Folha de S. Paulo
Nos planos, um 'aterro do Flamengo' na zona
portuária e um shopping no Jardim de Alah
Eduardo Paes adora
um parque. Em 2013, ao demolir o elevado da Perimetral, valorizou o conjunto
arquitetônico da praça Quinze e possibilitou o surgimento do boulevard Olímpico
e da orla Conde. Pois agora o prefeito promete fazer na mesma região "o
parque do Flamengo do século 21", com praças flutuantes temáticas, marina
pública e mais um píer para atracação de cruzeiros.
O projeto do parque Porto Maravilha já foi apresentado ao presidente Lula e ao ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A primeira fase de obras deve estar pronta para licitação até o fim deste ano.
A prefeitura costuma trabalhar com concessões
à iniciativa privada. Em troca de preservação e manutenção, a empresa explora
os espaços públicos com publicidade e o aluguel de áreas para restaurantes e
shows. O pacote inclui o parque Monarco, cuja construção, em 2012, fez com que
o prefeito –que tenta se reeleger pela quarta vez– estabelecesse um forte
reduto eleitoral em Madureira e arredores.
De maneira desorganizada, o esquema funciona
na orla da praia, com quiosques que impedem a visão do mar e avançam pela
areia, e no próprio aterro do Flamengo, obra de Carlos Lacerda, uma das
inspirações políticas de Paes. Tombado pelo patrimônio histórico, mas cedido a
todo tipo de mafuá, o parque está castigado, sem conservação.
Com o Jardim de Alah, que divide Leblon e
Ipanema, Paes foi além. Um investimento de R$ 85 milhões prevê a transformação
do espaço tombado de 90 mil metros quadrados em gigantesco shopping a céu
aberto. A Justiça, no entanto, impediu o início das obras de
"revitalização". Uma vitória dos que estão contra o projeto. E por
motivos diversos: um grupo se opõe à construção de quadras esportivas e uma
creche para moradores da vizinha Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional
que abrigou os oriundos da Favela do Pinto.
Parece aporofobia –e é.
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