Folha de S. Paulo
CPI do INSS é aviso de que não haverá votação
fácil nem para a pauta econômica
Menos de 15 dias após o motim
bolsonarista no Congresso
Nacional, a derrota do governo e a traição aos
presidentes da Câmara e do Senado na escolha de
oposicionistas para comandar a CPI do INSS aponta um segundo semestre
de grande instabilidade política na véspera de ano eleitoral.
Brasília ferve com a articulação na CPI, que
representa também um aviso de que não haverá maioria fácil para as votações.
Às voltas com o problema do tarifaço de Donald Trump, o governo Lula achou que a CPI estava dominada e agora terá que lidar com a pressão da oposição nessa frente de desgaste no momento em que buscava retomar as votações e enviar dois projetos para regular as big techs.
A parca pauta de votação de projetos
econômicos pode ser prejudicada, mas até o centrão sabe que o Brasil não
precisa de mais caos. Celebrar derrotas na economia nunca é bom negócio e pode
acabar isolando mais os bolsonaristas. O governo precisa com urgência aprovar o
projeto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para garantir a
liberação dos R$ 30 bilhões de crédito às empresas afetadas pela sobretaxa.
Sem essa votação, os empréstimos não podem
sair, como deixou claro o secretário Uallace Moreira, da equipe do
vice-presidente Geraldo
Alckmin. Esse é o Brasil real que não deveria ser prejudicado pela
confusão armada no Congresso.
A movimentação na CPI do INSS retirou
também da pauta de votação a PEC dos Precatórios no Senado, que ajuda as
finanças do governo no ano que vem.
Por enquanto, não há perspectiva de votação
do projeto de aumento da isenção do IR para R$ 5.000 em contrapartida ao
imposto mínimo dos milionários. A MP 1.303, que trata de medidas para compensar
o recuo no alcance da alta do IOF, será desidratada, segundo lideranças.
Hugo Motta,
que não tem interesse nas investigações da CPI e pretendia retomar as votações,
mostrou mais fraqueza na Câmara. A dúvida é quanto o governo consegue liberar
de emenda até o fim do ano para avançar com a votação dos projetos.
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