• Parlamentares do DEM e do PSDB acusam presidente de obstruir a Justiça e dizem que governo terminou
Eduardo Bresciani, Cristiane Jungblut, Isabel Braga, Letícia Fernandes - O Globo
- BRASÍLIA- A oposição cobrou a renúncia da presidente Dilma Rousseff após a divulgação do grampo telefônico da conversa dela com o ex- presidente Lula sobre a nomeação para o ministério da Casa Civil. Quando a gravação foi divulgada, Câmara e Senado realizavam sessões. Os deputados favoráveis ao impeachment de Dilma começaram a gritar “renúncia”. Governistas cantavam “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Oposicionistas puxaram gritos de “ladrão”. A sessão foi encerrada. No Senado, o líder do DEM, Ronaldo Caiado ( GO), levou o tema aos microfones e após alguns pronunciamentos o presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), fez críticas ao juiz Sérgio Moro e também deu por encerrado os trabalhos.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que todos os limites foram ultrapassados. “É a falência definitiva de um governo que ultrapassou todos os limites éticos e morais para defender os seus aliados. A presidente Dilma não tem mais condições de governar o Brasil”, disse o senador, por meio de nota.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), defendeu a renúncia da presidente e afirmou que a frase de Dilma na gravação de que Lula só deveria usar o termo de posse “em caso de necessidade” deixa clara a intenção de evitar a prisão do aliado.
— A necessidade dele só existe se for para mostrar que não está mais sob a jurisdição do juiz Sérgio Moro. Ela tem que renunciar — afirmou Caiado.
— O diálogo revela ação para obstruir a ação. Não há mais saída. Se ela renunciou tacitamente ao seu mandato ao nomear Lula como chefe da Casa Civil, que ela o faça de fato. Não há mais saída, é o fim de tudo — disse Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado.
O deputado Nilson Leitão (MT), vice-líder do PSDB na Câmara, criticou os parlamentares governistas, que questionam o fato de a PF ter liberado os áudios:
— A casa caiu, é obstrução à Justiça, ela cometeu o mesmo crime que o Delcídio Amaral. E eles querem culpar o vazamento da PF, e não a gravidade do fato — criticou o tucano.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes fez ataques à nomeação de Lula durante o julgamento de embargos de declaração sobre o rito do impeachment, ainda antes da gravação vir a público.
— Dilma busca um tutor que tem problemas criminais – disse o ministro.
A oposição anunciou ao longo do dia várias ações judiciais questionando a nomeação. O senador Alvaro Dias foi um dos que protocolou ação civil pública nesta direção.
— O objetivo explícito é transferir o foro de uma instância primeira para o Supremo Tribunal Federal. É fugir da caneta do Sérgio Moro — disse Dias.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), descreveu a nomeação de Lula como “um tapa na cara da sociedade” e que a posse seria uma “confissão de culpa” que tornaria Dilma sua cúmplice:
— A partir de hoje temos uma ex-presidente ocupando o mais alto cargo da República. O capítulo final dessa história será o seu impeachment.
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