domingo, 16 de fevereiro de 2025

Trump contra os aliados - Lourival Sant’Anna

O Estado de S. Paulo

Os EUA tendem a mergulhar em uma crise sem precedentes, arrastando o mundo

Donald Trump, J.D. Vance e Elon Musk estão presidindo um assalto às instituições, a privatização do Estado e a ideologização das políticas externa e de defesa. Os EUA tendem a mergulhar em uma crise sem precedentes, arrastando o mundo.

Trump demitiu 17 inspetores-gerais de órgãos como os Departamentos de Defesa, Estado e Interior. Eles são responsáveis pelo combate à corrupção. Oito entraram na Justiça argumentando que as demissões violam a lei, que exige justificativa para seu desligamento.

Sete procuradores federais, alguns de perfil conservador, renunciaram em protesto contra a ordem do Departamento de Justiça de arquivar as acusações de corrupção contra o prefeito de Nova York, Eric Adams. O procurador-geral adjunto interino, Emil Bove, exadvogado de Trump, deu a ordem alegando que o indiciamento poderia dificultar a cooperação de Adams com a repatriação de imigrantes.

Na Conferência de Segurança de Munique, o vice de Trump declarou que a principal ameaça não são China e Rússia, mas os valores liberais europeus. O fechamento da Usaid, promovido por Musk, favorece a China, que sempre manifestou incômodo com as denúncias de violações de direitos humanos no país, por organizações financiadas pela agência.

Musk está em constante contato com autoridades chinesas, em busca de benefícios regulatórios para os veículos da Tesla. A empresa construiu no ano passado sua segunda fábrica em Xangai, num investimento de US$ 200 milhões. A primeira “gigafábrica” de Xangai foi responsável por mais da metade das vendas globais da Tesla em 2023.

TAIWAN. Musk se reuniu naquele ano com diversas autoridades, incluindo Chen Jining, chefe do Partido Comunista, em Xangai. “Os carros que produzimos aqui são os mais eficientes em termos de produção e os de maior qualidade”, elogiou Musk. Ele também defendeu a anexação de Taiwan pela China, comparando-a com o Havaí.

O fechamento da Usaid também foi elogiado pelos governos autoritários de Rússia, Hungria, Venezuela e El Salvador, todos acusados de violações de direitos humanos por entidades apoiadas pela agência.

O juiz federal Carl Nichols suspendeu a demissão dos 2.200 funcionários da agência, por considerar que a medida fere a lei. Trump reclamou que a Justiça está a serviço dos democratas. Nichols foi nomeado por ele, em 2019. A Justiça também restringiu o acesso de representantes de Musk ao banco de dados do Tesouro, invadido em dezembro por hackers chineses.

 

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