Nós,
brasileiros, sabemos que é uma boa ideia
Enquanto
não entregar as chaves da Casa Branca no próximo dia 20, Donald Trump,
ex-presidente dos Estados Unidos em exercício, continua na posse de seus
poderes. E isso é o que muitos temem. Trump é hoje um perdedor ainda com o dedo
no gatilho. Se quiser jogar uma bomba no Irã, dispõe dos códigos necessários. A
esperança é que esteja tão deprimido que não reúna forças nem para se olhar ao
espelho. Pois, se for o caso, Trump teria uma saída capaz de fazer dele um
herói, um mártir, um ícone eterno para seus seguidores idiotizados. Matar-se.
Nós, brasileiros, sabemos que é uma boa ideia. Ao suicidar-se, em 1954, Getulio Vargas zerou sua antiga imagem de torturador e sanguinário, simpático ao fascismo, e se eternizou como o velhinho bonachão e progressista vítima do capitalismo internacional assassino. Getulio soube fazer --escreveu uma carta-testamento com a frase "Deixo a vida para entrar na história" e deu um tiro no coração. Infalível para produzir milhões de viúvas.
Mas
o tiro precisa ser no coração, não na cabeça. Este só faz uma lambança, com
sangue, miolos e cacos de osso para todo lado. Já o tiro no peito é clean.
Mantém o rosto intacto, apto a servir de modelo para uma máscara mortuária e
futuros bustos e estátuas, indispensáveis à lenda. Para Trump, teria também a
vantagem de não lhe desfazer o penteado.
No
Brasil, Jair Bolsonaro, seu último aliado no mundo, repete como um papagaio que
Trump foi roubado nas eleições e já começou a anunciar que, em 2022, o mesmo
acontecerá aqui. O falso alarme de Bolsonaro é preventivo --visa justificar sua
possível derrota.
Pois
sua prevenção poderia ser ainda mais radical. Se Trump optar pelo suicídio,
Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por
que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum
minuto sem Bolsonaro será cedo demais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário