O Estado de S. Paulo
Os EUA tendem a mergulhar em uma crise sem precedentes, arrastando o mundo
Donald Trump, J.D. Vance e Elon Musk estão
presidindo um assalto às instituições, a privatização do Estado e a
ideologização das políticas externa e de defesa. Os EUA tendem a mergulhar em
uma crise sem precedentes, arrastando o mundo.
Trump demitiu 17 inspetores-gerais de órgãos como os Departamentos de Defesa, Estado e Interior. Eles são responsáveis pelo combate à corrupção. Oito entraram na Justiça argumentando que as demissões violam a lei, que exige justificativa para seu desligamento.
Sete procuradores federais, alguns de perfil
conservador, renunciaram em protesto contra a ordem do Departamento de Justiça
de arquivar as acusações de corrupção contra o prefeito de Nova York, Eric
Adams. O procurador-geral adjunto interino, Emil Bove, exadvogado de Trump, deu
a ordem alegando que o indiciamento poderia dificultar a cooperação de Adams
com a repatriação de imigrantes.
Na Conferência de Segurança de Munique, o
vice de Trump declarou que a principal ameaça não são China e Rússia, mas os
valores liberais europeus. O fechamento da Usaid, promovido por Musk, favorece
a China, que sempre manifestou incômodo com as denúncias de violações de
direitos humanos no país, por organizações financiadas pela agência.
Musk está em constante contato com
autoridades chinesas, em busca de benefícios regulatórios para os veículos da
Tesla. A empresa construiu no ano passado sua segunda fábrica em Xangai, num
investimento de US$ 200 milhões. A primeira “gigafábrica” de Xangai foi
responsável por mais da metade das vendas globais da Tesla em 2023.
TAIWAN. Musk se reuniu naquele ano com
diversas autoridades, incluindo Chen Jining, chefe do Partido Comunista, em
Xangai. “Os carros que produzimos aqui são os mais eficientes em termos de
produção e os de maior qualidade”, elogiou Musk. Ele também defendeu a anexação
de Taiwan pela China, comparando-a com o Havaí.
O fechamento da Usaid também foi elogiado
pelos governos autoritários de Rússia, Hungria, Venezuela e El Salvador, todos
acusados de violações de direitos humanos por entidades apoiadas pela agência.
O juiz federal Carl Nichols suspendeu a
demissão dos 2.200 funcionários da agência, por considerar que a medida fere a
lei. Trump reclamou que a Justiça está a serviço dos democratas. Nichols foi
nomeado por ele, em 2019. A Justiça também restringiu o acesso de
representantes de Musk ao banco de dados do Tesouro, invadido em dezembro por
hackers chineses.
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