O Estado de S. Paulo
Nem tudo o que é bom para os EUA é bom para o Brasil, mas a Justiça é fundamental lá e cá
Na semana em que o Supremo vai julgar se põe
ou não no banco dos réus um ex-presidente da República e oficiais de quatro
estrelas por tentativa de golpe, é importante refletir sobre “coincidências”
entre fatos e movimentos no Brasil e nos Estados Unidos. Lá, como cá, a Justiça
lidera a resistência e a defesa do estado democrático de direito e é o alvo
principal dos ataques dos tiranos.
Ao voltar ao poder, Donald Trump ultrapassa todos os limites de legalidade e civilidade ao dar acesso a Elon Musk, o sulafricano que se tornou o homem mais rico do mundo e é eminência parda do seu governo, a informações sigilosas sensíveis do Pentágono sobre uma hipotética guerra com a China.
Caracteriza óbvio conflito de interesses, já
que Musk tem negócios estratosféricos com a China, mas principalmente um risco
à segurança nacional da maior potência nuclear e ao próprio planeta. Tão
absurdo que Trump foi obrigado a vir a público negar. Mas… quem anunciou o
acesso foi o próprio Musk, que efetivamente foi ao Pentágono. Passear?
Com a sociedade e as Forças Armadas
divididas, como no Brasil, o Judiciário assume a linha de frente, derruba
decisões ilegais e ilegítimas e põe Trump no seu devido lugar. Ele não foi
eleito para ser tirano e imperador do mundo, com poderes para implodir a
democracia, direitos humanos, comércio e economia internacional.
No Brasil, o STF conteve a apologia de rua e
de internet das ditaduras, conduziu investigações sobre planos reais de golpe
de Estado articulados no Planalto, Ministério da Justiça, órgãos de
inteligência e forças policiais e militares. E tem sido implacável com os
criminosos do 8/1, como tende a ser com os líderes do golpe.
Nos EUA, também é a Justiça que vai barrando
audácias como negar cidadania a nascidos em solo americano, desmontar a
estrutura administrativa, acabar com a ajuda humanitária da maior potência no
mundo. Vai se preparando para intervir em favor da democracia.
Por isso, como o Supremo e o ministro
Alexandre de Moraes são o alvo número 1 do bolsonarismo nas redes e conchavos,
a Suprema Corte dos EUA e seu presidente estão na mira do trumpismo e
diretamente de Musk, capaz de brindar com US$ 100 quem assinar uma ação popular
contra “juízes ativistas”, leia-se legalistas.
Lá, como cá, há empenho para inverter a
realidade e acusar a Justiça de antidemocrática, golpista, antinacionalista e
esquerdista. Seria cômico, não fosse trágico. Que o STF julgue Bolsonaro e seus
asseclas com base nas provas e evidências e deixe um exemplo para a história,
os EUA e o mundo de como punir e barrar novas tentativas de golpe.
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