O Estado de S. Paulo
Trump tem mais o que fazer e anistia prévia para Bolsonaro depende do Congresso brasileiro
Apesar da suspensão, na véspera, dos julgamentos da deputada Carla Zambelli e da cabeleireira Débora Santos, com pedidos de vista dos ministros Nunes Marques e Luiz Fux, a Primeira Turma do Supremo deve começar hoje e decidir se acata ou não a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. A tendência é de julgamento sem vistas, rápido, terminando com o ex-presidente e sete outros no banco dos réus. E não será surpresa se for por unanimidade.
Cada coisa no seu devido lugar. Sabe-se lá
por que Nunes Marques resolveu adiar o julgamento de Zambelli por sair
desvairada pelas ruas de São Paulo, com arma em punho, atrás de um cidadão
depois de um bateboca, mas o ministro simplesmente não integra a Primeira Turma
e não vota na decisão sobre acatar ou não a denúncia contra Bolsonaro. Se quis
agradar ao ex-presidente, que o nomeou, gastou a chance com Zambelli.
Já Luiz Fux, que, sim, integra a Primeira
Turma, pediu vista do julgamento de Débora Santos, “para se informar melhor”,
depois que os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram por 14 anos
de prisão para ela, que no 8/1 pichou “perdeu, mané” na estátua “Justiça”, em
frente ao STF. Uma pena muito alta. Mas Fux não pretende adiar o julgamento do
primeiro e mais importante núcleo do golpe, liderado por Bolsonaro. Uma coisa é
uma coisa, outra coisa é outra coisa.
A previsão, portanto, é que o Brasil assista
nesta semana não só a mais um ex-presidente no banco dos réus, mas também a
três generais e um almirante de quatro estrelas, um tenente-coronel da ativa,
um ex-ministro da Justiça e um diretor-geral da Abin, a agência de inteligência
da Presidência, órgão de Estado. São esses os apontados como “cabeças do
golpe”, o que carrega a pesada carga do imediatismo e, em si, só confirma a
gravidade de tudo isso. Quantos generais foram réus pelo golpe de 1964, por
exemplo?
Sem defesa, os acusados esperneiam e Eduardo
Bolsonaro tenta mobilizar mundos, fundos, Congresso e Executivo dos EUA para
livrar o pai da cadeia. Há quem pergunte qual a dimensão e a abrangência desse
movimento do 03 e seu asseclas. Não se sabe ao certo, mas convenhamos que
Donald Trump tem mais com que se preocupar.
Ainda mais depois de o bilionário Elon Musk
vasculhar segredos de Estado no Pentágono e as cúpulas de Defesa vazarem para
um jornalista, num grupo de internet, informações altamente sensíveis de
Segurança Nacional. Um escândalo por dia. Será que Trump está ocupado em salvar
a pele de Bolsonaro? Ou o Congresso brasileiro é que articula o jogo sujo de
uma anistia prévia?
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