Justiça também precisa aprender a conter gastos
Folha de S. Paulo
É inaceitável que Judiciário, protegido pelo corporativismo, mantenha conduta perdulária com o dinheiro do contribuinte
As despesas do Brasil com o Poder Judiciário
atingiram no ano passado a cifra exorbitante de R$ 132,8 bilhões, um recorde na
série histórica documentada pelo Conselho Nacional de Justiça desde 2009.
Excessivo em si, o montante torna-se abusivo
quando comparado aos R$ 84 bilhões registrados pelo CNJ no
início da compilação —cujos valores anuais são corrigidos. Seria despiciendo
pesquisar um ganho de eficiência que pudesse justificar essa expansão da ordem
de 60% no orçamento do Judiciário.
Segundo o CNJ, 90% do custo se dá com pagamentos a funcionários, juízes, desembargadores e ministros de cortes superiores. Vale lembrar, os magistrados percebem a maior remuneração média entre 427 ocupações em um ranking publicado pela Folha em 2023.
Por mais que se possa —e se deva— questionar
o salário elevado das carreiras judiciais, esse dado explica apenas a menor
parte do problema. Enquanto a renda média considerada para a categoria nessa
classificação ficou em R$ 24.732, o gasto efetivo com tais profissionais se
aproxima dos R$ 70 mil.
Por trás da disparidade entre as duas cifras
está o verdadeiro absurdo. São os abonos, auxílios, indenizações, diárias e
demais manobras às quais os juízes recorrem para ultrapassar o teto salarial do
serviço público, hoje de R$ 44 mil.
Dotado de enorme poder de barganha, o setor
nunca dá por saciado o espírito perdulário e corporativista. Tome-se a
atual discussão
sobre a chamada PEC do Quinquênio, uma infame proposta de emenda à
Constituição que estabelece acréscimos periódicos aos vencimentos de
magistrados e integrantes do Ministério
Público.
Ao que parece, o pouco caso com o dinheiro do
contribuinte contamina os mais diversos funcionários que, de alguma forma,
integram o sistema de Justiça. Em São Paulo, por exemplo, a Assembleia
Legislativa acaba de aprovar projeto de lei apresentado pelo governador Tarcísio de
Freitas (Republicanos) que turbina a remuneração dos
procuradores do estado.
Em outras situações, a desfaçatez é tamanha
que os envolvidos nem se dão o trabalho de prestar contas à sociedade. É o caso
da Procuradoria-Geral da República (PGR), que omite
informações de diárias e passagens do chefe do órgão, Paulo Gonet,
de subprocuradores gerais e de seguranças.
Mesmo o Supremo Tribunal Federal, que sempre
esteve na vanguarda da Lei de Acesso à Informação, tirou do ar neste mês seu
portal de transparência. Por coincidência, a medida ocorreu após a Folha questionar
pagamentos de diárias para viagens internacionais.
O órgão se justificou pela necessidade de
atualizar a plataforma de dados. Pode ser. Mas, se a resposta soa a desculpa
esfarrapada, isso é por culpa do próprio sistema de Justiça, que dilapida sua
credibilidade junto com o dinheiro público.
Sangue, suor e ouro
Folha de S. Paulo
Garimpos ilegais da Amazônia proliferam com
brechas e deficiências da regulação
Um analista ignorante dos escaninhos de
Brasília poderia imaginar que, após os desastres ambientais de Mariana e
Brumadinho e o escândalo
humanitário do garimpo em terras Yanomami, o exercício do poder
público sobre o setor minerário estaria fortalecido. Pois aparentemente não
está.
Assim indica o completo desarranjo da
mineração de ouro na Amazônia, dominado por garimpos ilegais. Reportagem
publicada pela Folha mostrou que cooperativas e empresários contornam
restrições legais para explorar áreas descomunais da região.
Só a Cooperativa de Pequenos Mineradores de
Ouro e Pedras Preciosas de Alta Floresta (Cooperalfa) tem direitos registrados
de exploração do metal em 2.078 km² de Mato Grosso, território maior que o
município de São Paulo.
São 48 requerimentos de lavra ativos nos
arquivos da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão regulador do setor. A
Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (Coogavepe) não fica atrás,
com 2.074 km² reconhecidos.
A ANM tem se mostrado incapaz de cumprir a
contento suas tarefas de fiscalização, possivelmente pela perda de servidores e
verbas.
A impunidade só se torna possível porque
vigora um absurdo regime de autodeclaração sobre origem do outro
comercializado. As pepitas ilegalmente extraídas terminam legalizadas porque o
garimpeiro declara que as escavou nessa profusão de áreas registradas de modo
irregular.
Um certo doutor José Antunes, ligado à
Associação dos Mineradores de Ouro do Tapajós (Amot), acumularia 161
requerimentos em 80,5 km² no Pará. A regra vigente estipula que cada CPF só
pode ser usado para registrar cinco garimpos, cada um com mero 0,5 km².
Diversas
cooperativas já foram alvo de investigações da Polícia Federal, por
suspeitas de comercialização de ouro ilegal e de participação em lavagem do
minério.
Nem a mais draconiana redução da máquina
estatal justificaria tamanho fiasco de regulação.
Produtividade da Justiça deve levar a redução
de gastos
O Globo
Apesar de mais agilidade nos processos, Brasil ainda tem o Judiciário mais caro do mundo
As despesas do Judiciário somaram R$ 132,8
bilhões no ano passado, o maior número da série histórica compilada pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A cifra é espantosa quando comparada aos R$ 85,4 bilhões de 2009. Os gastos
correspondem atualmente a 1,2% do PIB ou 2,3% das despesas totais da União, dos
estados e dos municípios. Não há Justiça mais cara no mundo. O gasto do Brasil
com tribunais e atividades jurídicas supera o de outros 36 países analisados
pelo Tesouro Nacional numa pesquisa publicada em janeiro. Como proporção do
PIB, é mais que o quádruplo do que gastam África do Sul, Espanha, Alemanha,
Portugal, Itália, Israel, Austrália, Tailândia, Estônia ou França.
No Judiciário, as despesas com pessoal são
responsáveis por 90% do total. Nessa conta estão a remuneração de magistrados,
servidores, inativos, terceirizados, uma infinidade de auxílios, diárias,
passagens ou gratificações. Somente em 2023 foram gastos R$ 11,1 bilhões em
benefícios, como auxílio-alimentação e auxílio-saúde, algo inimaginável para a
imensa maioria dos servidores públicos (que dizer para o setor privado?).
Apesar de esse ser um quadro conhecido,
tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) restaurando
reajustes automáticos a cada cinco anos para juízes e promotores, a PEC do
Quinquênio. A prática foi extinta há 18 anos por boas razões. As duas
categorias estão entre as mais bem remuneradas do serviço público. O reajuste
automático, sem relação com desempenho, não tem cabimento. Se a PEC for
aprovada como está, o governo estima um impacto de R$ 82 bilhões nas contas
públicas em quatro anos. Em qualquer circunstância, a voracidade do Judiciário
por recursos seria injustificável. É ainda mais agora, com o país enfrentando
uma crise fiscal grave. A população brasileira não cresce na mesma proporção do
gasto com a Justiça. Em 2009, ele era de R$ 447,52 per capita, segundo o CNJ.
De lá para cá, subiu na maioria dos anos até chegar a R$ 653,70.
É indiscutível que a Justiça brasileira
recebe um volume descomunal de processos a cada ano — foram 35 milhões em 2023,
sobretudo na esfera estadual. Também é fato que a Constituição judicializa toda
sorte de comportamento ou atividade. Por fim, é notável que, com quase 84
milhões de processos em tramitação, o Judiciário tenha obtido um salto nada
desprezível de 6,9% na produtividade em 2023. Mesmo assim, apenas 30% dos
processos são encerrados no ano em que são abertos. Os ganhos de produtividade
não justificam a gastança. O ritmo de crescimento dos gastos desde 2009 é
superior ao do aumento anual de decisões.
A iniciativa do CNJ de publicar números
anuais sobre o Judiciário é um passo indispensável. A maioria dos juízes são
servidores comprometidos com um serviço público de qualidade e empenhados no
trabalho. É importante que prossigam na conquista necessária de mais
produtividade e agilidade. Mas é fundamental que essa produtividade também
reverta em redução de custos, como em qualquer organização do setor privado.
Entre as medidas desejáveis estão o fim de regalias, como férias de mais de 30
dias, folgas estendidas, auxílios e penduricalhos salariais de todo tipo. A
agilidade maior nos processos deveria se refletir na redução do custo da
Justiça.
Câmara do Rio nem deveria discutir proposta
que legaliza ilegalidade futura
O Globo
Regularizar projetos mediante taxa conhecida
por ‘mais valerá’ é incentivo ao caos urbano e ao desrespeito à lei
Depois de aprovar um novo Plano Diretor com
diretrizes para nortear o crescimento do Rio por dez anos, a Câmara Municipal
carioca volta a debater um Projeto de Lei Complementar (PLC) que autoriza a
regularização de construções irregulares com o pagamento de contrapartidas. A
proposta beneficia não só o que foi construído violando a lei (mediante a taxa
conhecida como “mais valia”), mas até ilegalidades futuras (pagando outra taxa
batizada “mais valerá”). Além do desatino urbanístico, trata-se de incentivo
evidente à ilegalidade.
O rol de irregularidades que poderão ser
legalizadas inclui pavimento extra de cobertura, ampliação de áreas e potencial
construtivo, inclusão de unidades habitacionais em edifícios, fechamento de
varandas etc. Como o projeto permite legalizar o que ainda será construído, a
Prefeitura passa a lucrar com a desordem futura. A tentativa de aumentar a
arrecadação deteriora, portanto, a qualidade de vida na cidade. Os parâmetros
estabelecidos pelos legisladores levando em conta densidade demográfica, fluxo
de trânsito, infraestrutura, meio ambiente ou paisagem poderão ser desprezados
se o proprietário ou construtor tiverem dinheiro para pagar pela ilegalidade.
Para quem não tiver, valerá o rigor da lei.
“Mais valia e mais valerá são aberrações do
ponto de vista urbanístico. A mais valerá então é bizarra”, diz o presidente do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de
Janeiro (CAU), Sydnei Menezes. “Para a arrecadação pode ser
bom, mas o impacto urbanístico é terrível.” Costuma-se alegar que o objetivo
dessas leis recorrentes é permitir legalizar construções sem necessidade de
demolição. Mas a Prefeitura não parece preocupada com quem ergueu um
“puxadinho” — que dificilmente teria dinheiro para pagar a contrapartida —, e
sim com as incorporadoras que poderão construir além do permitido pagando pela
ilegalidade futura. “Por que não inclui tudo isso na regra geral?”, questiona o
vereador Pedro Duarte (Novo), integrante da comissão especial que discutiu a
revisão do Plano Diretor. “Cria-se uma barreira, depois libera-se pensando
apenas na arrecadação. Mais valerá é um absurdo. Causa insegurança jurídica e
atrapalha o panejamento da cidade.”
Um dos muitos problemas do projeto é reforçar
a cultura da ilegalidade. Não há estímulo para o cidadão respeitar a lei. Ao
contrário, a própria Prefeitura mostra que não há problema em desrespeitar as
regras, pois cedo ou tarde é possível regularizar o caos pagando
contrapartidas. De forma errática, o poder público transfere ao morador o ônus
de planejar e ordenar a cidade.
A Câmara de Vereadores precisa barrar esse descalabro. A cidade necessita de leis claras, duradouras e abrangentes, que priorizem a qualidade de vida. Não faz sentido existir uma lei permissiva para quem pode pagar e outra para quem não pode. A Prefeitura, que deveria combater a desordem, é a primeira a abrir as portas à bagunça. Degradar a cidade anistiando irregularidades pode render dinheiro aos cofres municipais, mas o prejuízo urbanístico recai sobre o cidadão. E o pior: para sempre.
Mesmo com receita crescente, déficit primário
anual piora
Valor Econômico
Não é improvável que, diante da iminência de um fracasso em atingir a meta fiscal, o governo a mude de novo
As receitas federais estão crescendo em um
forte ritmo - só são superadas, por boa distância, pelo avanço das despesas. O
governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) teve superávit de
R$ 11,1 bilhões em abril, com a arrecadação subindo 7,8%, já descontada a
inflação. Mesmo assim, esse foi o quarto pior resultado mensal de toda a série
histórica. Nos primeiros quatro meses do ano, com a boa dose de arrecadação
obtida, o déficit das contas, que incluem a Previdência, está subindo. O resultado
negativo em 12 meses em dezembro de 2023 foi de R$ 230,5 bilhões (2,12% do PIB)
e se elevou agora para R$ 253,4 bilhões (2,23% do PIB). O motivo é a corrida
dos gastos, que no quadrimestre subiram 12,6% acima da inflação, na comparação
com os 8,9% das receitas líquidas (exclui transferências) no mesmo período.
O peso maior do ritmo de elevação das
despesas recai sobre os regimes previdenciários, cujo rombo, de janeiro a
abril, aumentou para R$ 92,9 bilhões, 12,6% acima da inflação. Os rombos dos
regimes previdenciários civis, dos servidores públicos e dos militares, em 12
meses encerrados em abril, atingiram R$ 435,8 bilhões (4,1% do PIB). A pressão
maior veio do regime geral, cujo pagamento de benefícios foi R$ 85,3 bilhões
maior, enquanto a arrecadação própria não evoluiu nem a metade disso (R$ 36,4
bilhões).
O nível atual de despesas, em 12 meses, é de
20,1% do PIB, já superior ao do período pré-pandemia - o mesmo ocorreu com os
gastos obrigatórios, de 18,1% do PIB. Segundo o secretário do Tesouro, Rogério
Ceron, a antecipação do pagamento do 13º salário dos aposentados elevou as
despesas em R$ 38 bilhões no primeiro quadrimestre. No ano, fora os benefícios
previdenciários, outros gastos têm realce. O governo antecipou o pagamento dos
precatórios, cuja conta foi de R$ 30,7 bilhões. Esses gastos estão excluídos da
meta fiscal até 2026, inclusive. Os benefícios de prestação continuada da Loas
consumiram no período R$ 35,5 bilhões, com avanço real de 17,6%.
O início do ano foi o melhor período da
arrecadação federal, com crescimento do emprego, da massa salarial e do
consumo, desempenho que não deve se repetir. A economia deve esfriar um pouco
nos próximos meses, ainda como efeito das altas taxas de juros. Mesmo a
previsão mais otimista, a do governo, indica um crescimento de 2,5%, inferior
aos 2,9% de 2023. Boa parte das apostas para o PIB do primeiro trimestre é
positiva, com evolução de até 0,8%. Se, em um período favorável para a
atividade, conjugado ao aumento de impostos aprovado pelo Congresso, as contas
públicas não estão caminhando para o déficit zero, as chances de que o farão no
resto do ano são bem menores.
O governo conta com outras receitas, fruto do
pacote de medidas para elevar a arrecadação. A volta do voto de minerva para a
Receita nas decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que
reverteria parte dos julgamento desfavoráveis ao Tesouro, e a criação de
mecanismos para a realização de acordos com grandes devedores, as transações
tributárias, deveriam trazer para os cofres públicos R$ 97,8 bilhões. A lei
orçamentária estimava ganhos de R$ 54,7 bilhões no caso da mudança no Carf e de
R$ 43,1 bilhões no caso das transações. Até o fim de abril, porém, ingressaram,
respectivamente, R$ 6 bilhões e R$ 13 bilhões (O Globo, 28 de maio),
confirmando provisoriamente a avaliação de analistas privados de que as
previsões de receitas oficiais estão superestimadas.
A evolução das contas públicas mostra o ponto
fraco do regime fiscal, concebido desde o início para impulsionar gastos,
dentro de certos limites (0,6% a 2,5% reais). A troca do teto de gastos, que
não permitia aumento real das despesas, a despeito do desempenho das receitas,
pelo novo regime fiscal, que não controla despesas e as estimula quanto maior
for a arrecadação, piorou o resultado fiscal. O novo esquema trouxe a impressão
inicial, que desvanece, de que o aumento do endividamento público cresceria menos
e mais devagar. Mas as despesas apresentam agora crescimento real superior ao
da média do período 1996-2014 (entre 6,2% e 7% acima da inflação, segundo o
Ipea).
Para 2025, as despesas possivelmente serão
corrigidas pelo teto. A receita ajustada, que serve de parâmetro para o
percentual de aumento real de gastos, calculada entre julho de 2023 e junho de
2024 está em alta e registrou até abril avanço de 5,22%. Dificilmente cairá
abaixo de 3,7%, limiar que ratifica os 2,5%. Isso só não ocorrerá se o governo
descumprir sua meta de déficit zero, o que o obrigará a reduzir a proporção de
aumento das despesas em relação ao aumento de receitas a 50% em 2025. Antes de
completar o primeiro ano de vigência, o governo afrouxou a meta de 0,5% de
superávit a valer em 2025, para zero de novo.
Não é improvável que, diante da iminência de um fracasso em atingir a meta - os analistas privados não contam com um déficit inferior a 0,25% do PIB e preveem resultados negativos em todos os anos até o fim do mandato de Lula -, o governo faça nova mudança que o desobrigue de conter as despesas. Afinal, essa nunca foi a função do novo regime fiscal.
Vem aí a Arrozbrás
O Estado de S. Paulo
A título de baratear o arroz, o governo,
tomado de saudade do controle artificial de preços nos anos 80, vai importar o
produto e vendê-lo, com sua logomarca, diretamente nos supermercados
O Brasil vai importar 1 milhão de toneladas
de arroz para vender o produto diretamente nos supermercados, a preços
tabelados e subsidiados, em uma embalagem própria com a logomarca do governo
federal. Poderia ser a principal notícia de um jornal publicado na década de
1980 – época em que se tentava conter a inflação desembestada por meio da
mágica do controle de preços –, mas foi a manchete do Estadão na
última terça-feira.
Essa incrível volta ao passado é mais uma
realização do presidente Lula da Silva. O petista disse que ficou “nervoso” e
“um pouco irritado” com o avanço dos preços do arroz nos supermercados e
resolveu agir intempestivamente para evitar que as cheias no Rio Grande do Sul
esvaziassem as prateleiras dos mercados. “Arroz e feijão é uma coisa que nós,
brasileiros, não sabemos e não queremos abrir mão”, disse Lula da Silva.
Como se sabe, o Rio Grande do Sul é o maior
produtor de arroz e responde por 70% do abastecimento nacional, e havia o
receio de que o caos que se instalou no Sul poderia afetar a safra e levar os
preços do produto às alturas. Nada disso se materializou. A escassez de arroz
nas gôndolas foi algo momentâneo, fruto do pânico de parte da população, das
barreiras em estradas e das dificuldades para emissão de notas fiscais no auge
das inundações. Todas as questões já foram sanadas, razão pela qual os preços já
começaram a recuar.
Ademais, quase toda a safra gaúcha já havia
sido colhida antes das chuvas, e a própria Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) já havia apontado que a produção deste ano iria superar a do ano
passado em mais de 600 mil toneladas. Havia excedente, inclusive, para exportar
o grão para outros mercados.
Mas o governo federal, movido por
voluntarismo e interesses eleitoreiros, não poderia permanecer inerte. Nas
últimas semanas, editou várias medidas provisórias para fazer da crise uma
oportunidade política. Destinou R$ 6,7 bilhões à Conab e autorizou a estatal,
pela primeira vez em sua história, a fazer a operação completa – desde a
importação de arroz até a venda do produto diretamente aos supermercados.
Com essa decisão tresloucada, o Executivo
conseguiu o oposto do que queria. De imediato, os preços do arroz dispararam
30% por culpa do próprio governo, que elevou artificialmente a demanda do
produto ao anunciar que faria leilões públicos para comprar o equivalente a 10%
do consumo anual brasileiro.
Incapaz de reconhecer o nexo causal entre uma
coisa e outra, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, acusou os países do
Mercosul de especular com a tragédia, gerando um incidente internacional
completamente dispensável com o Uruguai. Irrefreável, o governo anunciou a
isenção do imposto de importação sobre o arroz produzido fora do bloco
comercial até o fim deste ano, sem ao menos ter o cuidado de estabelecer uma
cota.
As entidades do setor arrozeiro pediram ao
Ministério da Agricultura que revisse suas decisões, mas o apelo não comoveu o
governo, a despeito dos prováveis efeitos negativos para os produtores gaúchos.
Zerar a alíquota de importação e anunciar
leilões públicos sem cota já seria suficiente para desestimular plantios
futuros, mas tabelar o arroz em R$ 4 por quilo, valor inferior ao preço médio
do produto, vai derrubar a rentabilidade dos produtores gaúchos, sobretudo os
pequenos e médios.
Entre as várias medidas que o Executivo
poderia adotar para ajudar a economia gaúcha a se recuperar, o governo parece
ter escolhido as piores. Não parece ser algo acidental.
O Executivo já tinha manifestado a intenção,
em meados do ano passado, de intervir nos preços de alimentos por meio da
retomada da política de estoques reguladores pela Conab, como destacou o
economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul
(Farsul), Antonio da Luz, em entrevista à Globonews. Como ele mesmo disse, é
até cruel utilizar a tragédia gaúcha como pretexto para fazer o que já se
pretendia.
Não faltará arroz no mercado, garantem os
produtores gaúchos, mas falta muito pudor ao governo federal. Agora, para
completar o revival dos anos 80, só falta mesmo convocar a população
a denunciar os estabelecimentos que praticarem preços mais altos.
Educação errática em São Paulo
O Estado de S. Paulo
Avaliação das escolas estaduais mostra piora da educação paulista em 2023 e inspira dúvidas sobre a natureza e a eficácia das mudanças que o governo tem feito pela aprendizagem
O Estadão mostrou esta semana que o
Estado mais rico do Brasil, onde estão as melhores universidades do País e
alguns dos mais renomados especialistas em educação, tem falhado gravemente na
formação de seus estudantes. Os resultados da avaliação da rede estadual de São
Paulo, o Saresp, demonstram que o desempenho piorou no primeiro ano da gestão
do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na educação básica: a média
dos alunos em 2023, nos anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano),
caiu dez pontos em Português e três pontos em Matemática, se comparados a 2022.
Também aumentou o número de alunos nos níveis básico e abaixo do básico,
considerados insuficientes, enquanto a maioria dos estudantes no 9.º ano não
consegue nem localizar os argumentos de um artigo de opinião nem resolver
equações de 2.º grau, competências apontadas como adequadas para a série.
Ainda não é possível saber se os números
desabonadores de São Paulo seguem uma tendência nacional, se são um (mau)
resultado isolado ou qual o patamar relativo em relação ao restante do País.
Afinal, a avaliação nacional da educação básica de 2023 ainda não foi divulgada
pelo Ministério da Educação. À essa altura, no entanto, isso importa menos. É
mais grave saber que, passado o vendaval da pandemia de covid-19 (quando o
Brasil foi o País que mais tempo deixou as escolas fechadas, causando prejuízos
incalculáveis para a aprendizagem de crianças e jovens), São Paulo não apenas
não conseguiu voltar aos padrões pré-pandemia, como viu seus números se
agravarem: por aqui, os resultados voltaram a patamares de dez anos atrás e
ainda são piores do que os registrados imediatamente após a pandemia.
Como afirmaram especialistas insuspeitas
ouvidas pela repórter Renata Cafardo, mesmo que outros Estados tenham piorado,
São Paulo tinha a obrigação de exibir melhores números – ainda que, como
conforme destacou o governo estadual, tenha havido melhora nos anos iniciais do
fundamental, uma responsabilidade dos municípios. A inquietação, contudo, vai
além dos números. Desde o início do atual mandato, a gestão educacional de São
Paulo tem colecionado polêmicas questionáveis. Propostas singulares, de eficácia
incerta e típicas de quem deseja selar uma marca própria, somam-se a simples
estultices. Exemplo disso foi o empenho do secretário estadual de Educação,
Renato Feder, de abolir os livros didáticos tradicionais. Comparando a sala de
aula a “uma grande TV” – expressão que usou em entrevista ao Estadão, em agosto
do ano passado –, Feder pregou a sua substituição por slides em PowerPoint,
convertidos numa espécie de apostila online para que os alunos se saiam bem nas
provas.
Outra “marca” da gestão até aqui foi a ideia,
já transformada em lei sancionada pelo governador, de instituir as escolas
cívico-militares na rede estadual. Pelo projeto, os municípios ficam
autorizados a adotar o modelo em suas próprias redes, além de permitir que
policiais militares da reserva possam desenvolver “atividades
extracurriculares” nas escolas. Trata-se de um agrado evidente ao ex-presidente
Jair Bolsonaro e ao bolsonarismo, convictos que são de que a condução
pedagógica militar é a mais conveniente para os jovens brasileiros. Para esses
saudosos da ditadura, as escolas públicas de hoje são antros de indisciplina e
incubadoras de esquerdistas, e só a rigidez militar seria capaz de pôr ordem
nessa balbúrdia e instilar valores como respeito à hierarquia e à disciplina.
Em contrapartida, pouco ou nada se viu sobre
outras prioridades que reconhecidamente têm efeito positivo sobre a
aprendizagem, como o aumento das escolas em tempo integral, o foco na
recuperação da aprendizagem abalada pela pandemia e o diálogo com professores e
coordenadores das escolas públicas. Em nota, o governo estadual garante que tem
realizado “mudanças importantes para melhorar o processo de aprendizagem”. Não
há razão para duvidar. O problema a discutir agora é a natureza e a eficácia de
tais mudanças, porque, segundo os números apresentados, a qualidade tem sido
obliterada por uma estratégia que decididamente não está dando certo.
Educação errática em São Paulo
O Estado de S. Paulo
Avaliação das escolas estaduais mostra piora
da educação paulista em 2023 e inspira dúvidas sobre a natureza e a eficácia
das mudanças que o governo tem feito pela aprendizagem
O Estadão mostrou esta semana que o
Estado mais rico do Brasil, onde estão as melhores universidades do País e
alguns dos mais renomados especialistas em educação, tem falhado gravemente na
formação de seus estudantes. Os resultados da avaliação da rede estadual de São
Paulo, o Saresp, demonstram que o desempenho piorou no primeiro ano da gestão
do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na educação básica: a média
dos alunos em 2023, nos anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano),
caiu dez pontos em Português e três pontos em Matemática, se comparados a 2022.
Também aumentou o número de alunos nos níveis básico e abaixo do básico,
considerados insuficientes, enquanto a maioria dos estudantes no 9.º ano não
consegue nem localizar os argumentos de um artigo de opinião nem resolver
equações de 2.º grau, competências apontadas como adequadas para a série.
Ainda não é possível saber se os números
desabonadores de São Paulo seguem uma tendência nacional, se são um (mau)
resultado isolado ou qual o patamar relativo em relação ao restante do País.
Afinal, a avaliação nacional da educação básica de 2023 ainda não foi divulgada
pelo Ministério da Educação. À essa altura, no entanto, isso importa menos. É
mais grave saber que, passado o vendaval da pandemia de covid-19 (quando o
Brasil foi o País que mais tempo deixou as escolas fechadas, causando prejuízos
incalculáveis para a aprendizagem de crianças e jovens), São Paulo não apenas
não conseguiu voltar aos padrões pré-pandemia, como viu seus números se
agravarem: por aqui, os resultados voltaram a patamares de dez anos atrás e
ainda são piores do que os registrados imediatamente após a pandemia.
Como afirmaram especialistas insuspeitas
ouvidas pela repórter Renata Cafardo, mesmo que outros Estados tenham piorado,
São Paulo tinha a obrigação de exibir melhores números – ainda que, como
conforme destacou o governo estadual, tenha havido melhora nos anos iniciais do
fundamental, uma responsabilidade dos municípios. A inquietação, contudo, vai
além dos números. Desde o início do atual mandato, a gestão educacional de São
Paulo tem colecionado polêmicas questionáveis. Propostas singulares, de eficácia
incerta e típicas de quem deseja selar uma marca própria, somam-se a simples
estultices. Exemplo disso foi o empenho do secretário estadual de Educação,
Renato Feder, de abolir os livros didáticos tradicionais. Comparando a sala de
aula a “uma grande TV” – expressão que usou em entrevista ao Estadão, em agosto
do ano passado –, Feder pregou a sua substituição por slides em PowerPoint,
convertidos numa espécie de apostila online para que os alunos se saiam bem nas
provas.
Outra “marca” da gestão até aqui foi a ideia,
já transformada em lei sancionada pelo governador, de instituir as escolas
cívico-militares na rede estadual. Pelo projeto, os municípios ficam
autorizados a adotar o modelo em suas próprias redes, além de permitir que
policiais militares da reserva possam desenvolver “atividades
extracurriculares” nas escolas. Trata-se de um agrado evidente ao ex-presidente
Jair Bolsonaro e ao bolsonarismo, convictos que são de que a condução
pedagógica militar é a mais conveniente para os jovens brasileiros. Para esses
saudosos da ditadura, as escolas públicas de hoje são antros de indisciplina e
incubadoras de esquerdistas, e só a rigidez militar seria capaz de pôr ordem
nessa balbúrdia e instilar valores como respeito à hierarquia e à disciplina.
Em contrapartida, pouco ou nada se viu sobre
outras prioridades que reconhecidamente têm efeito positivo sobre a
aprendizagem, como o aumento das escolas em tempo integral, o foco na
recuperação da aprendizagem abalada pela pandemia e o diálogo com professores e
coordenadores das escolas públicas. Em nota, o governo estadual garante que tem
realizado “mudanças importantes para melhorar o processo de aprendizagem”. Não
há razão para duvidar. O problema a discutir agora é a natureza e a eficácia de
tais mudanças, porque, segundo os números apresentados, a qualidade tem sido
obliterada por uma estratégia que decididamente não está dando certo.
Metrô desafia a paciência
O Estado de S. Paulo
Se tudo der certo, a Linha 6 será entregue
com quase dez anos de atraso, um evidente absurdo
Ainda carente de uma rede metroviária à
altura do tamanho, da importância e do poder econômico da cidade de São Paulo,
o paulistano poderá ter de esperar mais tempo para entrar na Estação
Brasilândia, na região noroeste, e desembarcar 23 minutos depois na Estação São
Joaquim, no centro. A demora se deve a mais um entre tantos entraves para o
andamento das obras da Linha 6-Laranja do Metrô, que deveria ter sido entregue
em 2018 e agora só deve ficar pronta, se nada mais acontecer, talvez em 2027.
Segundo a concessionária Linha Uni –
referência ao fato de o ramal passar por universidades como PUC, Faap,
Mackenzie e FGV –, o empreendimento enfrenta problemas geológicos não
previstos. Com isso, somam-se 1.096 dias de atraso sobre o cronograma – ou seja,
mais três anos, o que pode jogar a conclusão para 2028.
Há 20 anos já se falava da Linha-6 nos
noticiários, quando a Prefeitura de São Paulo transferiu recursos ao Estado
para serem usados no projeto. Vencedor da licitação da parceria público-privada
para construir e operar a linha, o consórcio Move São Paulo assinou o contrato
em 2013 com o governo estadual. As escavações foram iniciadas em 2015, mas
paralisadas no ano seguinte. Formado por Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC
Engenharia e um fundo de investimentos, o consórcio ficou sem caixa e linhas de
crédito após as construtoras protagonizarem o escândalo revelado pela Lava
Jato. Em 2019, o conglomerado espanhol Acciona Construcción, que lidera o atual
consórcio, assumiu o empreendimento.
Rompimento de contrato, acidente em canteiro,
achados arqueológicos pelo caminho e agora, segundo a Linha Uni em documento
enviado à gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), rochas e condições de solo
não abordadas pelos estudos de geologia realizados para lançar a licitação
estão entre os obstáculos para o cumprimentos de prazos. E são muitos os
prazos. Ao longo de todo o histórico da Linha 6, registram-se ao menos cinco
diferentes previsões de entrega: 2018, 2020, 2021, 2025 e, agora, 2027. Não se
pode condenar quem esteja cético quanto a este novo prazo.
A gestão Tarcísio tenta mitigar o atraso, com
a entrega de um primeiro trecho (de Brasilândia a Perdizes) em 2026, e o
restante ficaria para o ano seguinte. A Linha Uni já pediu ao Estado um
adicional de R$ 230 milhões. Toda a obra custará mais de R$ 18 bilhões.
Com o pleito da Linha Uni e a ideia de
reduzir o prazo, o custo vai aumentar. O secretário executivo da Secretaria de
Parcerias em Investimentos, André Isper Rodrigues Barnabé, afirmou ao Estadão
que o dinheiro não sairá só dos cofres públicos, uma vez que o contrato prevê
compartilhamento de riscos. “A concessionária só vai ter receita quando começar
a operar. Se, por um lado, a obra vai custar mais caro, por outro, encurtando o
prazo, a concessionária começa a ter receita antes. A alternativa de acelerar o
cronograma é vantajosa para o Estado, a concessionária e o usuário”, disse
Barnabé. Gasto no escuro, uma vez que, segundo ele, não é possível estimar
custos.
A Linha 6 terá 15,3 km e 15 estações. A estimativa é atender 633 mil passageiros, que, enquanto esperam, continuarão a gastar 90 minutos para fazer o mesmo trajeto de ônibus – perda de tempo, de dinheiro e de paciência.
Jovens brasileiros ansiosos
Correio Braziliense
A dependência digital merece atenção dentro e
fora de casa. O equipamento que facilita o acesso a informações e conteúdos
didáticos também alimenta o vício em outros conteúdos acessados pela internet
Eles são maioria quando o tema é ansiedade.
Os números vêm mostrando isso, e é preciso tentar entender as razões e evitar
que fiquem ainda piores. A pesquisa nacional desenvolvida em 2023 pelo
Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não
Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) mostrou que um terço
(31,6%) de jovens entre 18 e 24 anos é ansioso, o que chancela essa geração
como a líder da ansiedade entre todas as faixas etárias no Brasil. Foram
ouvidas 9 mil pessoas por telefone entre janeiro e abril do ano passado, das
quais 12,7% relataram terem sido diagnosticadas com depressão. Já entre as
mulheres, a porcentagem é de 18,1%.
Mas o que poderia explicar essa explosão de
ansiosos nos últimos anos? Para os especialistas, dois fatos estão
intrinsecamente ligados. São eles: a pandemia da covid-19 e o excessivo uso de
telas. Diariamente, um brasileiro gasta, em média, 9 horas e 32 minutos em
frente a celulares, tablets, computadores ou qualquer outra tecnologia que
emite imagens.
Se pararmos para pensar que o isolamento
social durou cerca de dois anos (entre idas e vindas) e que os brasileiros
ocupam o segundo lugar no ranking de maiores usuários de telas do mundo,
perdendo apenas para os sul-africanos, talvez consigamos entender as
estatísticas envolvendo jovens e a relação entre quadros de ansiedade, síndrome
do pânico, depressão e até mesmo suicídio.
O ambiente escolar, espaço de interação e
troca de vivências entre crianças e adolescentes, foi transferido para um
quarto habitado muitas vezes por apenas uma pessoa que se comunicava com o
professor e parte dos colegas digitalmente. E muitos sequer abriam suas
câmeras, ou seja, preferiam permanecer invisíveis. Quantos pais foram obrigados
a participar mais ativamente da alfabetização dos próprios filhos no pico da
pandemia, quando não havia nenhuma sinalização de que a covid-19 se
transformaria em doença crônica? Outro dado que mostra essa relação é que
de 2019 a 2022 (fim do isolamento social) houve um crescimento de 89% de
brasileiros entre 9 e 17 anos usando a internet constantemente.
Os prejuízos vieram a galope. Estudiosos
sempre citam o conteúdo disponibilizado pelos meios eletrônicos como altamente
viciante e envolvente - seja por meio de games, vídeos ou outros temas que
apelam para a violência e para as bizarrices. No caso de crianças mais novas,
as telas coloridas tornam-se fascinantes, o que leva os pais a adquirirem algum
equipamento eletrônico para "entreter" o filho recém-chegado ao mundo
digital.
Não é à toa que neurologistas, psicopedagogos
e pesquisadores relatam prejuízos causados pelo uso exacerbado de telas, como
pesadelos, falta de sono, angústia, problemas visuais (inclusive miopia),
auditivos, de postura, transtornos alimentares, distúrbios mentais e, por que
não, ansiedade. Em casos mais graves, assistimos a episódios corriqueiros de
ciberbullying e, em menor grau, de estresse pós-traumático.
A dependência digital merece atenção dentro e fora de casa. O equipamento que facilita o acesso a informações e conteúdos didáticos também alimenta o vício em outros conteúdos acessados pela internet. Discussões sobre restrições ao uso de celular em sala de aula, por exemplo, não podem ser ignoradas. Incentivo a atividades ao ar livre e em grupos também não. São questões já bastante conhecidas e defendidas por especialistas, que soam até como ladainha.
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