Carlos Pereira lembra que tanto os EUA como o Brasil possuem “um leque muito sofisticado e descentralizado dessas instituições democráticas”, como Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas, Controladorias, Polícia Federal, que garantem o equilíbrio de poderes. “Além do mais, dispõem de uma mídia diversa e extremamente vigilante contra qualquer desvio do populista de plantão. As sociedades brasileira e americana também são muito sofisticadas, ativas e atentas com relação ao comportamento de seus governantes”.
Para Pereira, as análises partem do pressuposto de que estas organizações de controle, e a própria sociedade, seriam vítimas indefesas da atuação oportunista e golpista de governos populistas extremos. “Bastaria apenas capturar os militares para que a democracia sucumbisse”.
Mas
ele destaca que o ocorrido nos EUA sugere que Trump não foi capaz de capturar
os militares “porque os EUA dispõem de uma sociedade atenta e de organizações
de controle fortes e independentes. O que vimos foi o completo isolamento do
presidente americano, não apenas entre os militares”.
Traçando
um paralelo para o caso brasileiro, Carlos Pereira pondera que “se o ocorrido
com os EUA puder servir de roteiro para Bolsonaro construir uma potencial
narrativa golpista, especialmente em caso de derrota eleitoral em 2022”, o
mesmo pode ser argumentado em relação ao aprendizado institucional da sociedade
e de suas organizações de controle, “que certamente estarão ainda mais atentas
e alertas contra potenciais atitudes extremadas do Presidente”.
Populistas
extremados, como Trump e Bolsonsaro, sempre andam no “fio da navalha”, pois
precisam servir a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo, analisa Carlos Pereira,
advertindo que “nem sempre é possível dar respostas adequadas que contemplem a
essas duas demandas contraditórias”.
O
cientista politico da FGV ressalta que, com muita frequência, populistas
extremos cometem erros. “O Trump, certamente, cometeu o maior erro da sua
administração e vai pagar um preço reputacional, político e talvez judicial
incalculável”.
O
advogado Marcelo Cerqueira, defensor de presos políticos e negociador do
processo de abertura que desaguou na anistia e democratização do país, acha que
é preciso “colocar as questões em seus termos”. Com a experiência vivida, ele
está certo de que não haverá uma ruptura militar”.
A
preparação do Golpe 64 levou em conta algum enfrentamento militar, na suposição
propalada de que Jango tinha apoio”, que não é o caso de hoje. E nem os
"golpistas" teriam como cooptar militar acatado como General Castelo
Branco.
“Golpe para manter um militar tosco de patente inferior como Bolsonaro não é provável. Manipular com lamentável ignorância o Artigo 142 como uma supremacia militar em qualquer ocasião é de uma estupidez sem nome”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário