O Estado de S. Paulo
Marketing de Lula mira o Congresso com o BBB
da moda: Bancos, Bets e Bilionários
Não se trata do show de televisão, da nota
das agências de rating, nem mesmo das famosas bancadas do Boi, da Bala e da
Bíblia, o novo BBB que está na moda é outro, Bancos, Bets e Bilionários, criado
pela varinha mágica do marketing político para tentar resgatar a popularidade
perdida do presidente Lula e a aprovação, que não anda nada boa, do seu
governo.
Fórmula populista que tem tudo a ver com o PT e o próprio Lula, o novo BBB joga a luta de classes no terreno da atual polarização política, que já passou pelo “nós contra eles” e desaba agora no “pobres contra ricos”, com o governo obrigando o PT a pegar em armas na internet. Parece criativo, engenhoso, nesse complexo mundo do marketing, mais e mais alavancado pelas redes, mas tem riscos.
Um deles é Lula ficar falando para a própria
bolha, mas o principal é ser assimilado como declaração de guerra contra o
Congresso, Lula no papel de defensor dos pobres e empurrando para o outro lado
da rua o de vilão defensor dos ricos e poderosos. Guerra contra o Congresso
costuma dar ruim. Os governos não aprovam nada e pode ser até pior, não é,
Dilma Rousseff?
Líderes políticos avisam que, se a agenda do
governo é a do PT, a do Congresso será “independente” – o que soa como contra o
governo –, mas os presidentes das Casas se dividiram. Enquanto o deputado Hugo
Motta fala em “harmonia dos Poderes”, mas lidera a rebelião contra o Executivo
e vira alvo do PT, o senador Davi Alcolumbre negocia com a Fazenda, não se sabe
o quê.
Em meio a tratativas, o Congresso faz o que
não fez no primeiro semestre inteiro: vota propostas. Depois de engavetar por
dois anos, a Câmara aprovou a urgência do endurecimento das isenções fiscais e
já se prepara para enfrentar a reforma administrativa que, segundo Motta, que
está em Lisboa, será votada ainda neste ano. São duas medidas que podem, sim,
aumentar receita e reduzir gastos. A ver o resultado final.
E o Congresso também se tornou subitamente
diligente na tramitação de duas MPs, a do crédito consignado privado e a do uso
de até R$ 15 bi do Fundo Social do Pré-Sal para habitações populares, que
também libera o governo para leiloar óleo e gás excedente. Fica a dúvida: para
recompor as relações com Lula ou desfazer a percepção de um Congresso “do mal”?
Lula tenta, assim, fazer do limão uma
limonada, usando a guerra com o Congresso para acordar a militância, ganhar
terreno nas redes, recuperar apoio da baixa renda e “conversar” com a classe
média, que pode ir para um lado ou outro. Tudo somado, 2026 chegou! E com o STF
no meio, apesar de ter muito serviço pela frente ainda em 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário