Folha de S. Paulo
Karin Khan pediu prisão de três líderes do
Hamas e de Netanyahu
Visitando uma amiga querida, bati o olho em
um de seus ímãs de geladeira. Ao lado de um mapa que juntava, numa única mancha
vermelha, os territórios de Israel,
a Faixa de Gaza e
as disputadas áreas da Cisjordânia, uma palavra de ordem: "Palestina livre".
Essa a versão compacta do slogan desafiador "Do rio ao mar, a Palestina será livre" que me impede de simpatizar com as manifestações contra a guerra que sacodem universidades americanas, europeias e, como seria de esperar, a brasileira USP.
Todos quantos se horrorizam, seja com a violência indiscriminada da resposta de Tel-Aviv à abominável incursão do Hamas em outubro passado, seja com a ambiguidade dos protestos que incluem juras de morte a Israel —seja, enfim, com as cenas explícitas de antissemitismo—, devem ter recebido com alívio as notícias vindas do TPI (Tribunal Penal Internacional).
Na segunda-feira (20), Karin Khan, procurador
daquela corte, pediu a
prisão de três líderes do Hamas (Yahya Sinwar, chefe da
organização no enclave; Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, comandante de sua ala
militar; Ismail Hanyieh, chefe do seu escritório político). Pediu idêntica
providência em relação ao primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e
ao ministro da Defesa do país, Yoav Gallant —aqueles e estes igualmente
acusados de crimes de
guerra e crimes contra a humanidade.
Acolhida a solicitação, será decretada a
prisão dos cinco, que assim poderão ser detidos em qualquer um dos 123 países
signatários do Estatuto de Roma, que criou o TPI, em 2002, para processar
acusados daqueles crimes —e de genocídio.
Mas há obstáculos de sobra. A Corte de Haia,
como o tribunal ficou conhecido, é o ponto mais alto a que se chegou na
institucionalização do princípio da universalidade dos direitos básicos das
pessoas e da possibilidade de fazê-los respeitados em qualquer circunstância,
acima das fronteiras nacionais. Por isso mesmo o TPI não é reconhecido pelas
grandes potências —e também por Israel. Sua eficácia depende das realidades do
poder e dos cálculos geopolíticos que movem a interação dos países.
Mesmo que não leve à punição dos denunciados,
a iniciativa do procurador Khan contribui para restabelecer as balizas morais
derrubadas por defensores viscerais de palestinos e israelenses. Sua denúncia
reconhece que os dois lados do conflito têm demandas legítimas por justiça e
que a lei deve protegê-los igualmente.
A saída —se é que haverá algo que se lhe
pareça— para estabelecer o convívio pacífico entre os dois povos, divididos
pelo rancor e desprezo mútuos, começa com o reconhecimento dessa verdade
elementar.
Um comentário:
DEMOROU! O procurador do TPI deixou passar 6 meses de massacres diários dos militares israelenses pra reconhecer os crimes de guerra cometidos por Netanyahu e seus ministros DESDE O ANO PASSADO! Depois de mais de 35 mil palestinos assassinados pelas bombas e pelos foguetes israelenses (fabricadas e cedidas pelos estadunidenses!) sobre as residências palestinas, o procurador finalmente compreendeu o que acontece naquele inferno criado por Israel. O GENOCIDA Netanyahu ainda vai pagar por todos os CRIMES QUE COMETEU!
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