Folha de S. Paulo
Para vencer a próxima eleição, governo terá
de fazer mais que dourar a pílula na comunicação
A pergunta que fica diante da situação
periclitante para o presidente Luiz Inácio da Silva e o PT mostrada na
pesquisa Datafolha é
se ele conseguirá se recuperar como fez no curso do primeiro mandato em
decorrência da crise do mensalão.
A retomada do leme diante de um tombo de 11 pontos porcentuais em dois meses não é missão impossível, embora seja uma tarefa muito mais árdua do que foi em 2005.
Na ocasião, Lula enfrentou
a circunstância adversa, derrubou a tese dos adversários que optaram por
deixá-lo sangrar politicamente no lugar de pedir impeachment e se reelegeu.
Agora é tudo muito diferente. Os índices de reprovação são muito piores. Lula perdeu 22
pontos entre seus eleitores, caiu na preferência de nordestinos e dos mais
pobres. Isso no período em que o governo resolveu dar uma virada na comunicação acreditando ser este o problema.
Conforme os avisos gerais, ignorados pelo
Palácio, o xis da questão não estava na troca da embalagem. Bem como não estará
na reforma ministerial. O enrosco está nos meios e modos do terceiro mandato.
As pessoas simplesmente não estão gostando
desse presidente que volta ressentido, divisionista, negacionista dos erros,
desconectado da atualidade, ufanista de si. Ele sempre foi dado a
fanfarronices, mas agora soam mal em ambiente com economia ruim e oposição nos
cascos, ativa no enfrentamento.
O Lula que decidiu se candidatar pela
terceira vez, pondo em risco o capital conquistado na saída da segunda com 80%
de aprovação, era alguém acostumado à bajulação, com fama de invencível, um
político como nunca se havia visto neste país.
Pois eis que as pessoas se deparam na
Presidência com um homem normal, alcançado pelos idos dos anos, marcado por
danos decorrentes da supressão de liberdade por 580 dias e perdas pessoais
naquela temporada infortuna.
Ao governo interessa atribuir à pesquisa a
condição de foto do momento. Mas pode ser que os números estejam contando a
história do filme completo, cujo desfecho retrate cenário nocivo ao PT em 2026.
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