quarta-feira, 16 de julho de 2025

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PGR expõe ridículo do pleito por anistia de Bolsonaro

O Globo

Sem ceder à chantagem, Justiça deve julgá-lo e condená-lo pelos crimes contra a democracia que cometeu

As alegações finais apresentadas nesta semana pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados por tentativa de golpe de Estado são uma demonstração oportuna e necessária da independência do Judiciário e das instituições brasileiras diante da pressão que sofrem do governo dos Estados Unidos — descabida, sem nexo e sem nenhum amparo nos fatos. Ante os inúmeros indícios e evidências colhidos desde a fase de investigação pela Polícia Federal, relatados exaustivamente ao longo de mais de 500 páginas, a PGR tomou a única decisão cabível: pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação dos réus.

O documento da PGR expõe de modo eloquente a desfaçatez do pleito de Bolsonaro por anistia e a irresponsabilidade da manobra movida por seus familiares e aliados junto ao presidente americano, Donald Trump. O próprio Bolsonaro admitiu ao STF ter procurado comandantes das Forças Armadas para questionar o resultado das urnas e ter conversado com seus auxiliares sobre medidas de exceção, como o Estado de Sítio. É ridículo argumentar que essas iniciativas estavam, como ele insiste, “dentro das quatro linhas” da Constituição.

Do mesmo modo, foi constrangedora a manifestação de Bolsonaro sobre a chantagem de Trump (impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros se não houver anistia aos golpistas). “A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”, escreveu Bolsonaro. Ora, para ele, o Brasil deveria salvar sua pele cerceando a independência da Justiça — ou então pagar o preço altíssimo das tarifas impostas por Trump. Nada poderia refletir melhor seu desdém pela democracia, pela soberania nacional e pelas instituições republicanas do que esse recurso desavergonhado à chantagem.

Tarcísio e os Bolsonaros - Elio Gaspari

O Globo

No final de 2018, um coronel amigo de Bolsonaro sugeriu-lhe que conversasse com Tarcísio de Freitas. Ele havia sido um aluno estelar do Instituto Militar de Engenharia, esteve no Exército e, no governo de Dilma Rousseff, comandara uma “faxina ética” no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT.

Bolsonaro recebeu Tarcísio pela manhã e pediu que voltasse à tarde. No novo encontro, convidou-o para ser ministro da Infraestrutura. Não há precedente histórico de um desconhecido ter sido convidado para esse cargo dessa maneira.

O carioca Tarcísio era um ministro correto, quando Bolsonaro lhe disse que deveria disputar o governo de São Paulo. Refletindo, foi à Pauliceia e ouviu uma lista de sábios. Só um, Delfim Netto, disse-lhe que fosse em frente, pois seria eleito.

Interferência de Trump não desvia Bolsonaro da rota da cadeia - Bernardo Mello Franco

O Globo

PGR ignorou pressão americana ao pedir condenação de ex-presidente por tentativa de golpe

Se a chantagem de Donald Trump era a última aposta de Jair Bolsonaro para escapar da cadeia, o capitão já pode tirar as medidas do uniforme. A Procuradoria-Geral da República apresentou suas conclusões sobre o processo do golpe. Pediu que o ex-presidente seja condenado por cinco crimes, cujas penas podem somar 43 anos de prisão.

Em 517 páginas, o procurador Paulo Gonet descreve Bolsonaro como chefe da organização criminosa que tentou impor um novo regime autoritário. Afirma que ele foi “principal articulador”, “maior beneficiário” e “autor dos mais graves atos” da conspiração contra a democracia.

O calhamaço desmonta as teses de defesa do capitão e seus comparsas. Os ataques ao voto eletrônico não eram arroubos de retórica. Faziam parte de uma campanha para minar a confiança no sistema eleitoral e incitar uma rebelião contra o resultado das urnas. O silêncio após a derrota não foi por abatimento. Tinha o objetivo de radicalizar a tropa e “instaurar o caos social”.

“Muy amigo”, Tarcísio larga a mão de Bolsonaro na crise do tarifaço - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Horas após o pedido de condenação da PGR ao Supremo, o presidente dos Estados Unidos saiu em defesa de Bolsonaro. Novamente associou o tarifaço de 50% ao julgamento do ex-presidente

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de segunda-feira, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete integrantes do chamado Núcleo Central da trama golpista, que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022. Assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet, o parecer foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, às 23h45. Com isso, o julgamento entra em fase decisiva e deve ser concluído em setembro.

De nada adiantaram as pressões do presidente Donald Trump, que voltou a defender Bolsonaro. O tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras mobilizou os exportadores nacionais e os empresários norte-americanos, cuja Câmara de Comércio criticou a medida. No plano político interno, a crise comercial e diplomática dividiu os aliados de Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, mui amigo, mudou o discurso e passou a defender uma negociação com a Casa Branca em bases apenas comerciais, desvinculada do julgamento do ex-presidente. O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articula as pressões de Trump nos Estados Unidos, atacou Tarcísio e acusou-o de “subserviência servil”.

PGR mostra confiança nas provas sobre trama golpista e inflexão em relação ao lavajatismo- Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Nas alegações finais contra Bolsonaro, Paulo Gonet quis mostrar que MPF não dependeu da delação

O capítulo mais surpreendente da manifestação de Paulo Gonet nas alegações finais da trama golpista é aquele em que o procurador-geral da República aponta as inconsistências da delação do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, coronel Mauro Cid, e pede a redução dos benefícios dela decorrentes.

Gonet reitera a confiança no próprio taco. Expõe as inconsistências da delação porque acredita que a denúncia da Procuradoria-Geral da República se sustenta quase integralmente nas provas produzidas ao longo da reconstituição dos fatos no inquérito — mensagens de celular, registros de reuniões, documentos, “lives” e depoimentos de testemunhas.

Além disso, a manifestação do PGR também marca a inflexão do Ministério Público Federal em relação ao que aconteceu na Lava-Jato, processo muito impactado por delações que, mais tarde, não se mostraram completamente íntegras.

Trump coloca ao Brasil suas inaceitáveis regras do jogo - Fernando Exman

Valor Econômico

Presidente americano tenta remodelar a ordem internacional em favor dos Estados Unidos

Tal qual um crupiê conduzindo um jogo de “Blackjack”, o presidente Donald Trump puxou o Brasil para a mesa em que tenta, a cada mão, remodelar a ordem internacional em favor dos Estados Unidos.

Popular entre frequentadores de cassinos e modalidade sempre ofertada pelos donos das casas de jogos, o “Blackjack” tem como fundamento uma estratégia baseada na probabilidade, divisão do jogo em mais de uma frente, o aumento progressivo das apostas e - por que não? - o blefe.

A volta das tarifas, com ou sem recuo de Trump - Martin Wolf

Valor Econômico

O foco de Trump nos bens do passado beira o absurdo. O essencial é garantir competitividade no futuro

Como um cão em busca de um osso, Donald Trump sempre retorna às tarifas. Ele agora está propondo uma lista modificada delas sobre uma série de países, incluindo alguns aliados e algumas nações desesperadamente pobres, a serem impostas em 1º de agosto. Será que ele vai recuar de novo? Quem sabe! Mas as chances de ele conseguir acordos que satisfaçam seu mercantilismo irracional parecem mínimas ou inexistentes. Um homem irracional é imprevisível. Talvez desta vez ele esteja falando sério. Se for o caso, a já elevada tarifa média efetiva dos Estados Unidos, de 8,8% em maio, deve subir ainda mais. Estaríamos entrando em um novo mundo.

Basta dar uma olhada em algumas das propostas: tarifas de 50% sobre as importações do Brasil, 40% sobre o Laos e Mianmar, 36% sobre a Tailândia, 35% sobre Bangladesh, 32% sobre a Indonésia, 30% sobre a África do Sul, Sri Lanka e União Europeia, e 25% sobre o Japão e a Coreia do Sul. As tarifas sugeridas ainda estão bastante próximas da fórmula extraordinária apresentada em abril pelo assessor de Trump, Peter Navarro, segundo a qual o fator determinante é a proporção entre o déficit bilateral dos EUA e suas importações bilaterais.

A condenação do ‘crápula’ - Marcelo Godoy

O Estado de S. Paulo

Gonet presta um favor ao Exército ao pedir a condenação de Cid e sinaliza o mesmo aos demais

As alegações finais do procurador-geral da República, Paulo Gonet, mostram que nem mesmo o delator Mauro Cid vai escapar de um tempo de prisão. É bem possível que ele seja superior a dois anos de prisão, o que permitiria ao comando do Exército expulsá-lo da Força. É que todo oficial condenado a mais de dois anos de prisão é imediatamente submetido ao Conselho de Justificação e excluído automaticamente da instituição.

Em caso de condenação, o conselho, automaticamente, declara a indignidade para o oficialato e cassa o posto e a patente do militar. Ora, a verdadeira colaboração prestada por Cid às investigações foi involuntária: ele não apagou a lixeira de sua caixa de e-mails, onde a PF achou as provas que o encurralaram.

Covardia - Nicolau da Rocha Cavalcanti


O Estado de S. Paulo

É preciso que o custo político da tarifa de 50% recaia integralmente sobre quem suscitou, incentivou e comemorou a sanção

Primeiro ato. Em março, um deputado, que recebeu mais de 700 mil votos nas eleições de 2022, pediu licença do mandato para mudar-se com sua família para os Estados Unidos, dizendo ser exilado político. Estando lá, seu objetivo declarado passou a ser a obtenção de alguma sanção do governo de Donald Trump contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da ação penal na qual seu pai é réu. Ou seja, o parlamentar ignorou seus deveres públicos no Legislativo para tentar achacar integrantes do Judiciário. Abandonou seus eleitores para cuidar de interesses familiares.

Mas a iniciativa teve efeito muito diferente do pretendido. Ele não obteve a tão almejada sanção contra o ministro do STF, e sim uma sanção contra todos os brasileiros. Motivado pela desinformação difundida pelo parlamentar licenciado, o presidente Donald Trump anunciou que pretende impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Até então, o Brasil não era alvo do governo americano. No famoso anúncio de Donald Trump de 2 de abril, a tarifa para o Brasil era de 10%.

Mais um tiro no pé - Fábio Alves

O Estado de S. Paulo

A política de imigração de Trump sabota a lógica econômica. A fatura virá em breve

O impacto das deportações em massa de imigrantes, de um patrulhamento mais duro nas fronteiras e das restrições para permanência nos Estados Unidos até a quem tem autorização temporária de residência deverá afetar o PIB americano de 2025 numa magnitude maior do que antes imaginado. A adoção indiscriminada de tarifas de importação vem dominando as manchetes da imprensa internacional, mas a cruzada do presidente Donald Trump contra imigrantes já está prejudicando o mercado de trabalho.

O gasto público no Brasil é eficiente? - Benito Salomão*

Correio Braziliense

Economistas defendem que o país precisa avançar na pauta fiscal, revendo gastos sociais (saúde e educação), congelando salários. Mas não há consenso na opinião pública quanto a essa agenda

Recentemente, o Instituto Datafolha publicou uma sondagem sobre a aplicação dos recursos públicos. A pesquisa traz alguns insights importantes acerca da atuação do governo. No tocante aos resultados, 47% dos entrevistados responderam que "os recursos públicos são suficientes, porém mal aplicados em serviços para a população". Outros 32% responderam que os "recursos são insuficientes e mal aplicados". Para 8%, os "recursos são suficientes e bem aplicados", e outros 9% consideram os "recursos insuficientes e bem aplicados".

O cansaço e o desinteresse de Tump - Rui Tavares

Folha de S. Paulo

Estratégia ajuda a explicar anúncios e contra-anúncios, avanços e recuos feitos pelo presidente americano

Em todas as línguas latinas, com exceção do português, "interesse" é a mesma palavra para juros e para atenção. Em inglês, espanhol, italiano e francês, para dizer "taxa de juros" dizemos o equivalente à "taxa de interesse" ("interest rate", etc.), insinuando-se nessa expressão uma raiz comum bem antiga em que o interesse no sentido comercial e o interesse no sentido cultural têm a mesma origem.

Aliás, creio que possa ser defendido que o interesse comercial precedeu a utilização de interesse no sentido cultural do termo. O que é natural porque esse foi o sentido que veio da Itália do Renascimento e dos alvores do capitalismo. A partir daí, o "interessante", aquilo que chamava a atenção, era o que dava lucro.

Governo congressual - Cláudio Couto*

Folha de S. Paulo

Com Legislativo empoderado, presidente deve sair a campo e não apenas se valer de intermediários; modelo abre espaço para comportamento ideológico

presidencialismo de coalizão não acabou, mas não é o mesmo que foi até 2015. Desde então, seguidas mudanças institucionais alteraram a dinâmica de nosso sistema de governo, empoderando o Congresso Nacional e enfraquecendo o Poder Executivo.

A Presidência da República, que antes pautava o processo decisório legislativo, usando os amplos poderes institucionais e de agenda que lhe foram conferidos pela Constituição de 1988, perdeu tal capacidade. O Congresso, embora mais poderoso, tornou-se mais irresponsável, pois o custo de suas decisões de amplo impacto não recai sobre si, mas sobre o governo de turno. Estamos diante do governo congressual.

Bolsonaro acima de tudo - Wilson Gomes

Folha de S. Paulo

Toda a camuflagem ideológica em uso sempre escondeu de modo sofrível a única coisa que eles buscam, seus interesses

Se existe um talento dos Bolsonaros que não se pode negar, é a grande habilidade de usar pessoas e instituições em benefício exclusivo da família. E não importam os riscos ou consequências envolvidas, pois a responsabilidade e os efeitos sempre recaem sobre os ombros de terceiros, jamais sobre eles.

A lista dos que se prestaram a essa função —convencidos de que se tratava de defender princípios ou lutar por um propósito nobre— é enorme.

Usaram Sara Winter para ameaçar e intimidar o Supremo, assim como depois utilizaram, sem escrúpulos, Sérgio Reis, Zé Trovão e os caminhoneiros que aderiram ao movimento bolsonarista.

Entre a cruz e a caldeirinha - Dora Kramer

Folha de S. Paulo

As reações erráticas de Tarcísio o prenderam a uma armadilha da qual terá muito trabalho para escapar

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) perdeu uma boa oportunidade de exibir credenciais condizentes com o posto de presidente do Brasil.

Ele não passou no teste de se mostrar ao país apto à função e pode ter prejudicado o plano de reeleição em São Paulo ao se render a conveniências de um grupo político em detrimento do interesse nacional.

Reagiu como militante de um nicho, não atinou para as consequências da chantagem de Donald Trump e paga o preço por ter se posicionado distante da pretendida condição de estadista.

Perspectivas e desafios para a esquerda global em tempos de transição - Cláudio Carraly*

A expressão “tudo que é sólido se desmancha no ar”, cunhada por Karl Marx e Friedrich Engels em O Manifesto Comunista e retomada por Marshall Berman, traduz a fluidez das estruturas sociais, econômicas e políticas ao longo da história. Aquilo que parece indestrutível hoje pode ruir ou se transformar rapidamente, sobretudo em períodos de intensa crise e efervescência política. Diante dos atuais governos autoritários e nacionalistas que despontam, a pergunta que emerge é: poderá a esquerda global, em suas múltiplas vertentes, reconstruir-se de forma sólida para oferecer alternativas e mobilizar grandes segmentos sociais?

Em diferentes momentos, crises atuaram como catalisadores para a organização e a renovação da esquerda mundial, o caos da Primeira Guerra Mundial, acrescido dos problemas internos da Rússia czarista, precipitaram a Revolução Russa de 1917. E essa inspirou operários e camponeses por todo globo. Já no pós-Segunda Guerra, partidos de inclinações marxistas, social-democratas e trabalhistas alavancaram seu protagonismo, em parte pelo papel que desempenharam contra o fascismo e pelos projetos de bem estar social que impuseram como forma de minar o capitalismo globalmente.

A entrada de Trump na campanha eleitoral – Roberto Amaral e Pedro Amaral

“Palavras, palavras, palavras”
– Shakespeare, Hamlet

Numa cena memorável de “Wall Street – Poder e Glória” (1987), de Oliver Stone, o especulador inescrupuloso Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas, explica a seu pupilo bestificado as regras do jogo em que sempre vence: “O 1% mais rico possui metade da riqueza do país, cinco trilhões de dólares. Noventa por cento dos americanos lá fora possuem pouco ou nenhum patrimônio líquido. [...] Eu não crio nada. Eu sou o proprietário. Nós é que fazemos os regulamentos; nós tiramos o coelho da cartola enquanto todo o mundo se pergunta como é que a gente consegue. Mas você não é inocente a ponto de achar que vivemos numa democracia, né, Buddy? É o livre mercado. E você faz parte dele.”

Quando o filme – uma crítica de Stone, filho de um corretor da bolsa de valores, a esse universo amoral e parasitário – foi lançado, Donald John Trump contava 41 anos de idade e comandava o império imobiliário de sua família, com foco em projetos extravagantes de arranha-céus, hotéis e cassinos (aproveitando o crescimento de uma bolha que não tardaria a estourar), e aperfeiçoava o dom de usar a seu favor as facilidades de um sistema financeiro e uma ordem jurídica moldados para beneficiar o homem branco endinheirado. Embevecidos, os meios de comunicação exaltavam o seu “toque de Midas”.

Poesia | Poema Elegia 1938, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Chico Buarque e Mônica Salmaso - Biscate