O Globo
Eremildo é um idiota e pedirá uma audiência
ao governador Tarcísio de Freitas e ao seu secretário de Segurança, o capitão
da PM Guilherme Derrite. O cretino levará aos dois a sua ideia de criação do
Sindicato dos Bandidos Autônomos do Estado de São Paulo. Seria um projeto
piloto, capaz de ser estendido a outros estados.
O Sindicato dos Bandidos Autônomos só
aceitaria a filiação de companheiros sem ligação com o crime organizado. De
saída, combateria policiais que exercem ilegalmente a profissão de
delinquentes, praticando uma flagrante concorrência desleal contra bandidos que
trabalham regularmente no estado.
A instituição firmaria convênios para troca de informações com o Ministério Público e as Corregedorias das polícias civil e militar, pois a bandidagem tem muito a oferecer.
O cretino está habituado a receber críticas
por ter ideias malucas. Ele levará a Tarcísio e Derrite fatos capazes de
demonstrar que o idiota não é ele.
Um capitão da PM lotado na Casa Militar de
Tarcísio tinha conexões com o Primeiro Comando da Capital. Pelo menos 15
policiais foram apanhados na execução e na escolta do
empresário-bandido-delator Vinicius Gritzbach. Os tiros teriam sido disparados
por três PMs e as balas haviam pertencido à corporação. Foi preso também um
delegado da Polícia Civil.
Eremildo é um idiota razoável e reconhece que
grandes corporações sempre terão maçãs podres, mas os fatos surpreenderam-no.
Na semana passada, o Ministério Público foi ao presídio da Polícia Civil, atrás
dos celulares que vinham sendo usados por dois detentos para montar
videochamadas, pressionando parceiros. Até aí seria o jogo jogado: dois
detentos conseguiram receber celulares numa prisão.
A operação do MP varreu todo o presídio e
coletou 23 telefones, 26 fones de ouvido, 11 smartwatches e 14 carregadores.
O Sindicato dos Bandidos Autônomos assumiria
o compromisso de assessorar a tropa do capitão Derrite em operações na Baixada
Santista para baixar sua taxa de letalidade.
As contas da Previ
Os companheiros da direção da Previ, o fundo
de pensão do Banco do Brasil, estão reclamando porque o Tribunal de Contas
resolveu auditar suas transações.
Essas coisas assim acontecem quando um fundo
teve R$ 14 bilhões de perdas e o governo entrou na segunda metade do mandato do
presidente.
Na primeira metade, quando tudo eram rosas, o
companheiro João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, foi uma voz poderosa na
instituição.
Itaipu Productions
A Itaipu Binacional adquiriu um estranho
gosto por eventos. Em novembro passado, torrou R$ 83,4 milhões com iniciativas
paralelas à reunião do G-20 no Rio. Agora, a repórter Andreza Matais conta que
ela abriu uma licitação para contratar, por R$ 13,5 milhões anuais, uma empresa
de eventos.
Vá lá que o seu atual presidente, o
ex-deputado federal Enio Verri (PT-PR), queira lustrar sua gestão. Contudo, o
valor do novo contrato será 187% superior ao custo anual do que esteve em
vigor. Mais: ele durará cinco anos, indo até a segunda metade do mandato do
próximo presidente da República.
Procurando qualificar os concorrentes, o
edital exigia, por exemplo, que pelo menos um evento, tivesse a presença de
chefes de Estado, ou autoridades do primeiro escalão de outros países.
Empresas do setor impugnaram o edital. Uma
cláusula que exigia experiência em montagem de estandes, painéis luminosos e
totens, foi retirada.
Continua de pé a oferta de uma viagem
espacial a quem saiba de outra hidrelétrica que patrocina eventos com esse
vigor.
Memória: o coronel da reserva e ex-deputado
Costa Cavalcanti construiu Itaipu no século passado sem eventos, e assim a
Binacional continuou por anos.
Trump ganhou uma
Donald Trump pode ter dito muita besteira nos
últimos dias. A ideia de transformar a Faixa de Gaza numa Riviera foi exemplar.
Mesmo assim, ele emplacou uma. Rosnou e o
Panamá desligou-se do projeto chinês da Nova Rota da Seda.
Fez bem o Brasil que nem entrou.
Lula 3.02
Em uma semana de exposição pública, Lula
culpou quem compra comida cara pela carestia e descosturou a tessitura
diplomática que sonhava com um astucioso silêncio diante de Donald Trump.
Chefe de Estado, subiu no palanque com a
postura de um mestre-escola. O dólar subiu porque Roberto Campos Neto saiu do
Banco Central deixando armada uma arapuca.
As próximas pesquisas medirão a eficácia
dessa velha marquetagem.
Sem choro nem vela
O PSDB agoniza e caminha para um enterro de
indigente. Não se pode dizer que fará falta porque, insepulto, perdeu qualquer
relevância.
O partido de Fernando Henrique Cardoso, a
quem se deve a restauração do valor da moeda, deu a São Paulo dois grandes
governadores, Franco Montoro e Mário Covas.
Quem hoje reclama da polarização política, na
verdade expressa uma certa saudade do PSDB. Elitistas e moderados, os tucanos
foram a oportunidade perdida de uma social-democracia brasileira.
Civilizados, geralmente comprometidos com a
moralidade pública, essa geração fugiu nos anos 80 e saiu (ou foi saída) de
cena, substituída por variantes de coisa nenhuma.
O CFM teria mais o que fazer
O Conselho Federal de Medicina foi criado em
1951 para “fiscalizar e normatizar a prática médica no Brasil”. Noves fora
algumas organizações sociais dirigidas por médicos ao estilo das milícias,
proliferam bibocas oferecendo tratamentos milagrosos e convênios municipais
para mutirões como os de catarata, que acabam cegando as vítimas. Na semana
passada, um hospital de São Paulo foi apanhado usando furadeiras de pedreiro
para perfurações ósseas em pacientes.
Um simples Conselho Federal não poderia ser
bedel de 576 mil médicos. Daí o gastar energia processando uma médica e
professora universitária por opiniões emitidas numa entrevista, vai enorme
distância.
Desde agosto do ano passado o CFM processa a
professora Ligia Bahia, da UFRJ, porque, entre outras coisas, criticou
confraternizações de hierarcas do Conselho com o presidente Jair Bolsonaro
durante a epidemia de Covid.
A relação de Bolsonaro com a medicina foi
excêntrica. A forma como ele obteve seu atestado de vacina tornou-se questão
policial e a papelada do caso está na Procuradoria-Geral da República.
Numa etapa preliminar e acessória, a
iniciativa do CFM foi barrada pelo juízo com um simples argumento:
“As manifestações da ré Lígia Bahia em sua
entrevista devem ser compreendidas como abarcadas pela liberdade de expressão e
de crítica política, ainda que contundentes. Com efeito, o que se ventilou na
mencionada entrevista também foi alvo de críticas à atuação do CFM em outros
veículos de imprensa.”
O Conselho Federal de Medicina pode não ter
percebido, mas teria mais o que fazer.
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