Alta de estelionatos evidencia falha de investigação policial
O Globo
Bandidos migraram para o
meio digital, enquanto polícia se mantém muito analógica. Isso precisa mudar
Qualquer brasileiro
importunado diariamente com irritantes ligações telefônicas como as que alegam
compras indevidas em seus cartões e pedem que clique em algum link obscuro para
“resolver” o problema tem a sensação de que o país vive uma epidemia de golpes.
Não é só sensação. Seguindo tendência mundial, o número de estelionatos no
Brasil explodiu nos últimos anos. Os registros no ano passado atingiram
2.166.552, um aumento de 8,3% em relação a 2023 (2.000.960) e de mais de 400%
ante 2018, quando foram contabilizados 426.799 casos.
São Paulo e Distrito Federal
apresentam as maiores taxas de registros de estelionato (1.744 por 100 mil
habitantes e 1.681,3 por 100 mil, respectivamente), enquanto Paraíba e Maranhão
ostentam as menores (235,4 e 285,3 por 100 mil). A média nacional é de 1.019,2
por 100 mil, segundo a 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Esses golpes se materializam de diferentes formas, mas hoje acontecem sobretudo no meio digital. Oficialmente, em torno de 12% apenas foram enquadrados como estelionato por meio eletrônico, mas pesquisadores ponderam que o número pode estar subdimensionado, uma vez que esse tipo penal foi incluído na legislação apenas em 2021, e muitos estados brasileiros (caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará) ainda não fazem a diferenciação entre os crimes no meio digital e os outros.