E olha que nem estamos falando de PPPs (parcerias Público-Privado) onde a iniciativa privada participa, como nas exitosas experiências do Governo Estadual da Bahia, liderado pelo PT, de um centro de diagnóstico de imagens que atende 11 hospitais públicos estaduais e envolve a empresa de aparelhos de imagem Philips e a de diagnóstico Alliança. Ou as Parcerias para Desenvolvimento Produtivo lançadas pelo Governo Federal, no 2º. mandato do Presidente Lula, envolvendo Ministério da Saúde e laboratórios privados e públicos. Estamos falando de entidades sem fins lucrativos, tais como, Santas Casas, Organizações Sociais, Serviços Sociais Autônomos ou Fundações de Apoio.
Reafirmei
enfaticamente minha convicção de que o formato gerencial flexível de hospitais
por organizações do terceiro setor é mais eficiente, tem produtividade muito
maior e oferece melhor qualidade, desde que bem contratadas, reguladas,
fiscalizadas e auditadas.
O
modelo burocrático clássico weberiano de intervenção do Estado introduz uma
rigidez inadequada para a boa gestão de estruturas hospitalares, principalmente
no tocante às carreiras que organizam os recursos humanos (jornadas de
trabalho, salários, progressão, reposição de profissionais) e ao sistema de
compras e suprimentos (lei de licitações). Lembro da dificuldade de substituir
médicos no maior hospital de urgência da América Latina, o Hospital João XXIII,
em Belo Horizonte, antes da criação da carreira médica e do incentivo de
urgência e emergência. Ainda assim, a rigidez do modelo estatal de gestão não
responde às flutuações do mercado de trabalho. E o desabastecimento face as
licitações não conseguirem sucesso?
Volta
e meia, a polêmica ressurge. Parece assunto novo. Mas, em Minas, há diversos
exemplos de sucesso que entregamos em nossa gestão: Hospital de Uberlândia
(OS), Novo Hospital Público de Pirapora (Filantrópica), Hospital e Maternidade
Therezinha de Jesus (OS), em Juiz de Fora, e o Hospital Risoleta Neves
(Fundação de Apoio da UFMG), em Venda Nova/BH
Em
São Paulo, as experiências pioneiras de gestão flexível por OSs foram lideradas
pelas irmãs da Santa Marcelina. No Ceará, desde 2002, o Instituto de Saúde e
Gestão Hospitalar se tornou referência para o Brasil. Hoje administra 6
hospitais, 6 UPAs, 100 Unidades de Atenção Primária e diversos CAPSs.
Quando
introduzimos o novo modelo de gestão no Risoleta Neves, muitos falaram que
estávamos privatizando a saúde. Fui ao Conselho Estadual de Saúde e falei: “Sou
razoavelmente experiente, medianamente inteligente e economista. Alguém pode me
esclarecer aonde está a privatização? O prédio é propriedade pública e
continuará a ser. A clientela será 100% SUS, com atendimento gratuito. Não
haverá lucro. Os equipamentos são públicos e continuarão a ser. Além de tudo
trata-se da UFMG. Onde está a privatização? ”. Nenhuma voz se levantou para
responder.
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