The
Economist / O Estado de S. Paulo
O livro mais importante da era Donald
Trump não foi Medo, de Bob
Woodward, nem Fogo e Fúria, de Michael Wolff, nem
qualquer um dos outros best-sellers que expuseram o circo da Casa Branca.
Indiscutivelmente, o livro mais importante da era Trump foi a obra instigante
de dois cientistas políticos de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt,
publicada um ano após a ascensão de Trump à
presidência e intitulada Como as democracias morrem.
Depois de muitos anos pesquisando derrapagens democráticas no Leste Europeu e na América Latina, a dupla admitiu ter ficado surpresa ao voltar os olhos para seu próprio país: “Sentimos pavor (...) bem agora que estamos tentando nos tranquilizar, dizendo que as coisas não podem ser tão ruins assim por aqui”. A invasão do edifício do Capitólio em 6 de janeiro por milhares de seguidores de Trump brandindo tacos de beisebol e a bandeira dos confederadas mostrou que as coisas estão bem ruins, sim.
Convocados a Washington pelo presidente derrotado para protestar
contra a sessão parlamentar que iria confirmar os resultados do colégio
eleitoral, eles ocuparam o prédio por mais de quatro horas, obrigaram o
vice-presidente Mike Pence e outros congressistas a fugir em busca de segurança
e vandalizaram o escritório da presidente da Câmara dos Representantes.
Quatro pessoas morreram durante a violência, entre elas uma mulher baleada pela polícia. Jornalistas foram acossados e suas câmeras foram destruídas por delinquentes adeptos do Make America Great Again (MAGA) vestidos em trajes de camuflagem. Enquanto isso, Trump tuitava seu “amor” pelos insurgentes. “Pessoas muito especiais”, ele os chamou em um vídeo gravado na Casa Branca. Suas contas no Twitter e no Facebook foram suspensas pouco depois. Bombas caseiras foram encontradas perto das sedes dos partidos Republicano e Democrata.
Pode-se argumentar que a sessão do Senado interrompida pelos
insurgentes seria ainda mais preocupante. Mais de dois terços dos membros
republicanos da Câmara dos Representantes e mais de um quarto dos senadores
republicanos estavam prestes a votar para magicamente reverter a derrota de
Trump em vitória, rejeitando os votos do colégio eleitoral de um punhado de
estados nos quais ele perdera.
Aos 41 anos de idade, formado pela Universidade de Stanford e pela
Escola de Direito de Yale, Hawley retocou sua própria imagem para se tornar um
flagelo das elites sob o comando de Trump e, na quarta-feira, foi fotografado
com o punho em riste diante da multidão MAGA pouco antes de os insurgentes
romperem as barricadas.
A grande maioria dos eleitores republicanos que afirmam acreditar
que Trump ganhou a reeleição em novembro não está respondendo a preocupações
racionais. Se estivessem, deveriam ter se tranquilizado diante do número
recorde de decisões judiciais, verificações de segurança e recontagens gerado
pelos dois meses de esforços de Trump para reverter os resultados.
As sessenta e tantas contestações de sua equipe jurídica foram
objeto de escárnio geral, até mesmo na Suprema Corte dos Estados Unidos. A
equipe de segurança eleitoral de seu governo julgou que a votação foi “a mais
segura da história americana”.
O Departamento de Justiça e seu ex-diretor, Bill Barr, até pouco
tempo atrás leal a Trump, concluíram que não houve fraude significativa. Ainda
assim, a crença de que Trump foi roubado se recrudesceu entre o eleitorado
republicano. Uma pesquisa do YouGov encomendada pela Economist nesta semana
apontou que 64% queriam que o Congresso revogasse o resultado da eleição em
favor de Trump.
Para ilustrar a profundidade dessa ilusão, veja o sentimento entre
os republicanos do Wisconsin, estado em que Biden venceu por 20.608 votos. Os
advogados do presidente entraram com seis contestações judiciais ao resultado,
até mesmo junto à Suprema Corte dos Estados Unidos. Eles também instigaram uma
recontagem nos condados mais populosos do estado, Milwaukee e Dane, o que
adicionou 87 votos à soma de Biden.
O senador republicano do Wisconsin, Ron Johnson, realizou uma
investigação no comitê do Senado sobre as alegações de Trump; e posteriormente
disse à Economist que não via razão para questionar os resultados em seu estado
natal. No entanto, Terry Dittrich, presidente do Partido Republicano do Condado
de Waukesha, o maior de Wisconsin, afirma que Trump venceu, que a eleição foi
repleta de fraudes e que não conhece nenhum republicano que pense o contrário.
Ele também mencionou o simples fato de Biden ter apresentado um
desempenho digno de nota no frondoso condado de Waukesha, nos arredores de
Milwaukee, exatamente como o democrata de fato teve nos ricos subúrbios brancos
de todo o país. “Não tem absolutamente nenhuma possibilidade de Biden ter
superado Barack Obama no condado de Waukesha pelos números que eles estão
divulgando”, disse Dittrich. “Não vamos desistir disso. Não somos um bando de
bebês chorões, nem de perdedores ressentidos. Somos cidadãos cumpridores da lei
que só querem uma eleição limpa”.
William F. Buckley Junior, um dos arquitetos do movimento
conservador moderno, chamou o conservadorismo de “política da realidade”. Agora
parece justamente o contrário. A maioria dos eleitores republicanos aceitou a
afirmação de Trump de que os democratas não podem ganhar legitimamente e de que
a falta de provas de suas tramoias é prova de que houve alguma ocultação.
“É difícil imaginar um ato mais antidemocrático e
anticonservador”, foi o veredito do sempre reticente Paul Ryan, ex-líder
republicano na Câmara, sobre a decisão de tantos congressistas republicanos de
apoiar essa ficção.
A votação final do Congresso, realizada depois que os insurgentes
foram expulsos do Capitólio e que seus corredores foram vasculhados em busca de
explosivos, certificou os resultados do colégio eleitoral, com objeções de 130
deputados republicanos e meia dúzia de senadores.
De sua parte, Ziblatt disse que vê essa manobra como um “ensaio
geral” para um esforço republicano mais sério de derrubar alguma eleição,
possibilidade que ele agora considera provável.
Há razões para esperar que essa previsão acabe se provando
pessimista demais. Os republicanos que votaram para anular os resultados o
fizeram de maneira imprudente e cínica, mas sabendo que não teriam sucesso. As
autoridades republicanas que realmente poderiam ter mudado o resultado da
eleição seguiram a Constituição.
Entre elas se encontra o secretário de Estado da Geórgia, Brad
Raffensperger, objeto de uma campanha de intimidação e abuso por parte do
presidente e seus comparsas. Esta semana, Raffensperger divulgou uma gravação
na qual o presidente tentava convencê-lo a “encontrar 11.780 votos”, pouco
antes do segundo turno das eleições para o Senado da Geórgia, em 5 de janeiro.
Os ataques de Trump contra Raffensperger e outras autoridades
georgianas parecem não ter surtido nenhum efeito positivo para seu partido. Os
candidatos democratas, Raphael Warnock e Jon Ossoff, venceram as duas disputas,
dando a seu partido as primeiras cadeiras do estado no Senado em 20 anos, o
controle do Senado e um governo unificado.
O senador Tom Cotton, do Arkansas, antigo defensor de Trump, disse
que “já era hora” de ele “parar de enganar o povo americano”. Liz Cheney, a
terceira na hierarquia republicana da Câmara, disse que “não há dúvidas” de que
Trump “incitou a multidão”. Até mesmo alguns trumpistas mais ferrenhos se
juntaram ao coro. Uma declaração notável feita pela Associação Nacional de
Fabricantes, até então pró-Trump, pediu a Pence que considerasse invocar a 25ª
Emenda para remover o presidente do cargo.
Ainda está longe de ser um repúdio generalizado a Trump por parte
do establishment republicano. E, sem esse repúdio, é difícil imaginar que o
presidente abrirá mão de sua força dentro do partido, o que daria a este a
oportunidade de voltar a se comprometer com as normas democráticas.
No entanto, esse repúdio agora parece mais imaginável. As líderes
de torcida do presidente na mídia conservadora, todas obcecadas por lei e
ordem, talvez achem difícil ignorar as imagens do Capitólio invadido por
delinquentes MAGA. Talvez tenham dificuldade até de atribuir a culpa à esquerda
democrática (embora algumas já tenham tentado).
O americano médio, ainda que sob intensa polarização, não gosta de
violência de turbas e preza pelos símbolos de sua democracia. Um comentarista
lembrou a mudança no apoio da população aos republicanos em 1995, depois que
Timothy McVeigh, integrante do tipo de milícia que diz amar a liberdade até
então defendida pela direita, explodiu um prédio federal em Oklahoma, matando
168 pessoas. O paralelo é inexato, mas indica até que ponto Trump e suas tropas
de choque parecem ter ultrapassado os limites.
Antes mesmo dos eventos desta semana, entre a maioria dos
republicanos mais experientes parecia muito forte a convicção de que Trump
manteria sua preeminência sobre o partido - um caso de síndrome de Estocolmo,
talvez. “A base acha que Trump é um mártir”, disse um senador republicano.
“Pelos próximos dois anos, talvez quatro, ele vai conseguir ferrar todo mundo
nas primárias, sem levantar um dedo”. Isto pode se revelar correto.
Ainda assim, os eleitores querem um vencedor, e é por isso que
Grover Cleveland foi o único presidente com mandato único a ter sido reeleito
para o cargo, em 1892. E, depois que Trump deixar a Casa Branca e desaparecer
da vista diária, mais e mais republicanos talvez comecem a enxergar aquilo que
o mito da eleição roubada pretende ocultar: sua fraqueza eleitoral.
Os proponentes do mito citam os muitos novos eleitores que ele
atraiu em novembro para explicar por que Trump não poderia ter perdido. Mas
para tanto seria necessário fechar os olhos (como faz Dittrich) para o fato de
que Biden atraiu muito mais gente. Em uma eleição que teve comparecimento
recorde para ambos os partidos, o democrata ganhou os 6 milhões de eleitores
que já haviam votado em algum candidato de outro partido por uma proporção de 2
para 1. E conquistou eleitores de primeira viagem pela mesma proporção.
Trump também impulsionou a maioria dos candidatos republicanos ao
Congresso. Seu partido teve um ganho líquido de dez cadeiras na Câmara e quase
manteve a maioria no Senado, mesmo que ele tenha perdido a disputa presidencial
por uma margem considerável. Isto sugere que os republicanos podem ter um belo
futuro pós-Trump.
Apesar de suas derrotas esta semana na Geórgia - estado cujo
eleitorado jovem e plural há muito tem apresentado tendências democratas - a
marca republicana não foi muito prejudicada pelos anos Trump. O partido também
tem uma grande vantagem na toxicidade contra a esquerda democrática, sobre a
qual seus candidatos falaram incessantemente durante a campanha, o que parece
ter sido especialmente eficaz na conquista dos latinos.
Carlos Curbelo, ex-congressista do sul da Flórida, onde novos
apoiadores latinos ajudaram o partido a ganhar duas cadeiras na Câmara,
descreve esse avanço como “um grande processo, a coisa pela qual os
republicanos estão mais animados”. Ele o considera um indicador do futuro ideal
para o partido: uma coalizão multiétnica dedicada a fornecer soluções de
mercado para os grandes problemas - como, por exemplo, a mudança climática -
que a esquerda tende a lançar sobre os ombros do governo.
Estas são conjecturas razoáveis. Sublinham o fato de que a
trajetória futura do partido ainda não está definida. Ninguém previu Trump em
2012. E o efeito perturbador de seu desprezo pelas verdades conservadoras
provavelmente aumentou as possibilidades ideológicas da direita. A maioria de
seus 16 oponentes nas primárias de 2016 repetia os mesmos slogans do
reaganismo.
Uma disputa equivalente hoje poderia apresentar o conservadorismo
pragmático do governador de Maryland, Larry Hogan, a sinofobia febril de Cotton
e o populismo governamental do senador Marco Rubio, todos os quais, até certo
ponto, foram moldados ou promovidos em resposta a Trump. Mas esse futuro
pós-Trump mais feliz para o partido do presidente até agora é só uma
possibilidade teórica.
A realidade do populismo de Trump não é o pensamento conservador
heterodoxo - que produziu poucas políticas dignas de menção nos últimos quatro
anos -, mas as fúrias dos populares que irromperam no Capitólio esta semana. E
reprimi-los não será fácil, mesmo se Trump for embora. Na verdade, eles são
anteriores ao presidente.
Movimentos populistas de base vêm emergindo na direita ao longo
das décadas, por razões diferentes, mas com o compromisso característico de
purgar o establishment conservador e a tendência de cair na paranoia e nas
teorias da conspiração. A Ameaça Vermelha de Joseph McCarthy na década de 1950
deu lugar ao movimento de Barry Goldwater na década de 1960, ao reaganismo mais
apresentável na década de 1970 e aos seguidores de Gingrich na década de 1990.
O padrão normal, observa o historiador da política Geoffrey
Kabaservice, era que os insurgentes se levantavam, conquistavam o poder e então
se acomodavam ao governo. Com isso, eles se tornavam o novo establishment e,
por sua vez, eram também desafiados e derrotados. Mas, na última década, à
medida que a insegurança econômica se cruzou com a polarização política e a
aceleração da mudança cultural e demográfica, as ondas insurgentes de direita
ficaram mais frequentes e mais radicais.
O Tea Party, que estourou no ano de 2010 em resposta a uma
economia difícil e a Barack Obama, levou 87 conservadores radicais ao
Congresso. Mas, uma vez ali dentro, eles não demonstraram nenhum interesse em
se acomodar. Ao contrário, propagaram a conspiração racista quanto ao local de
nascimento de Obama.
Atacaram o bipartidarismo, o governo em geral e até mesmo seus
líderes partidários (expulsando o ex-presidente da Câmara, John Boehner, antigo
seguidor de Gingrich). A paralisação do governo em 2013 e a campanha para
“revogar e substituir” o Obamacare por absolutamente nada tiveram suas
assinaturas.
Em vez de serem derrotados, eles se transformaram na multidão MAGA
que desde então disseminou versões mais radicais de si mesma, como os
ultra-trumpistas do QAnon, movimento comprometido com a missão de farejar círculos
de pedófilos socialistas em Washington. “Desapareceu aquele velho padrão de
avanço, consolidação, acomodação e renovação do conservadorismo”, escreve
Kabaservice. “Em seu lugar se colocou uma coisa que parece #MAGAparaSempre”.
Esse processo também pode ser visto de perto em Wisconsin, onde a
onda do Tea Party ajudou a levar ao poder, pelas mãos de Scott Walker, aquilo
que a princípio parecia um novo e ousado experimento de governo conservador. No
entanto, a base republicana do estado, incitada pela mídia conservadora, acabou
se mostrando menos movida pelo sistema de vouchers escolares de Walker do que
por uma hostilidade racial contra o outro lado.
Em um estado-pêndulo, até então conhecido por uma espécie de
cortesia bipartidária, uma extrema manipulação dos distritos eleitorais
perpetrada pelos republicanos em 2011 deu ao partido uma supermaioria na
legislatura estadual. Isto desobrigou os republicanos do Wisconsin de falar aos
eleitores indecisos, a tradicional força de moderação.
Eles aprovaram medidas de identificação de eleitores que
diminuíram a participação de não brancos na diversa Milwaukee, ajudando Trump a
ganhar o estado em 2016. Quando Walker e o procurador-geral do estado perderam
as eleições em 2018, a legislatura aprovou leis para retirar os poderes de seus
cargos antes que seus substitutos democratas pudessem assumir. Este foi um
estudo de caso sobre o abandono dos republicanos de duas normas que Levitsky e
Ziblatt consideram essenciais para uma democracia segura: tolerância e respeito
mútuo.
Enquanto isso, a base republicana estava ficando mais radical. Os
republicanos de Waukesha, até então um baluarte do reaganismo rico, foram
transformados por um influxo de superfãs de Trump. Muitos são brancos da classe
trabalhadora, sem nenhum vínculo anterior com o partido, que acham que Trump
está em guerra contra o establishment corrupto de Washington.
Dittrich diz que esses eleitores agora respondem por 70% de seus
membros. “Eles não reclamam de serem chamados de republicanos porque apoiam o
presidente Trump”, diz ele. “Mas, se sentirem que o partido não está apoiando o
presidente Trump, eles provavelmente não serão tão leais quanto os republicanos
foram no passado”. Em setembro, a mãe de Kyle Rittenhouse - miliciano de 17
anos acusado de matar duas pessoas durante um protesto Black Lives Matter em
Kenosha, Wisconsin, no mês anterior - participou de um jantar da organização
Mulheres Republicanas do Condado de Waukesha. Ela foi ovacionada de pé.
Isto ilustra por que os eleitores republicanos podem, de fato,
continuar excepcionalmente fiéis ao seu líder derrotado - e como será difícil
trazê-los de volta à moderação, mesmo que não o façam.
Eles são uma nova base, dominada por homens brancos da classe
trabalhadora que ouvem a raiva do presidente contra os establishments liberal e
conservador como uma expressão de suas próprias frustrações em um país sob
rápida mudança. Eles fazem o Tea Party parecer construtivo.
Trump introduziu na corrente conservadora dominante uma política
de emoção e oposição estúpida, tão distante do comunismo quanto da filosofia de
governo do reaganismo. “Se Reagan estivesse por aqui hoje, seria muito difícil
convencer o Partido Republicano de que ele era um conservador ferrenho”, admite
Dittrich sobre seu antigo herói. Por sua vez, o simpático presidente do partido
afirma ter “ficado um pouco mais conservador”, uma evolução que ele acha
difícil de explicar, embora a contraste com seu antigo entusiasmo pelo
bipartidarismo.
É bem difícil imaginar a direita voltando deste estado fanático
para o reaganismo moderado de Hogan, governador de Maryland. A ideia de Rubio -
que é essencialmente manter os eleitores da classe trabalhadora a bordo de
políticas econômicas populistas e, ao mesmo tempo, baixar o volume da mensagem
cultural o suficiente para atrair de volta alguns suburbanos - pode ser mais
promissora.
Ainda não se sabe se as políticas mais sérias desse populismo
industrial diferem muito das da centro-esquerda, só despojadas de suas
preocupações ambientais. Elas também não geraram quase nenhum entusiasmo entre
o establishment pró-negócios do partido. Mas existe aí uma lógica política
convincente. E está claro que quase qualquer trajetória que possa levar o
Partido Republicano de volta ao governo, até mesmo o ressentimento cultural,
deve ser bem-vinda.
McConnell e sua facção republicana deveriam ver a iminente
possibilidade de cooperação com o governo Biden como uma oportunidade para este
fim.
O presidente eleito é um veterano negociador do Senado, disposto a
governar a partir do centro. E a estreita maioria democrata no Senado não dará
ao seu partido outra opção a não ser tentar fazer exatamente isto.
O senso comum diz que McConnell, veterano da oposição desleal, não
vai querer participar desse processo - assim como ele obstruiu o governo Obama.
Mas, em retrospecto, talvez ele calcule que essa estratégia não funcionou muito
bem para seu partido.
Essa dinâmica empurrou Obama para a esquerda e ajudou a alimentar
a crescente fúria partidária da direita. O que, por sua vez, acabou gerando o
Tea Party, Trump e a vergonhosa guinada antidemocrática entre os republicanos
do Senado - à qual, é preciso reconhecer, McConnell se opôs firmemente.
É de se imaginar que ele e seus colegas republicanos machucados por Trump não queiram passar por tudo isso mais uma vez. Trabalhar com Biden para consertar alguns dos problemas mais graves do país seria um sinal de que eles de fato não querem. / Tradução de Renato Prelorenzto
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