O Globo
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, acredita que podem ocorrer surpresas positivas na inflação, por
causa da safra e da queda do dólar, contudo
concorda com a avaliação do Banco
Central de que a taxa pode ficar acima do teto da meta em junho, mas
que a resposta virá rapidamente por conta do choque de juros.
- A política monetária tem um delay para fazer efeito. Ela não faz efeito na hora. No caso do Brasil, na minha opinião, vai ser mais rápido, muito mais rápido do que se pensa, porque o choque de juros foi muito forte, então a resposta vai vir mais rápido. Penso que nós podemos ter uma acomodação mais rápida também em função disso. Ainda que em junho eles tenham escrito uma carta para nós, eu acredito que o horizonte relevante do Banco Central já vai estar convergindo para a meta.
Na
ata divulgada na terça-feira, o BC destaca que "as expectativas
de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos
de agentes, elevaram-se de forma significativa em todos os prazos, indicando
desancoragem adicional e tornando assim o cenário de inflação mais
adverso", o que requer uma política mais contracionista, afirma o comitê.
O documento confirma a alta de um ponto percentual em março, já indicado na
última reunião de 2024, mas não dá o forward guidance (ou seja, indicação) do
que será feito na reunião de maio.
Para o ministro, o ciclo de combate à
inflação com alta de juros, tem que ser muito certeiro, em um prazo condizente
com a necessidade do país, mas tem que ser muito calibrado para que o remédio
"não seja nem aquém nem além da necessidade de combater a inflação".
- Até porque, se for muito além, você vai ter problemas fiscais pelo lado da receita, pelo lado da atividade econômica, pelo lado do investimento. E se for aquém, você vai comprometer o poder de compra do trabalhador. É uma arte conduzir bem a política monetária em harmonia com a política fiscal.
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