Movimento de renovação política é contra polarização
Fernanda Krakovics / O Globo
Com fundadores de polos opostos, como um ex-integrante dos governos Lula e Dilma e outro que faz parte do governo Temer, e de perfis heterogêneos, como o idealizador da Parada Zen e o presidente do Grupo Iguatemi de shoppings, o movimento “Agora!”, que defende a renovação da política, pretende propor uma agenda para o país, lançar candidatos que defendam essa plataforma nas eleições e oferecer quadros técnicos para compor governos a partir de 2019.
Sem intenção de virar um partido, o “Agora!” tem conversado com siglas como PPS, Rede e PSL/Livres para viabilizar suas candidaturas.
Uma das idealizadoras do movimento, Ilona Szabó, diretora executiva do Instituto Igarapé — um centro de estudos dedicado à integração das agendas da Segurança, Justiça e do desenvolvimento — afirma que os integrantes do grupo, mesmo tendo diferentes matizes ideológicas, estão dispostos a achar agendas mínimas e transformadoras para o Brasil:
—O princípio básico, quando a gente pensou quem ia chamar para o movimento, foi diversidade. Pensamos no que estava faltando no nosso país e no mundo: diálogo. O principal era convergência, pessoas que estavam prontas para ouvir e para trocar. As pessoas ali estão dispostas a avançar em políticas públicas baseadas em evidências e no resultado que se quer atingir, estão dispostas a chegar a consensos. Daquilo ali, só discorda quem for dogmático.
A partir de dez prioridades, entre elas “reduzir drasticamente a desigualdade” e “garantir a todos os brasileiros educação de qualidade”, o “Agora!” promete apresentar uma agenda com propostas concretas para tornar o Brasil “um país mais humano, simples e sustentável”. Fundadores do “Agora!” dizem que, a começar pela escolha de seus integrantes, o grupo quer romper a polarização que tem marcado o debate político.
— É essa diversidade que o movimento procura para ter uma pluralidade. O que move o grupo como um todo é esse propósito maior de renovar a política na questão geracional. O que a gente tem hoje, quando há jovens (na política), são filhos de políticos fazendo a mesma política de sempre — explica Gustavo Arns de Oliveira, um dos 46 fundadores do “Agora!”, além de idealizador do Congresso Internacional de Felicidade e da Parada Zen.
O “Agora!” reúne pessoas de três campos: progressista, de centro e liberal. Um dos fundadores é Beto Vasconcelos, ex-chefe de gabinete da ex-presidente Dilma Rousseff e ex-subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil do ex-presidente Lula. Ele milita ao lado do secretário especial de Assuntos Estratégicos do presidente Michel Temer, Hussein Kalout. Do grupo também fazem parte o empresário Carlos Jereissati Filho, do Grupo Iguatemi, e Paulo Gontijo, do Livres, movimento de renovação do Partido Social Liberal (PSL).
Como exemplo de que a convergência seria possível, membros do “Agora!” citam a reunião em que Beto Vasconcelos e o economista Humberto Laudares, que liderou o Onda Azul, movimento de renovação do PSDB, apresentaram juntos propostas para redução da desigualdade.
A única faísca até o momento foi o ensaio de candidatura presidencial do apresentador de TV Luciano Huck, que faz parte do “Agora!”. Nem todos apoiavam as pretensões eleitorais do colega e ficaram incomodados com a suposta apropriação do movimento. O episódio provocou a saída do produtor cultural Alê Yousseff.
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