Políticos, é claro, são movidos a voto, razão pela qual trabalham sempre tendo em vista a ampliação de seu capital eleitoral e evitam, tanto quanto possível, situações que erodam sua popularidade. Mas há circunstâncias excepcionais, como esta crise que tumultua o País, em que fica bem claro quem são os politiqueiros – aqueles que não se importam com o País e se empenham somente em proteger seu capital eleitoral – e quem são os líderes políticos de verdade, aqueles que honram seu ofício ao ter coragem de contrariar a opinião pública e demonstrar à sociedade quais devem ser as prioridades neste grave momento.
Assim, a grande impopularidade do presidente Michel Temer, aferida por diversas pesquisas nos últimos dias, não pode ser argumento para fazer o governo titubear diante do imenso desafio de reparar os fundamentos econômicos do Brasil, arruinados pelo desastroso governo petista.
É evidente que a impopularidade atrapalha muito, especialmente porque dá munição para os adversários políticos e para os mesmos irresponsáveis que tanto mal causaram ao País quando estiveram no governo, e que agora julgam que a solução para os problemas está em persistir nos erros.
E as pesquisas são eloquentes. O Ibope apurou que a gestão do presidente Michel Temer é considerada ruim ou péssima por 55% dos entrevistados. Em dezembro, esse porcentual era de 46%. Já a fatia dos que avaliam o governo como ótimo ou bom caiu de 13% para 10%. O modo como Temer governa foi reprovado por 73%, uma alta de 9 pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior, e os eleitores que não confiam nele passaram de 72% para 79%. Em outro levantamento, do Ipsos, 90% dos entrevistados disseram considerar que o Brasil está no rumo errado.
Os números são avassaladores, mas é preciso levar em conta, em primeiro lugar, que nenhum presidente seria popular no atual cenário, especialmente com a deterioração do mercado de trabalho – o total de desempregados atingiu 13,5 milhões, o maior número desde 2012, e a perspectiva é de lenta retomada do crescimento e das contratações. Logo, popularidade não deve ser a principal preocupação de Temer, pois não há o que possa ser feito no curto prazo para recuperá-la.
Considerando-se que o mandato de Temer termina em pouco mais de um ano e meio – e considerando-se que ele não será candidato a continuar no cargo, como asseverou diversas vezes –, o presidente não tem outra coisa a fazer a não ser manter o rumo e fazer o que é preciso ser feito, mesmo que, num primeiro momento, os efeitos dessas medidas aprofundem ainda mais a sua impopularidade.
Entre as medidas imprescindíveis estão as reformas trabalhista e previdenciária, que, ao lado do desemprego, ajudam a desgastar a imagem de Temer. Afinal, ninguém gosta de discutir a supressão ou a racionalização de benefícios sociais e de direitos trabalhistas, em especial numa situação de crise no mercado de trabalho. A Confederação Nacional da Indústria, que encomendou a pesquisa do Ibope, entende que a baixíssima aprovação a Temer é justamente “o custo político de colocar a economia nos trilhos” e de “promover as reformas necessárias para impulsionar o crescimento do País”.
Além da disposição para encarar esse custo político sem fraquejar, o governo de Michel Temer precisa urgentemente melhorar sua comunicação. O presidente e seus auxiliares devem se empenhar ao máximo em explicar aos brasileiros que, ao contrário do que apregoam os petistas, não há soluções mágicas para a crise.
Paralelamente, Temer precisa começar a enfatizar, sempre que possível e em voz alta, que a situação atual é resultado da inépcia dos presidentes petistas Lula da Silva e Dilma Rousseff, os mesmos que hoje pretendem dar lições sobre como tirar o País da crise que eles mesmos criaram.
Dilma e seu criador, Lula, já têm lugar garantido na história como os responsáveis pelo maior desastre econômico da história brasileira. Como contraponto ao desastre populista, Temer precisa seguir adiante com as reformas, sem se deixar guiar por pesquisas.
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