Trump abala confiança nos EUA ao pressionar Fed
O Globo
Por ora, ele parece ter
desistido de demitir Powell. Mas seus atos revelam desprezo pelo equilíbrio
institucional
A pressão de Donald
Trump sobre o Federal Reserve (Fed), o banco central americano,
tem ganhado contornos preocupantes. Trump não esconde sua intenção de se livrar
do presidente do Fed, Jerome Powell, que ele próprio indicou ao cargo em 2017,
mas que hoje considera “tardio” demais para reduzir os juros. Por lei, ele não
pode demitir Powell, cujo mandato só termina em maio de 2026. Mas alguém com os
instintos autoritários de Trump não se deixaria intimidar por esse tipo de
detalhe.
Ganhou corpo nas hostes trumpistas a ideia de usar como pretexto para a demissão o custo exorbitante da nova sede do Fed, orçada inicialmente em US$ 1,9 bilhão, mas que não sairá por menos de US$ 2,5 bilhões. Depois de uma visita de Trump ao canteiro de obras, parlamentares republicanos decidiram denunciar à Justiça irregularidades atribuídas ao projeto, afirmando que Powell mentiu sobre ele em seu último pronunciamento ao Congresso. Uma demissão antes do fim do mandato seria fato inédito, que por certo despertaria um processo judicial e teria consequência imediata nos mercados.