Weslley Galzo / O Estado de S. Paulo
Lista de congressistas que participaram do
fórum organizado pelo ministro Gilmar Mendes inclui parlamentares que são parte
em processos no Supremo; direção da Câmara não comenta
O XIII Fórum de Lisboa, organizado pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, levou 44 deputados em
missão oficial de Brasília para a capital de Portugal nesta semana. Dentre os
parlamentares, 30 solicitaram que a viagem fosse com “ônus” à Câmara. Com isso,
a Casa vai arcar com todas as despesas, como hospedagem, deslocamento e custos
adicionais.
Os deputados que pediram o ressarcimento das
despesas serão reembolsados após a apresentação das notas ficais. Por esta
razão, ainda não é possível estimar quanto o deslocamento em massa de
parlamentares a Lisboa custou aos cofres públicos.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está entre os deputados que solicitaram o reembolso dos valores. Na lista dos viajantes, também figuram seis parlamentares que são parte em processos no STF: Arthur Lira (PP-AL) – ex-presidente da Casa –, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Luís Tibé (AvanteMG), Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Rodrigo Gambale (Podemos-SP) e Baleia Rossi (MDB-SP).
Como mostrou o Estadão, o Senado vai custear
a ida de seis senadores ao evento. O afastamento de parlamentares do País
precisa ser comunicado às Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, a quem cabe
autorizar a ida dos solicitantes.
Os deputados e senadores podem optar por duas
formas de deixar o País: em missão oficial, representando a Casa da qual fazem
parte, ou como participantes em determinado evento, o que também exige
comunicação ao comando do órgão.
Os parlamentares ainda podem escolher se
desejam deixar o País com ou sem ônus à instituição da qual fazem parte – ou
seja, se querem ser reembolsados por todos os gastos existentes na viagem ou
não.
LAI. A lista de deputados custeados pela
Câmara foi divulgada pela direção da própria Casa Legislativa a partir de um
pedido de Lei de Acesso à Informação feito pelo Estadão. Procurada, a direção
da Câmara não quis se manifestar.
Apelidado de “Gilmarpalooza”, o evento
provoca, anualmente, o deslocamento de significativa parcela do poder político
de Brasília para a capital de Portugal. O evento é realizado na Universidade de
Lisboa e trata de diversos assuntos – neste ano, o tema é “O mundo em
transformação: direito, democracia e sustentabilidade na era inteligente”. Mas
são as atividades paralelas e fora do escopo acadêmico que mobilizam parte dos
presentes.
Além da classe política, o evento reúne
empresários de grandes companhias, advogados dos escritórios mais renomados do
País e acadêmicos. A união desses diferentes grupos, mas que podem partilhar
interesses em comum, torna as festas, os almoços, os passeios e os jantares
organizados paralelamente ao evento atrações à parte e altamente concorridas.
Na edição deste ano, por exemplo, a
Associação Latinoamericana de Internet (ALAI), que representa as big techs,
ofereceu um almoço a participantes seletos do fórum.
‘COISA ERRADA’. Ontem, Gilmar indicou que não
se abala com o apelido dado ao Fórum de Lisboa. “Se quiserem, podem continuar
chamando de ‘Gilmarpalooza’”, afirmou o magistrado antes de dar uma gargalhada
durante entrevista coletiva.
“Vocês veem aqui vários governadores,
senadores e deputados na condição de palestrantes e, depois, de assistentes,
participando dos eventos”, disse o ministro, para quem “ninguém” vai ao fórum
“fazer coisa errada”.
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