O Estado de S. Paulo
As pessoas sentem medo por falta de
segurança. É fator que explica a origem do estado, como ensinou Thomas Hobbes.
Quando não oferece segurança aos membros da tribo ou aos cidadãos dos seus
países, o estado entra em crise.
O mundo mudou, o Brasil mudou. Política de
segurança pública não é apenas prender bandido ou impedir a invasão de piratas
ou de potências inimigas fronteira adentro, como no passado. São os efeitos
dessa transformação que o governo Lula parece não levar em conta.
Nesta primeira semana de julho, o noticiário apontou um ataque hacker que desviou cerca de R$ 800 milhões do sistema que liga bancos ao Pix. Foi o que se soube. E o que acontece e a gente não fica sabendo?
As tentativas de fraude aumentaram 21,5% nos
três primeiros meses de 2025, na comparação anual, para 3,4 milhões de casos –
um a cada 2,2 segundos, apontam dados da Serasa Experian. São centenas de
milhares de manobras ilícitas pelas quais os fraudadores invadem contas
correntes bancárias para surrupiar recursos ou forjar empréstimos não
requeridos.
É enorme a facilidade com que os criminosos
utilizam engenharia social para driblar a segurança dos sistemas digitais e
transferir recursos para contas laranja. Todas têm endereço, CPF cadastrado,
número de conta bancária e tal. Mas as autoridades não mostram disposição para
devassá-las e coibi-las.
Quem já não foi vítima de roubo de celular?
Grande parte dos aparelhos é rastreável. De vez em quando, a polícia estoura
depósito com milhares de aparelhos roubados. As devoluções são insignificantes.
Em relatório recente, a Interpol denunciou o
aumento do tráfico de pessoas para exploração em centrais especializadas em
golpes digitais.
O PCC, o Comando Vermelho e outras
organizações criminosas estão infiltradas em praticamente todos os setores da
economia. Como financiam campanhas, assumem secretarias de pequenas e grandes
cidades. Lavam dinheiro, contrabandeiam armas, comandam o narcotráfico e, pior
que tudo, criam um poder paralelo que sabota o estado. A disseminação da
Inteligência Artificial facilitou em grande escala a execução desses crimes,
porque permite imitação de voz e cópia de traços faciais.
O governo Lula já vinha convivendo com uma
dificuldade original. Entendia que a principal origem da insegurança era a
condição de pobreza e de desigualdade. Daí porque, conclui esse tipo de
raciocínio, a prioridade é combater a pobreza e não a bandidagem. Continua sem
saber como lidar com os desvios da era da tecnologia digital. Por isso, se
omite diante do alastramento da insegurança pública – e vai perdendo votos.
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