quarta-feira, 29 de maio de 2024

Assis Moreira - Desemprego no Brasil continuará a cair, projeta OIT

Valor Econômico

Haverá ligeira baixa do desemprego mundial neste ano, mas preocupação persiste sobre desigualdades

A taxa de desemprego no Brasil continuará em queda neste ano e em 2025, mas ainda ficará acima da média global, pelas projeções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A estimativa da organização global que estabelece normas em vista de emprego e renda decentes é de a taxa de desemprego diminuir no Brasil para 7,8% neste ano e para 7,6% no ano que vem, comparado a 8,0% no ano passado e 13,7% em 2020 na crise de covid-19.

Projeções sobre o Produto interno Bruto (PIB) do país pelo Banco Mundial apontam alta de 1,7% neste ano e de 2,2% no ano que vem.

Ocasionalmente, pode haver pequenas diferenças entre as estimativas da OIT e as fontes nacionais em razão de 'processamento e harmonização' de dados. Recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou alta de 0,5 ponto percentual no primeiro trimestre, com a taxa de desemprego no país alcançando 7,9%, o que significa 8,6 milhões de pessoas sem emprego.

Globalmente, a previsão é de ligeira baixa do desemprego mundial neste ano, mas a lentidão de progressos para reduzir as desigualdades é considerada ‘preocupante’, destaca a OIT em novo relatório sobre as perspectivas sociais e do emprego no mundo, publicado hoje.

A taxa mundial de pessoas sem emprego é projetada em 4,9% neste ano comparado a 5,0% no ano passado - e a 7,8% esperada no Brasil. A projeção anterior da OIT era de desemprego mundial de 5,2% para 2024. A tendencia é de o desemprego se estabilizar em 4,9% também em 2025.

O relatório não inclui dados por país, mas apenas por região. Nas Américas, a taxa continuará em 5,3%. Na Europa e Ásia Central, baixa de 5,7% no ano passado para 5,6% neste ano. Na Ásia e Pacífico, fica estável em 4,2%. Na África, diminui de 6,4% para 6,3%. E somente nos países árabes aumenta, de 9,9% para 10,3% e a mais alta entre as regiões.

A projeção de crescimento econômico global de 3,2% neste ano é consistente com resultados dos primeiros meses do ano. A inflação global está em diminuição, o que tende a mitigar a erosão dos salários reais vista em anos recentes. Para a OIT, essa estabilização do ambiente macroeconômico está se transladando para perspectivas relativamente estáveis no mercado de trabalho. No entanto, as projeções mostram que os salários reais continuam ligeiramente abaixo dos níveis de 2019 globalmente, apesar de altas reais em algumas economias emergentes.

Para o médio prazo, a OIT descreve uma situação incerta com ajustes significativos esperados em escala global nas políticas monetária e fiscal. Isso é particularmente relevante para o emprego. Políticas macroeconomicas restritivas terão um efeito retardado sobre o mercado de trabalho. Além disso, persistem vulnerabilidades que limitam uma melhora mais ampla no emprego, diante de conflitos, insegurança alimentar, crise do custo de vida, endividamento em alta e restrições fiscais.

Mesmo se o desemprego tende a cair proximamente, a falta persistente de mais oportunidades de trabalho inquieta. A OIT estima que o ‘deficit de emprego’, que mede o número de pessoas sem emprego embora queiram trabalhar, alcança 402 milhões de pessoas em 2024. Essa cifra inclui 183 milhões de pessoas contabilizadas como desempregados.

Ao mesmo tempo, o progresso na redução da pobreza e da informalidade desacelerou em relação à década precedente. O número de trabalhadores ocupando um emprego informal, sem proteção social, passou de 1,7 bilhão em 2005 para 2,0 bilhões neste ano.

 

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