quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Brasília ferve a 40 graus, por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

CPI do INSS é aviso de que não haverá votação fácil nem para a pauta econômica

Menos de 15 dias após o motim bolsonarista no Congresso Nacional, a derrota do governo e a traição aos presidentes da Câmara e do Senado na escolha de oposicionistas para comandar a CPI do INSS aponta um segundo semestre de grande instabilidade política na véspera de ano eleitoral.

Brasília ferve com a articulação na CPI, que representa também um aviso de que não haverá maioria fácil para as votações.

Às voltas com o problema do tarifaço de Donald Trump, o governo Lula achou que a CPI estava dominada e agora terá que lidar com a pressão da oposição nessa frente de desgaste no momento em que buscava retomar as votações e enviar dois projetos para regular as big techs.

A parca pauta de votação de projetos econômicos pode ser prejudicada, mas até o centrão sabe que o Brasil não precisa de mais caos. Celebrar derrotas na economia nunca é bom negócio e pode acabar isolando mais os bolsonaristas. O governo precisa com urgência aprovar o projeto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para garantir a liberação dos R$ 30 bilhões de crédito às empresas afetadas pela sobretaxa.

Sem essa votação, os empréstimos não podem sair, como deixou claro o secretário Uallace Moreira, da equipe do vice-presidente Geraldo Alckmin. Esse é o Brasil real que não deveria ser prejudicado pela confusão armada no Congresso.

A movimentação na CPI do INSS retirou também da pauta de votação a PEC dos Precatórios no Senado, que ajuda as finanças do governo no ano que vem.

Por enquanto, não há perspectiva de votação do projeto de aumento da isenção do IR para R$ 5.000 em contrapartida ao imposto mínimo dos milionários. A MP 1.303, que trata de medidas para compensar o recuo no alcance da alta do IOF, será desidratada, segundo lideranças.

Hugo Motta, que não tem interesse nas investigações da CPI e pretendia retomar as votações, mostrou mais fraqueza na Câmara. A dúvida é quanto o governo consegue liberar de emenda até o fim do ano para avançar com a votação dos projetos.

 

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