O Globo
Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível
confere densidade ao relacionamento com o nosso maior parceiro comercial
Desde o começo de seu mandato, o
presidente Lula vem
se dedicando ao exercício da diplomacia presidencial. A exemplo de seus
governos anteriores, sua postura ativa e altiva na condução de nossa política
externa tem se traduzido em ganhos concretos para o Brasil, tanto na
reconstrução de suas credenciais, no estabelecimento de parcerias, como na
captação de recursos financeiros. Em apoio à atuação presidencial, a
Vice-Presidência da República tem também buscado contribuir para esse esforço.
Nos dias 4, 5, 6 e 7 de junho, realizamos uma importante missão a Pequim, por ocasião da VII Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban). Estabelecida em 2004, no primeiro mandato do presidente Lula, a comissão é copresidida pelos vice-presidentes de Brasil e China, sendo nosso mecanismo de diálogo e cooperação mais abrangente. Dividida em 11 subcomissões, que cobrem grande número de temas, como agricultura, comércio e tecnologia, a Cosban confere densidade, eficiência e continuidade ao relacionamento do Brasil com nosso maior parceiro comercial.
Os laços com a China ganharam tamanha
envergadura que os encontros bienais da Cosban se tornaram catalisadores de uma
série de eventos entre empresários brasileiros e chineses, que se organizam por
meio de instituições como o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
A reunião da Cosban deste ano,
especificamente, teve grande significado, seja porque completamos 50 anos das
relações diplomáticas entre nossos países e 20 da comissão, seja pelos amplos
resultados auferidos pela missão brasileira, que contou com a participação dos
ministros Carlos Fávaro, Simone Tebet, Márcio França, Wellington
Dias e Paulo
Teixeira, além dos presidentes da Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, e da ApexBrasil, Jorge
Viana, e da secretária-geral do Itamaraty,
embaixadora Maria Laura da Rocha.
Além de passarmos em revista as conclusões
das subcomissões, como a abertura do mercado chinês para noz-pecã, a parceria
entre o BNDES e
o Claifund e o anúncio da nova geração de satélites sino-brasileiros, o
CBERS-5, anunciamos a captação de R$ 24,6 bilhões em empréstimos para
infraestrutura, R$ 10 bilhões dos quais para a reconstrução do Rio Grande do
Sul.
Também nos reunimos com diversas empresas
chinesas e brasileiras, de setores como saúde, celulose, proteína animal,
aviação, automóveis, baterias, motores elétricos e infraestrutura,
identificando desafios e oportunidades para ampliação de seus investimentos.
Uma delas, a Sinovac, anunciou que investirá R$ 500 milhões para produzir
vacinas e desenvolver terapias celulares, em parceria com a Fiocruz.
Além disso, a ApexBrasil firmou memorando com
a Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China, para compra de US$ 500
milhões em café brasileiro e, ainda, um acordo com o governo de Xangai,
para instalação da Casa Brasil, um hub de inovação para empresários dos dois
países. O encontro da Cosban também acelerou tratativas que devem se consumar
na visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, em novembro deste ano, como a
abertura do mercado chinês para a uva brasileira e, possivelmente, o
reconhecimento adequado do status sanitário da carne brasileira.
A caminho de Pequim, cumprimos, ainda, uma
breve mas intensa agenda em Riad, na Arábia
Saudita, nosso maior parceiro no Oriente Médio. Além de celebrarmos
um acordo de defesa para o desenvolvimento de produtos, treinamentos militares
conjuntos e transferência de tecnologias, participamos da assinatura de um
memorando entre a ApexBrasil e uma grande rede de supermercados em franca
expansão na Península Arábica, para promoção de até 200 produtos no mercado
saudita.
Também participamos de um grande encontro
entre fundos de investimento dos dois países, incluindo o Fundo de Investimento
Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla inglesa), que se tornou o fundo
soberano mais ativo do mundo em 2023 e já sinalizou que investirá R$ 50 bilhões
em infraestrutura no Brasil.
Balizando-se nas diretrizes estabelecidas
pelo presidente da República e com o indispensável e valoroso apoio do
Itamaraty, a Vice-Presidência da República vem contribuindo para fortalecer a
política externa brasileira, aproveitando oportunidades externas à luz das
necessidades internas de nosso país.
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