar a cair lentamente.

Agora: progressistas e liberais unidos

Movimento de renovação política é contra polarização

Fernanda Krakovics / O Globo

Com fundadores de polos opostos, como um ex-integrante dos governos Lula e Dilma e outro que faz parte do governo Temer, e de perfis heterogêneos, como o idealizador da Parada Zen e o presidente do Grupo Iguatemi de shoppings, o movimento “Agora!”, que defende a renovação da política, pretende propor uma agenda para o país, lançar candidatos que defendam essa plataforma nas eleições e oferecer quadros técnicos para compor governos a partir de 2019.

Sem intenção de virar um partido, o “Agora!” tem conversado com siglas como PPS, Rede e PSL/Livres para viabilizar suas candidaturas.

Uma das idealizadoras do movimento, Ilona Szabó, diretora executiva do Instituto Igarapé — um centro de estudos dedicado à integração das agendas da Segurança, Justiça e do desenvolvimento — afirma que os integrantes do grupo, mesmo tendo diferentes matizes ideológicas, estão dispostos a achar agendas mínimas e transformadoras para o Brasil:

—O princípio básico, quando a gente pensou quem ia chamar para o movimento, foi diversidade. Pensamos no que estava faltando no nosso país e no mundo: diálogo. O principal era convergência, pessoas que estavam prontas para ouvir e para trocar. As pessoas ali estão dispostas a avançar em políticas públicas baseadas em evidências e no resultado que se quer atingir, estão dispostas a chegar a consensos. Daquilo ali, só discorda quem for dogmático.

Centrão e DEM avaliam candidato único contra 'outsiders'

Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Após dificultar a vida de "outsiders" com a reforma eleitoral, o grupo de partidos de sustentação ao governo Temer tenta dar um segundo passo para evitar a perda de espaço dos atuais grupos políticos: unir suas estruturas em uma única candidatura presidencial que concentraria recursos e propaganda na TV para reduzir as chances de candidatos que se vendem como o "novo" na disputa eleitoral de 2018.

PP, DEM, PSD, SD, PR, PTB e PMDB avançaram em negociações para construir uma única candidatura presidencial. Seria, nas palavras de integrantes dessas legendas, a "reação da política tradicional" ao discurso da renovação ou dos "radicalismos". Num primeiro momento, o grupo pretende enfraquecer as candidaturas de centro e direita, como a do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ, mas a caminho de se filiar no PEN) e de empresários que tentem se vender como o novo.

O movimento é paralelo ao articulado pelo Palácio do Planalto, que procura um candidato da base aliada para defender o legado do presidente Michel Temer. Segundo três integrantes da cúpula desses partidos, se a popularidade do pemedebista não melhorar e a economia não "decolar", essa defesa estaria descartada e o grupo sairia com o discurso de que tirou o Brasil da crise, ao apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e garantir uma pauta de crescimento para o país.

Meirelles afirma que governo terá candidato

Nome do Planalto não será o de Geraldo Alckmin, diz ministro em entrevista

Marina Dias, Julio Wiziack / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirma que o governo de Michel Temer terá um candidato à Presidência em 2018 e que ele não será Geraldo Alckmin (PSDB).

Na avaliação do ministro, o Planalto deve apoiar quem defenda por completo a atual política econômica, o que, segundo ele, não é compatível com o discurso do governador de São Paulo.

Meirelles não descarta ser esse nome, diz que, se for candidato, defenderá o "legado" do governo e provoca os tucanos: "Não quero ter a pretensão de entender o PSDB".

Em entrevista à Folha, o ministro faz pela primeira vez uma avaliação assertiva do cenário para 2018, afirma que a polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PSC) "tem teto de crescimento" e é direto ao ser questionado sobre um possível voo solo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): "O mundo não acaba em 2018, principalmente para alguém tão jovem".

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Folha - Temer avalia que a melhora na economia permitirá ao governo ter um candidato competitivo em 2018. O sr. concorda?

Henrique Meirelles - Sim. Gradualmente a população perceberá a melhora da economia e, a partir daí, criam-se condições favoráveis para candidatos que defendam esse projeto de reformas.

O sr. é esse candidato?

A minha decisão será tomada no final de março.

Não será tarde, visto que os candidatos que polarizam hoje a disputa, Lula e Bolsonaro, estão em pré-campanha?

Exatamente porque são duas posições extremas, de esquerda e de direita, têm teto de crescimento. A grande maioria da população ainda aguarda um candidato que não tenha posições extremadas e que vai refletir essa posição de comprometimento com o crescimento do país.

O sr. acha, então, que o governo vai ter um candidato?

Acredito que sim.

E esse candidato não é o governador Geraldo Alckmin?

O PSDB está tendendo na direção de não apoiar o governo e isso terá consequências no processo eleitoral.

Alckmin vem tentando construir esse discurso de centro. Por que ele não pode ser o candidato do governo?

Porque uma coisa é o apoio a determinadas reformas, outra é o apoio à política econômica atual, com todas as suas medidas e consequências. Não há, pelo menos até o momento, um comprometimento do PSDB em defesa dessa série de políticas e do legado de crescimento com compromisso de continuidade.

Centrão e DEM buscam um candidato

Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - PP, DEM, PSD, SD, PR, PTB e PMDB avançaram em negociações para construir uma única candidatura presidencial. A ideia é unir recursos e tempo de TV para reduzir tanto as chances de "radicalismos" - candidaturas de Lula e Jair Bolsonaro - como as de "outsiders". O PSDB está excluído das conversas. O assunto foi discutido ontem em reunião do presidente Michel Temer com líderes partidários, no Palácio do Alvorada.

Centrão e DEM avaliam candidato único contra 'outsiders'
Após dificultar a vida de "outsiders" com a reforma eleitoral, o grupo de partidos de sustentação ao governo Temer tenta dar um segundo passo para evitar a perda de espaço dos atuais grupos políticos: unir suas estruturas em uma única candidatura presidencial que concentraria recursos e propaganda na TV para reduzir as chances de candidatos que se vendem como o "novo" na disputa eleitoral de 2018.

PP, DEM, PSD, SD, PR, PTB e PMDB avançaram em negociações para construir uma única candidatura presidencial. Seria, nas palavras de integrantes dessas legendas, a "reação da política tradicional" ao discurso da renovação ou dos "radicalismos". Num primeiro momento, o grupo pretende enfraquecer as candidaturas de centro e direita, como a do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ, mas a caminho de se filiar no PEN) e de empresários que tentem se vender como o novo.

O movimento é paralelo ao articulado pelo Palácio do Planalto, que procura um candidato da base aliada para defender o legado do presidente Michel Temer. Segundo três integrantes da cúpula desses partidos, se a popularidade do pemedebista não melhorar e a economia não "decolar", essa defesa estaria descartada e o grupo sairia com o discurso de que tirou o Brasil da crise, ao apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e garantir uma pauta de crescimento para o país.

Temer tenta capitanear esse movimento em torno de seu governo e ontem, em almoço com presidentes e ministros que representam parte dessas legendas, afirmou que é preciso manter a unidade de sua base aliada na eleição de 2018.

"Temos que nos preparar para enfrentar Lula", diz ACM Neto

Por Cristiane Agostine, Fernando Taquari e César Felício | Valor Econômico

SÃO PAULO - Para uma das principais lideranças nacionais do DEM, o prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto, a sigla deve trabalhar com a hipótese de a candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ir até o fim nas eleições do próximo ano, apesar da ameaça de obstáculos judiciais com a possível confirmação em segunda instância da sentença que condenou o petista por corrupção.

Para reagir à força de Lula no Nordeste, ACM Neto diz que é preciso construir uma aliança de partidos, sem necessariamente envolver o PSDB do governador paulista Geraldo Alckmin, e com eixo em palanques estaduais fortes. As principais apostas regionais do DEM são Bahia, eleição na qual ACM Neto pode disputar o governo estadual, além de Pernambuco. Na opinião do prefeito, uma aliança de centro tenderia a atrair parte do eleitorado que está atualmente com o deputado Jair Bolsonaro (PSC).

ACM Neto acredita que a reforma da Previdência não deve ser aprovada pelo governo Michel Temer neste ano nem em 2018. O prefeito recomenda "acabar com o desespero de votar a reforma agora" e afirma que essa será uma missão do próximo presidente, que deveria fazer na campanha eleitoral uma espécie de "pacto" pela aprovação das mudanças na aposentadoria.

Para o prefeito, quem for eleito para a Presidência terá o capital político que falta a Temer para tocar as reformas, depois do esforço do pemedebista para barrar o avanço das duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República.

O DEM defenderá em sua convenção, no dia 14, o lançamento da pré-candidatura própria à Presidência, mas não afasta um eventual acordo com o PSDB já no primeiro turno.

O prefeito de Salvador diz que se sente à vontade para renunciar e disputar o governo da Bahia. ACM Neto, no entanto, ainda analisa se terá chances eleitorais, em uma disputa contra o governador Rui Costa (PT), bem avaliado e com a máquina pública nas mãos. A seguir, a entrevista concedida na quinta-feira ao Valor.

Governo intensifica negociação com base

Sem a garantia dos 308 votos para aprovar a reforma da Previdência, o governo intensificou as negociações com a base. Ontem, Temer participou de dois encontros, e haverá outra reunião esta semana. Para convencer os 320 deputados governistas, poderão ser negociados cargos de segundo escalão ocupados pelo PSDB. O Planalto quer votar o texto nos dias 13 e 20.

Previdência: Temer busca apoio da base

Para convencer 320 deputados governistas, poderão ser negociados cargos de 2º escalão ocupados pelo PSDB

Leticia Fernandes, Geralda Doca e Renata Mariz / O Globo

-BRASÍLIA- Sem ter em mãos o mínimo de 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara ainda este ano, o presidente Michel Temer decidiu intensificar as negociações para conseguir o apoio dos 320 parlamentares que formam a sua base aliada na Câmara. Temer fez um apelo aos líderes e presidentes dos partidos governistas, ontem, em dois eventos: um almoço no Palácio da Alvorada e um jantar na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Ficou acertado que as legendas farão um trabalho de convencimento em suas bancadas durante a semana e que voltem a se reunir, entre quarta e quinta-feira, para marcar a data do primeiro turno da votação na Câmara. A expectativa do governo é que a matéria possa ser votada no dia 13 de dezembro (quarta-feira da semana que vem). O segundo turno de votação seria no dia 20. No esforço pra aprovar a Previdência, também serão negociados com aliados os cargos de segundo escalão ocupados hoje pelo PSDB.

Adotando um discurso otimista em relação à possibilidade de se votar a reforma da Previdência ainda este ano, o presidente da Câmara disse que o governo organizou a base e, agora, tem a expectativa de conseguir boa parte dos votos de partidos aliados.

Temer reúne Maia e centrão para discutir aliança nas eleições de 2018

Marina Dias, Natália Cancian / Folha de S. Paulo

O presidente Michel Temer decidiu articular pessoalmente a formação de um bloco para disputar as eleições de 2018 e reuniu neste domingo (3) alguns dos presidentes de partidos do centrão para discutir o cenário político e a possibilidade de ter um candidato apoiado pelo governo na disputa do próximo ano.

Segundo a Folha apurou, Temer falou da necessidade de siglas como DEM, PSD, PP, PR, PRB e PTB –todos com representantes presentes no almoço do Palácio da Alvorada– se organizarem e se fortalecerem como um bloco de centro-direita capaz de lançar ou apoiar um nome para tentar furar a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSC), hoje líderes das pesquisas da corrida presidencial de 2018.

A ideia inicial de Temer é deixar de fora da aliança o PSDB do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O presidente está irritado com a postura pouco assertiva dos tucanos em relação à votação da reforma da Previdência, por exemplo –o partido está dividido e até agora não se comprometeu a votar em peso a favor das mudanças nas regras de aposentadoria.

Em represália, Temer não convidou nenhum representante do PSDB para o encontro da tarde deste domingo.

Em 3ª caravana, Lula vai ao Rio e ao ES sob ameaça de hostilidade

Catia Seabra / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia nesta segunda (4) a mais difícil etapa de suas viagens pelo Brasil neste ano.

Em sua terceira caravana em 2017, Lula irá ao Espírito Santo e Rio de Janeiro, Estados do Sudeste onde o PT está mais debilitado. A comitiva está preparada para enfrentar manifestações, especialmente dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSC).

Segundo o último Datafolha, no Sudeste a vantagem de Lula sobre Bolsonaro é de apenas seis pontos percentuais, de 27% a 21%. Nacionalmente, a diferença chega a 18 pontos.

O Rio é o domicílio eleitoral de Bolsonaro. Desgastado no Estado, o PT deve lançar o ex-ministro Celso Amorim ao Palácio Guanabara. Em frangalhos no Espírito Santo, a sigla nem sequer terá candidato a governador.

Diferentemente do que se deu no Nordeste, em agosto, e em Minas, em outubro, Lula não será recepcionado por governadores.

No Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB) tem apoio de fatia de PT, mas, em 2014, apoiou Aécio Neves (PSDB). No Rio, o PT nem pensa em se aproximar de Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Apesar do risco de hostilidade, petistas consideram fundamental a investida na região metropolitana do Rio. Pesquisas do PT revelam um avanço de Bolsonaro sobre a Baixada Fluminense, onde Lula ainda exerce liderança e passará um dia.

Consumo e indústria na frente: Editorial/O Estado de S. Paulo

Puxada pelo consumo e pela produção industrial, a economia continuou avançando no terceiro trimestre e gerando mais oportunidades de trabalho. Num cenário de menor insegurança, as famílias voltaram às compras e os empresários foram convocados a abastecer as lojas e supermercados. A indústria de transformação produziu 1,4% mais que no período de abril a junho, liderando o conjunto da atividade industrial. Do lado da demanda, o consumo das famílias foi 1,2% maior que no trimestre anterior, propiciando um aumento de 1,6% às vendas do comércio e fornecendo importante estímulo à atividade produtiva. Mas o balanço do período trouxe, além dessas novidades, uma especialmente animadora: o investimento produtivo, em particular em máquinas, superou por 1,6% o do segundo trimestre. Foi o primeiro resultado positivo, nesse tipo de confronto, desde o fim de 2013, em cerca de quatro anos, portanto.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1% no terceiro trimestre – um resultado aparentemente muito modesto. Mas é preciso ir além desse número e examinar os detalhes da atividade econômica, para bem avaliar a evolução dos negócios nesse período. Esse exame revela uma economia em firme recuperação.

Medidas de ajuste para 2018 ainda sem aprovação: Editorial/Valor Econômico

Embora as atenções de todos estejam voltadas para as dificuldades do governo em aprovar a reforma da Previdência Social na Câmara dos Deputados, outra questão também merece ser acompanhada, pois poderá criar sérios problemas ao governo no curto prazo. São as medidas de ajuste das contas da União em 2018 que ainda não foram votadas por senadores e deputados, faltando menos de duas semanas para o recesso parlamentar.

O pacote de ajuste, anunciado em meados de agosto, mas só enviado pelo governo ao Congresso Nacional no fim de outubro, permitirá um aumento da receita tributária e a redução das despesas obrigatórias no próximo ano. São duas medidas provisórias e um projeto de lei que, se não forem aprovados, poderão comprometer os serviços públicos oferecidos à população, como alertou na semana passada a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi.

Gargalos do Supremo: Editorial/Folha de S. Paulo

Em sessão administrativa na semana passada, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram aumentar o número de auxiliares na corte para acelerar a tramitação dos processos, tendo em vista a pletora de ações e inquéritos decorrentes da Operação Lava Jato.

À primeira vista, dada a enorme disparidade de ritmos entre os casos conduzidos pelo juiz federal Sergio Moro e aqueles realizados no âmbito do Supremo, a iniciativa soa não apenas necessária mas também óbvia –a ponto de parecer oportuno questionar por que não a adotaram antes.

Num exame um pouco mais detido, porém, logo se percebe que a medida é paliativo que não atinge os verdadeiros gargalos do STF.

Não se pretende negar que a mais alta corte do país esteja sobrecarregada –uma realidade que afeta todas as instâncias do Judiciário brasileiro. Tampouco se ignora que a enchente de casos criminais desvia o STF de sua função precípua de guardião da Constituição.

Lógica sólida: Editorial/O Globo

Quando se veem os dados, sem ideologias, fica evidente que todo o sistema corre risco crescente

A retomada da tramitação do projeto de reforma da Previdência no Congresso reinicia todo aquele debate em que se misturam mistificações estatísticas, puro desconhecimento dos números e resistência de fundo apenas ideológico, que fazem políticos virarem as costas à aritmética. Consideremos que, diante do óbvio, esteja descartada a miopia de considerar que não existe déficit da Previdência. Isso não passa de alquimias contábeis, em que são usadas receitas indevidas para melhorar o balanço do sistema. Nem se devem levar a sério centenas de milhões creditados a dívidas de contribuintes do INSS. Bastaria cobrar-se esses calotes, e as contas voltariam ao equilíbrio.

Painel/Folha de S. Paulo: Falta de candidato forte de centro encoraja DEM a testar nome de Rodrigo Maia para o Planalto

Em terra de cego… Dada a ausência de um representante do centro que se destaque nas pesquisas, o DEM decidiu testar o nome do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), para o Planalto. O deputado será lançado por aliados no congresso da sigla, em dezembro. Mas não será um voo solitário. Dirigentes do PP e do Solidariedade estimulam o plano. O democrata, dizem, ampliou o vínculo com partidos da base de Michel Temer que teriam mais simpatia por ele do que por Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Jogada casada A articulação em torno de Maia não exclui o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Entusiastas da ideia dizem que ela só poderá ser levada a cabo se os sinais de recuperação da economia tiverem ganhado as ruas.

Jogada casada 2 Meirelles poderia ser vice ou mesmo assumir a cabeça de chapa, caso o reconhecimento à sua atuação tenha reflexo nas pesquisas de opinião.

De fora Integrantes do tucanato já perceberam a movimentação e avaliam que a atuação dúbia da sigla associada ao projeto de robustecimento do DEM com quadros do PSB e outras legendas abriu espaço para que o partido de Maia pleiteasse a proa de uma aliança centrista.

Olhos abertos Tucanos de São Paulo avisam que ficarão alertas ao uso da máquina do Estado pelo hoje vice-governador Márcio França (PSB). Ele vai assumir o governo quando Alckmin sair para a pré-campanha. Em reunião com prefeitos no município de Bofete, França prometeu liberar recursos em 2018.

A lebre O vice de Alckmin tem em mãos pesquisa que mostra que 94% da população paulista nunca ouviu falar de seu nome. Ele tem dito que, quando assumir o governo, “vai acelerar tanto que João Doria (PSDB-SP) vai parecer uma tartaruga”.

Uni-vos Após o resultado do último Datafolha, dirigentes petistas decidiram usar a reunião da Frente Brasil Popular, no próximo final de semana, para reforçar o discurso de unidade da esquerda propagado por Lula.

Pior, melhor Integrantes da sigla ressaltaram dado da pesquisa que indica queda na taxa de rejeição do ex-presidente –de 42% para 39%. Apostam que o poder de transferência de votos de Lula para outro candidato crescerá se ele for condenado pelo TRF-4. Preveem comoção no eleitorado lulista diante de eventual veto imposto pela Justiça.

Não tão fácil O PSOL terá candidato à Presidência. Um dos nomes para o posto, Guilherme Boulos, do MTST, pregou reorganização e avaliação crítica da esquerda.

Os russos Celebrado pela cúpula da legenda, Boulos ainda não é unanimidade. Plínio de Arruda Jr. tenta se firmar como o nome da sigla. Nem no MTST há consenso. Parte do movimento apoia Lula. Será preciso gastar saliva para evitar um racha.

No vermelho A defesa de Job Ribeiro, ex-assessor parlamentar de Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), estuda pedir à Procuradoria-Geral da República que pague as taxas da impressão dos extratos de movimentações bancárias anteriores a 2012. O caso será alvo de inquérito.

Pague se puder Job se comprometeu a entregar mais provas de que devolvia a maior parte do salário à família dos Vieira Lima.

Fila de espera Em vigor desde fevereiro, o Acordo de Facilitação de Comércio da OMC ainda não vale no Brasil. O decreto não foi promulgado. Dados da CNI mostram que um tratado internacional, mesmo depois de assinado, leva em média 1.590 dias para figurar na legislação.

Coluna do Estadão/O Estado de S. Paulo: PT fará ofensiva contra reforma da Previdência

Com a intensiva do governo para votar a reforma do INSS, o PT escalou o ex-ministro da Previdência Social Carlos Gabas para um road show pelo País com o objetivo de descredibilizar a proposta. A missão de Gabas será rebater a informação de que a reforma irá combater os privilégios dos servidores públicos, discurso que tem ajudado o governo a conquistar apoio da opinião pública para a mudança nas regras da aposentadoria. A oposição tem hoje 162 votos, mas não vota fechada contra a reforma. Muitos aceitam aprovar o texto com alterações.

» Traições. Levantamento da Queiroz Assessoria, do diretor do Diap Antonio Augusto de Queiroz, revela que os 57 deputados do PT votam fechado contra a reforma, assim como os 12 do PCdoB e os 6 do PROS. Os demais oposicionistas devem ter defecções.

» Fim de papo. Ninguém do PSDB participou de almoço oferecido ontem pelo presidente Temer no Jaburu. Foi a primeira reunião política que já não contou com a presença do partido, que está de malas prontas para sair da base aliada.

» Nova base. O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi o primeiro a chegar no Jaburu. Participaram dirigentes do PSD, PRB, PP, PR, DEM e PMDB.

» Muito prazer! Interlocutores do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliam que a maior dificuldade que ele terá na eleição presidencial é se tornar conhecido do eleitor.

» Trunfo. Sua imagem sisuda na Fazenda não é considerada um problema. Na intimidade, Meirelles é bem-humorado, lado a ser explorado na campanha. Quem convive com ele diz que é hilária sua imitação do ex-presidente Lula.

» Condições. Meirelles só será candidato se tiver apoio do PMDB e de outros partidos da base e se sua saída do ministério não afetar a economia.

» O que sobra. Marqueteiros que estarão nas principais campanhas de 2018 concordam que vai para o 2º turno quem tiver pouco mais de 20% dos votos. Levam em conta que Lula terá 25% no 1º turno; Jair Bolsonaro, 20% e haverá 30% de brancos ou nulos.

» Da cartola. O ministro Torquato Jardim (Justiça) quer transformar a Força Nacional de Segurança Pública em uma organização permanente. A ideia é montar uma equipe de três mil homens, com direito a plano de saúde e salários fixos.

» Regras. A intenção do governo é distribuir esse novo grupo em cinco bases pelo Brasil, que teriam também aviões e tanques. A escolha dos policiais seria por meio de um vestibular.

» Entressala. As conversas com o GSI estão avançadas. O Exército não comenta.

» Cabo de guerra. Os deputados Mauro Lopes e Newton Cardoso, do PMDB mineiro, travam uma batalha pela Diretoria de Política Agrícola da Conab. Mauro quer manter Cleide Edvirges, mas Newton Cardoso, que se diz dono da vaga, trabalha para trocá-la.

» Ideia! O ministro Aloysio Nunes ironiza informações de que vai desistir da reeleição ao Senado em troca de uma embaixada. “Há muita gente preocupada com meu futuro. Já me mandaram para a França e Portugal. Ainda bem que não cogitaram Coreia do Norte”.

Vinicius de Moraes: A estrela polar

Eu vi a estrela polar
Chorando em cima do mar
Eu vi a estrela polar
Nas costas de Portugal!
Desde então não seja Vênus
A mais pura das estrelas
A estrela polar não brilha
Se humilha no firmamento
Parece uma criancinha
Enjeitada pelo frio
Estrelinha franciscana
Teresinha, mariana
Perdida no Pólo Norte
De toda a tristeza humana.

Antônio Nóbrega - Lunário perpétuo